Promessa

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Eu estava olhando para o mar enquanto todos dormiam em nossas tendas improvisadas na praia, todos estavam bem cansados pela travessia constante e então esperaríamos o dia amanhecer para ir até a ilha onde o demônio estava. Dessa vez de barco, afinal a ilha do tigre não permitia magia.

O mar estava tempestuoso, mas o mar sempre era assim naquele lugar. Eu já estive ali antes, eu conhecia o ponto extremo sul da África.

— Preocupada?

Minseok me disse baixo, se colocando ao meu lado e me estendendo uma manta que agradeci silenciosa. Eu suspirei um pouco:

— Pensativa, eu sinto que tem algo acontecendo, algo ruim... Não sei dizer o quê.

— Ligue para quem precisa então – E ele me estendeu um aparelho celular e eu ofeguei, nossa, me esquecia daquelas tecnologias novas. Me voltei para ele e sorri:

— Obrigada, meu senhor.

— Não me chame assim ou seu lobo vai me atacar.

Ele sorriu divertido e eu ri baixinho, Xiao estava desmaiado, ele não dormia direito há dias, eu podia sentir seu sono profundo.

— Ele tem um bom coração.

— Você veria beleza até mesmo em uma besta insana – Ele disse e então suspirou tenso – Eu sou muito antigo, mas não como minha rainha, no entanto eu nunca morri nem voltei e sei que fez isso várias vezes, me sinto muito protetor agora também. Contudo... – E ele se voltou para mim se curvando e me olhando nos olhos muito seriamente – Tome cuidado. O mundo quer te matar, sabe disso, precisa eliminar seus inimigos, e terá que fazer isso com as próprias mãos quando for à hora. A ordem será sua e eu terei prazer em obedecê-la, mas deverá dar a ordem quando chegar à hora, não se esqueça. Eu nunca saio do meu deserto, mas estou aqui, pense nisso. Pense em seu poder. Agora faça sua ligação, tome seu tempo.

Ele se foi e eu suspirei, ele era tão intenso... Minha deusa!

Eu liguei para mamãe de imediato, precisava saber se estava bem e ao contrário de mim ela tinha um celular. Atendeu no primeiro toque:

— Sua tia disse que me ligaria – Ela foi logo falando, mamãe sempre sabia quando era eu – Não se preocupe comigo, mandei a Mônica para aquela montanha também. As meninas ficarão seguras. Faça o que tem que fazer.

— Oi mamãe, tudo bem?

Disse rolando os olhos. Ela suspirou:

— Vamos perder tempo com cumprimentos?

Acabei rindo e então fui em direção ao mar pensativa:

— Eu acho que sonhei comigo mais velha, não me lembro de quase nada, mas eu sei que era ela... A outra de mim, isso é possível?

— Sim, é, sua eu do futuro certamente lhe deu algum aviso, vai se lembrar se tiver que lembrar ou vai fazer algo que ache estranho, mas que depois fará sentindo de alguma forma, não perca tempo analisando isso, tem tarefas mais exigentes que isso. E olha, eu olhei pela borra de chá da sua tia, aquele tal de Junmyeon quer falar com você, ligue para ele. Sua tia disse que ele te deu o número dele, me diz que não perdeu por aí como você perde a suas coisas?

Eu sorri um pouco culpada, dessa vez não perdi... Mas mamãe me conhecia bem.

— Eu vou ligar.

— Ótimo. E mais um aviso, essa eu soube pela prima no norte, o conselho está procurando a bruxa que libertou as gárgulas da velha catedral tibetana, se tem algo com isso, fique fora da rota comum. E se usou magia do sangue trate de comer musgo, rápido, um pouco basta, não deixe rastro, fui clara? Eu bem que queria ir lá arrancar as cabeças daqueles velhos caquéticos idiotas, mas ainda não é a hora. Agora tenho que ir, eu e suas tias estamos conjurando um feitiço exigente aqui, beijocas!

O despertar do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora