Letal

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 Eu caminhava lentamente pela floresta.

Aquela floresta que minha eu do passado tão bem conhecia e eu sentia uma certa conexão forte da qual me fazia quase uma com a terra úmida. Uma floresta velha, densa, quase tropical, meus pés descalços sentia o poder dela, como se ela conversasse comigo. Eu usava criaturas da terra para curar minhas feridas quando eu me machucava, descobri sem querer na infância, mas nunca as chamava sem ser necessário, contudo ali eu sentia que elas me seguiam por baixo da terra enquanto os pássaros em cima voavam baixo, silenciosos, ao meu redor.

Eu estava sozinha, o plano de Sofhie era genial, contudo teve forte oposição, de novo uma batalha para que Xiao e dessa vez Jin e V entendessem. Dessa vez eu concordava com ela e não sabia bem porque concordava, mas estava me acostumando a aceitar os sentimentos que eu não sabia de onde vinham ou porque vinham.

E quando entrei na área que já pertencia ao templo eu senti, de uma forma quase massacrante que quem corria perigo ali não era eu, nem os que estavam atrás de mim a uma distância grande. Não, o perigo quem representava era eu e a cada passo que dava para a entrada elegante do templo rodeado de árvores centenárias e rochas milenares, a sensação se tornava certeza.

Imagens foram surgindo diante dos meus olhos como lembranças efêmeras: Xiao em roupas egípcias sorrindo cínico quando um homem que eu não podia enxergar direito dizia que nós dois juntos não devíamos governar, éramos perigosos demais, letais demais e Xiao respondendo que qualquer um que não se ajoelhasse para sua rainha, iria morrer em suas mãos.

Então a imagem mudou e eu via um círculo de bruxas em uma discussão furiosa:

— Se for ela, vamos todas morrer!

Uma gritava, outra concordava dizendo que tinham que matar todos os potencialmente poderosos para evitar isso. Mas uma bruxa, apenas ela, dava de ombros:

— Que venha, não acredito em mitos, uma bruxa deusa? É só um mito!

O nome dessa bruxa surgiu diante dos meus olhos e eu parei subitamente:

— Bianca.

Sussurrei surpresa. Ela era a mais poderosa do grupo, mas eu sentia... Sentia que tinha algo errado nela. Uma outra sensação passou por mim e eu disse antes que meu cérebro compreendesse:

— Energia... Relâmpagos.

Fechei os olhos e voltei a andar evitando pensar, eu tinha que me manter concentrada e calma ou Xiao iria enlouquecer. Eu estava ali em uma tarefa muito séria, em uma missão que precisava ser cumprida.

Então cheguei na entrada e seus degraus baixos e sorri. Casa... Minha casa.

— No fim, você veio, se eu soubesse não teria perdido recursos atrás de você.

Uma voz falsamente doce soou antes que uma mulher elegante e alta saísse do templo. Não era Bianca, era a bruxa de eletricidade. A mais velha. Ela era a suma sacerdotisa do templo.

Me curvei suave e então disse em meu melhor tom educado:

— Alta sacerdotisa do templo do conselho, venho até você com uma única pergunta: Por quê?

Ergui meus olhos e ela arregalou os dela.

Sofhie estava certa, o conselho jamais ia esperar algo assim de uma bruxa não iniciada.

— Você não tem autoridade para me questionar, bruxa de nível um – ela rebateu arrogante e eu senti em todo meu corpo um princípio de estática desconfortável – Não sei como conseguiu despertar tantas gárgulas ou andar por aí reunindo guerreiros para tentar enfrentar um deus, mas isso acaba aqui.

O despertar do alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora