"O Vínculo acontece"

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Lembrando-me das lições do "Manual de responsabilidade sexual do Reino Sayajin", podia recapitular o que era dito sobre o vínculo entre dois sayajins:

"O vínculo não é uma coisa que se deseja, simplesmente, acontece ou não. Um casal pode acreditar que vai se vincular e a ligação simplesmente não acontecer quando ocorrer o ritual..., portanto, é preciso ter muita certeza ao propor vínculo a um parceiro, porque o ritual não deve ser repetido"

Supostamente, o vínculo tornava os sayajins que o faziam tão próximos que eles seriam capazes de compartilhar pensamentos e sentimentos, mesmo distantes. Era derivado de uma técnica de meditação profunda, e usado por casais guerreiros nos nossos tempos de selvagens. Não era um ritual público, não era algo que se fazia com qualquer um, nem era recomendado fazer mais do que uma vez na vida. Por isso eram raros casais, mesmo que vivessem juntos, que fossem vinculados. Porque era um pacto de fidelidade profunda, e sayajins não são naturalmente monogâmicos.

No mesmo manual, havia um firme desaconselhamento a casais jovens que quisessem vincular-se. Meus pais haviam se vinculado após os 30 anos. Vovô Kakarotto provavelmente se vinculara muito jovem e, depois que a guerreira que ele se vinculara morrera no espaço, nunca mais teve nenhum relacionamento profundo e nunca quis procriar (embora relatos digam que ele fazia bastante sucesso com mulheres até perto dos 70 anos).

E ali estávamos eu e Bardock, deitados na minha cama, aos 18 anos, fazendo planos para uma vida inteira juntos. E ninguém nos demoveria disso, eu tinha certeza. A noite ia caindo e continuávamos rindo juntos, enquanto conversávamos mais sobre nossas vidas quando meu rastreador apitou pela sétima vez desde que havíamos chegado.

- Não vai atender? – ele perguntou.

- Hum. Vou. Pode ser meu irmão dizendo como acabou aquela inspeção que eu não pude terminar.

Estiquei o braço e peguei o rastreador. Quando o encaixei no olho esquerdo eu ri e atendi a ligação, pondo em viva voz.

- Oi, Ben! – eu disse, e Bardock riu também – como você está?

- Como eu estou? Como eu estou? Eu estou ardendo de curiosidade de por que o Bardockão me ligou, não uma, mas DUAS vezes atrás de você, senhorita. E na segunda perguntou onde você morava porque você não atendia o rastreador! Que história é essa?

Eu mordi os lábios para não rir e Bardock foi quem respondeu:

- Eu já a encontrei, obrigado pela ajuda, Ben.

Pela primeira vez desde que eu o conhecera, aos dez anos, Ben não tinha nenhuma tirada espirituosa ou dito malicioso para responder. Diante do mutismo dele, eu avisei:

- Estamos aqui na minha casa, como você pode ver pelo localizador.

- AI MEU DEUS, GENTE, ELES ESTÃO NA CAMA! – eu ouvi Ben gritar e percebi que ele só podia estar com as meninas em conferência em outra linha, e ri de gargalhar, antes de responder:

- Então já sabe que não queremos ser interrompidos!

Eu desliguei e tirei o rastreador e nós dois ficamos rindo juntos, depois que eu disse:

- Eles vão ficar malucos teorizando o que aconteceu...

- Deixe eles tentando adivinhar, e já que eles sabem que estamos na cama... – Bardock me beijou, me puxando para ele, e, quando dei por mim, estávamos de novo fazendo amor, numa alegria e num despudor que eu não sabia que eram possíveis. E eu entendi, de repente, porque o vínculo acontecia: eu e Bardock já tínhamos essa sintonia. O vínculo apenas a faria oficial.

Depois, me espreguicei languidamente antes de perguntar:

- Com fome?

- Morrendo – ele disse. – Acho que deveríamos sair para comer.

Sonhadora - A História de GineOnde histórias criam vida. Descubra agora