C a p í t u l o 15

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— Por que está me olhando? — Eram quase duas da tarde, no Jardim as meninas assavam algo que eu não comeria , enquanto Krys estava no segundo andar no telefone.

— Não posso olhar pra você? — Caminhei até seu lado que estava encostado no balcão.

— Depende, o que se passa na sua cabeça? — Ele não respondeu.

Me virei ficando em sua frente, semicerrei os olhos para o mesmo. Ele passou a língua nos lábios.

— Não quer adivinhar? — Neguei. Ele deixou uma risada engraçada escapar.

Bailey parecia especialmente mais leve hoje, um tanto calmo, eu também me sentia assim o que me deixou feliz. Fitei seus olhos escuros sobre os meus, eu não conseguia conter o sorriso idiota no rosto. 

Segui meus dois dedos até o ombro do moreno e com a mão direita segurei sua gola lhe fazendo aproximar seu rosto do meu, e pela primeira EU o beijei, senti sua mão tocar minha cintura. Enquanto nosso beijo se aprofundava.

Me senti no controle daquilo, e eu realmente gostava da sensação.

— Tá quente aqui não é mesmo Hina? — A voz de Krys me fez afastar rapidamente de Bailey, recuperando o ar. Segurei a risada colocando as mãos atrás do corpo enquanto Krys sumia em direção ao jardim.

Hina, que por algum motivo não estava no jardim onde eu esperava e sim no segundo andar com Krys, passou por nós cobrindo o rosto.

— Não estou vendo nada! — Correu apressadamente.Olhei para Bailey que não segurou mais a gargalhada. 

— Vamos pra fora. — Ele assentiu, caminhei na frente e ao cegar na porta seu sorriso sumiu.

— Preciso atender. — Assenti indo para o jardim.

— Então ele vomitou em mim, na sala de cinema. — Joalin disse fazendo careta, ela contava sobre o dia em que ela Sabina e Krys foram juntos ao cinema, de acordo com a mesma, um dos piores dias da sua vida.

— Era um filme de terror, sobre cérebros e canibalismos.

— Você quem escolheu isto!

— O cara da bilheteria era bonito, malditos olhos azuis! — Krys fez uma careta divertida.

— Então, a quanto tempo estão na estrada? — Sabina falou, observei Hina se entupir de comida, e fechar a cara quando eu lhe encarei indignada pela sua postura.

— Perdemos noção de tempo... — Expliquei.

— Acho que um pouco mais de duas semanas. — Uni as sobrancelhas, eu realmente não fazia ideia.

Hina encarou o relógio.

— Está tarde, vamos a praia amanhã então devemos dormir cedo, é meu último dia de folga. — Disse levantando. — Vocês vão, certo?

— Eu não perderia por nada.— Disse alto.

— Isso será...— Disse Sabina, colocando o braço em cima do ombro de Joalin

— Divertido. — Disse a loira, enquanto caminhavam até a entrada.

Krys e Hina as seguiram, a japonesa fez um sinal enquanto ria como se dissesse "estou de olho".

Mirei Bailey, calado do outro lado.

Ficamos ali, nos encarando sem ter o que dizer.

— Então...— Coçou a nunca.

— Então? — Ele deu de ombros, sabendo que não tínhamos o que falar, apoiei meu queixo em minha mão. — Me fala sobra a Maya.

Ele baixou o olhar pros pés e suspirou.

— Eu nem saberia que tem uma irmã se não fosse pela lista.

— A Maya e eu, não nos falamos tanto...

— Por que não?

— Meus pais ficaram muito preocupados, com toda a merda dos meus problemas, eu era o centro do universo pra eles. Acho que a gota d'água foi na noite do aniversário dela, eles esqueceram completamente.  Ela ficou tão irritada, e saiu no meio da noite, de carro, me ofereci pra ir com ela. Discutimos e acabou que voltei pro hospital mais rápido do que queria, ela atravessou o sinal vermelho enquanto brigávamos.

Ele suspirou, travei a mandíbula.

— Ela ficou seis meses no hospital, e meio que "trocamos" de lugar. Até hoje somos como dois desconhecidos, não conseguimos manter um relacionamento real de irmãos.

Isso explicava seu receio em dirigir.

— Sinto muito.

— Tudo bem. Acontece. Você deveria saber, não parece se dar bem com o seu irmão.

— Digamos que eu e ele nunca nos odiamos, apenas, seguimos ideias diferentes. Quando o marido da minha tia retornou ao exército, ela achou que compensaria cuidar de nós dois depois da morte da minha mãe.

— Isso me lembra algo...— Ri de sua feição pensativa.

Levantei seguindo para dentro, não sem antes dizer:

— Ela é a mulher da carta.

Ouvi seus passos apressados atrás de mim.

— Está de brincadeira...

— Não, estou sendo sincera.

Entrei no quarto indicado mais cedo por Hina, sentindo minhas costas se acomodarem ao colchão fofo.

— Por essa eu não esperava. — Me apoiei em meus cotovelos, Enquanto ele sentava na cama.

— Como foi que tudo aconteceu?

— O que?

— Quando descobriu que estava doente.

Eu estava consciente de que não era legal a maneira em que eu estava agindo.

— Sabe as lutas que te falei? Eu apaguei em uma delas, foi quando passei a "seguir as regras". — Fez aspas com os dedos. — Depois das cirurgias, as coisas ficaram diferentes pra mim.

Sentei na cama, colocando uma mexa atrás da minha orelha e depois brinquei com sua mão, rabiscando com o dedo formas aleatórias.

Mordi minhas bochechas internamente.

— Posso ver a cicatriz? — Seus olhos encontraram os meus, por longos e intermináveis segundos.

Ele sentou na cama.

Puxando a barra da camisa pra cima, retirando, por baixo sobre sua pele notei a cicatriz marcante.

— É horrível não é?.

— Não... — Balancei a cabeça para os lados, com a ponta do dedo indicador a percorri. — É incrível.

Subi o olhar para seus olhos sobre mim, eu não sei dizer exatamente por quantos segundos ficamos nos encarando.

Apenas lembro de Bailey se aproximar, esbarrando nossos lábios, e em seguida os selar.

Não como das outras vezes, não tão inexperiente como na primeira ou tão quente como mais cedo, apenas um beijo profundo.

Deitei no colchão, abraçando seu pescoço.

Ele se afastou um pouco e buscou ar.

— Acho que estou correndo um sério risco de estar me apaixonando por você. — Falei baixo, admitindo.

Talvez fosse loucura, talvez o fato de me entregar fácil aos sentimentos, porém, dessa vez, não quis pensar em mais nada.

Apenas em nós dois ali, naquela mistura calorosa e louca de sentimentos.

Me deixando arrepender depois.

— Também acho que estou me apaixonando por você.

— Estamos ferrados. — Sussurrei rindo.

— Com certeza. — Ele sorriu de canto, depositando um selinho em meus lados.

Em poucos segundos, senti suas mãos na barra da minha blusa, sumindo com a mesma do meu corpo.

***

Tô pronta pra ouvir os xingamentos de vocês 😉

Number 10_ Shivley MaliwalOnde histórias criam vida. Descubra agora