C a p í t u l o 1

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Still don't know my name

You still don't know my name (oo)

And I would die your slaveBaby,right now

But you still don't know my name;

Still don't know my name - Labrinth

Me perdi no brilho dos olhos de uma garotinha ruiva, no pôr-do-sol de um domingo a tarde, nos velhinhos sentados observando o mar. Naquelas fotos eu flutuava, o mundo fora daquela sala escura era um vazio, que eu não suportava, mas quando eu olhava através das lentes, haviam um colorido novo, fascinante.

Apertei a escolhida de hoje.

Na imensidão de câmeras, uma polaroide preta de modelo antigo me chamou total atenção. Era engraçado como ela conseguia capitar o momento, antes mesmo que acabasse.

Conferi se a sala onde eu costumava revelar as fotos, durante meu período livre, estava bem fechada, seguindo para a saída, o ar gélido daquela noite me fez puxar as mangas do meu suéter, invadir a escola naquele horário estava se tornando cada vez mais complicado.

Obviamente, não tanto quanto da vez em que peguei a professora de artes e o faxineiro na sala dos professores. Tive pesadelos durantes uma semana inteira com aquela cena, pensar nisto me fez formar uma careta.

Continuei andando pelas ruas escuras a caminho de casa, esperando algo interessante para fotografar. No meu bolso direito, eu conseguia sentir meu celular vibrando com alguma ligação dos meu irmão preocupado, mas eu sabia que na terceira vez ele desistiria e me deixaria em paz. Meu caminho escuro finalmente se iluminou, ao chegar na região mais iluminada da cidade.

Ergui meu olhar para cima, quando vários papéis picados caíram, em uma sacada, um garoto mantinha as mãos encobrindo o rosto, aparentemente frustrado. Preparei minha câmera, capturando aquele momento. Atravessei os papéis picados seguindo em direção ao pontos de ônibus.

Havia uma senhora de óculos resolvendo palavras cruzadas. Parei em pé do lado oposto, encarei a foto em minha mão, ele parecia realmente chateado, não era possível ver seu rosto, mas sim os fios castanhos de seu cabelo.

Me perguntei o que havia lhe frustrado tanto, sempre que tiro uma foto, imagino toda a história por trás dela: ele teria descoberto uma doença terminal? uma carta de um amor que deu errado?

Eu tinha criatividade de sobra para isto, imaginar, pena que ao sair do meu mundinho imaginário, a vida real acaba comigo.

Ouvi vozes altas ao longe, virei meu rosto para o lado observando uma figura masculina correndo até o ponto, um pouco a frente do ônibus que se aproximava, mais a frente de onde eu estava ele parou ofegante, olhando para o lado várias vezes. Vi o mesmo arregalar os olhos ao olhar pelo mesmo lugar que tinha vindo, onde um homem barrigudo corria com dificuldade.

Puxei minha câmera, em um clique e alguns segundos depois, eu tinha uma foto bem divertida em mãos, me assustei ao sentir uma mão se colocar em meu bolso, me afastei em reflexo.

- O que está fazendo? - Questionei surpresa com a atitude do desconhecido.

Levantei o rosto onde encontrei o garoto que havia corrido na frente, mirei sua feição estável, como se a figura do homem correndo em nossa direção não o assustasse, continuei lhe encarando - Decorando seu rosto - e esperando explicações..

O homem de antes, finalmente chegou perto.

- Achei você! Vai se ver com a polícia. - Puxou o garoto pelo braço, que me olhou relance.

Me peguei estática, pisquei algumas vezes antes de perceber o ônibus, aquela situação se fez estranha, acenei para o motorista, antes que ele partisse.

Entrei rapidamente, me segurando. Tateei em meus bolso, até encontrar onde o garoto havia posto a mão, retirando um delicado colar, mas eu conhecia aquele tipo de peça. Era cara, muito cara.

Raciocinei um pouco, até me dar conta de que eu poderia estar com um item roubado em mãos;

***

Number 10_ Shivley MaliwalOnde histórias criam vida. Descubra agora