"O pior cego é aquele que não quer ver e a ignorância é uma bênção!"
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Álvaro foi ao quarto de Ângelo várias vezes para verificar se ele estava bem. O patrão estava num sono pesado e parecia desmaiado pelo efeito da garrafa de vinho que ingerira.
Por diversas vezes o motorista de Ângelo Fischer se questionou se estaria fazendo o certo por ainda estar ali e não ter se decidido a pegar o carro e ir embora logo.
O que ele esperava, afinal? Já dera o toque, que o outro agora investigasse os cafajestes que o cercavam para ver se eram ou não de confiança.
O tempo foi se arrastando naquele lugar isolado de tudo e Álvaro ficou sentado por um longo tempo apenas observando o seu amado dormir.
Um arrepio percorreu o seu corpo imaginando que os dois estavam ali completamente sozinhos e que seria tão bom estar ali com Ângelo se não fosse aquela situação atípica entre eles.
O funcionário, antes de confiança, agora era posto à prova e acusado de tentar ludibriar o patrão...O patrão que era sempre sério e autoritário, agora estava ali, totalmente exposto e fora de combate diante do homem que ele acusava de traição.
Os primeiros trovões sacudiram tudo e os clarões dos relâmpagos indicavam que realmente viria uma chuva torrencial em breve.
A tempestade que caiu naquele lugar parecia que iria arrasar o mundo!
Álvaro acreditou que Ângelo só acordaria no dia seguinte, porém, talvez incomodado pelas revelações sobre a possível traição da esposa, do amigo e da sua filha, ou mesmo pelos sons estridentes dos raios e trovões, ele levantou-se cambaleante no meio da noite e correu para o banheiro.
Foram os relâmpagos e os barulhos dos raios caindo que acordaram Álvaro, que não tinha pegado no sono senão por alguns minutos...mas o som do seu amado vomitando o fez sair da cama e ir postar-se na porta do banheiro tentando ser solidário.
No fundo, ele sabia que era o responsável indireto por aquilo tudo!
_Precisa de ajuda aí?_perguntou batendo de leve na porta.
Ouviu Ângelo dar descarga e lavar a boca antes de sair.
_Não acredito que ainda está aqui..._resmungou Ângelo visivelmente surpreso passando por ele e voltando para o quarto.
"Que fofo!", pensou Álvaro achando linda aquela intimidade de ver o seu amor todo de carinha amassada e cabelos bagunçados. O chefe sempre bem vestido e bem arrumado, agora se encontrava voltando pra cama descalço e com as roupas amarrotadas.
_Não tinha pra onde ir e como lá fora o mundo está acabando...decidi ficar aqui com você._tentou ser simpático, mesmo sabendo que aquilo era impossível._Só mesmo um louco pra pegar a estrada com um temporal desses!
Ângelo não se sensibilizou e falou ríspido, sem o encarar:
_Deveria ter entrado naquela merda de carro e desaparecido, ao invés de ainda estar aqui para me perturbar, seu cretino! Melhor, que um raio lhe partisse a cara, isso sim seria justiça divina!
Novamente Álvaro tentou não perder a esportiva, pois sabia que Ângelo tinha motivos para o estar odiando naquele momento!
_Perdeu a sua oportunidade de acionar as autoridades e me mandar prender, agora vai ter que me ouvir. Eu sou seu amigo e só quero o seu bem! Você tem que me ouvir!
_Não...não vou ter não e me arrependo de não ter feito justamente isso...ido lá e apertado aquela porra de botão e chamado alguém pra te levar algemado daqui, porque agora eu já estaria em casa e você numa cela, onde é o seu lugar!_desabafou o empresário.
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MEDIDAS DESESPERADAS!-Armando Scoth Lee-Conto Gay
Roman d'amourUm homem obcecado por um amor do passado e que luta para aceitar uma realidade que machuca e dói, mas que é aceita pela felicidade do homem amado...só que não! O crush de Álvaro Matias não é tão feliz quanto ele imaginava! E é essa descoberta que...