Decisões

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— Do que você lembra?

— De fragmentos de algumas vidas passadas, as vezes tenho sonhos um pouco confusos, raras vezes bem lúcidos, quando como foi com minha eu que criou o relógio da regressiva dos índigos e levou até o paralelo gêmeo. Tudo é bem bagunçado na minha cabeça e eu não sei bem do que se trata. Sonho com o Lay mais frequentemente, talvez por ele ser meu melhor amigo, com minha família, coisas bobas... Algumas premonições também. Mas nunca vim aqui, Sof me guiou...

Eu e Radamanto - Ren, como ele disse se chamar - Estávamos sentados diante da janela em ruínas há algum tempo. Eu tinha contado tudo para ele até ali. E ele parecia bem sério e atento ao ouvir, e eu fiquei feliz de me sentir tão à vontade com ele e conseguir falar tudo ainda que fora de ordem e meio bagunçado.

Ele me passava aquele sentimento de lar, de tranquilidade, de serenidade que eu não sentia naquela intensidade com ninguém.

— Eu acho que o que Atena lhe disse, não é em sentindo literal – Ele disse baixo, pensativo e finalmente se voltando para mim – Eu conheço o Destiny, ele é alguém que se bater de frente com ele, ele vai teimar ainda mais que sua versão é a certa. Com o destino se barganha porque ele é narcisista apesar de tudo – Então Ren ergueu a mão e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha com carinho – A noticia de que estava reunindo guerreiros para mudar o destino do mundo em que vive, chegou até no submundo, mas eu não fazia ideia que você era minha antiga rainha. Como disse, já repetiu esse futuro apocalíptico inúmeras vezes, mas nunca esteve aqui. Nós, os juízes temos uma pequena maldição de restrição, eu me lembro de tudo o que foi e será, como os deuses, mas apenas no submundo, fora, no mundo do sonhos eu só me lembro do que é. Ou seja, se em outras tentativas de salvar o fim do mundo estivemos juntos, eu não sou capaz de me recordar... Infelizmente, queria ser mais útil a você, minha rainha. Entretanto, eu penso que nunca devemos levar o que os deuses dizem ao pé da letra, e nesse caso eu penso que o que ela queria mesmo era que encontrasse essas pessoas não para serem seus guerreiros, mas seus guias. O que o dragão tem mais do que poderes? Sabedoria, ele caminha há doze mil anos pelo mundo, ele sabe de tudo o que há para saber. E a bruxa das sombras? Você disse que ela conhece magias que acreditava ser só dominada por grandes bruxas de alto nível... Ela disse que estudou bastante, ela tem conhecimento da sua raça, o que você ainda não possui. E sobre o demônio? Ele te deu avisos, ele serve a outro guerreiro que tem olhos e ouvidos em todos os cantos. Penso que o que está fazendo, nos procurando é aquisição de poderes de barganha. Esse, penso que seja realmente a ideia dela, Atena luta com Destiny desde que o mundo é mundo, ela o conhece também – E ele tocou sua testa na minha, fazendo com que eu sentisse sua pele fria, mas ainda assim era agradável - Eu conheço o Destiny, eu não seria útil como guerreiro como o que está a procura, não posso sair do submundo por esse motivo, Hades jamais permitiria contudo... Nos encontramos aqui. Eu devo ter outra função. Me fale mais sobre esses sete índigos, algo nisto... Eu sinto como se fosse uma peça vital desse quebra cabeça. Você disse que aqui eles podem reviver os mortos, não é? Isso é profano, vai contra as leis e é punido com o tártaro para sempre. Mas é algo que até mesmo os deuses não são capazes... Uma carta preciosa essa que tem nas mãos, tem um alto valor de fato.

Eu me afastei tensa e neguei:

— Eles são crianças! Eu jamais deixaria que tocassem neles, eu mataria todos antes!

Então arregalei os olhos assustada. O que eu disse? O que foi aquilo!?

Ele se ergueu e assentiu pequeno, meu peito começou a bater frenético e ele me olhou pensativo.

— Essa explosão emocional... Você, o vidente e a estigma estão interligados mais do que pensam, fora do tempo real que pertence a todos nós, foi isso que o vidente te disse, não foi?

O despertar do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora