C a p í t u l o 20

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Esse capítulo vai ser um pouco diferente do que geralmente escrevo, mas acho que está bom.

***

Shivani. com certeza aquela era última coisa que eu me lembrava, de seu rosto ensaguentado quando batemos, seus olhos abertos, sem qualquer movimento, a dor no meu peito. Tudo.

Encarei com dificuldade a claridade das luzes na sala de cirurgia, a dor era forte, sei que ele (meu coração) quase parou na ambulância.

Sei que Shivani está no hospital, e quero acreditar que está viva.

E sei que a dor que sinto não é apenas pelo acidente.

- Sabe o que fazer. - falou o homem em minha frente.

Eu não conseguia me mexer direito.

Eu só conseguia ouvir minha mente gritar.

- Sei. - A pequena palavra saiu com dificuldade. - Dez...- Encarei o teto vazio. - Nove... Oito... Sete...

Aos poucos minha mente começara a apagar e era como se os números se tornassem momentos.

Seis... Minha irmã e eu a alguns anos.

Cinco... Minha mãe me fazendo passar vergonha na frente da escola.

Quatro... Noah e nossa guerra de balões de água na sexta série.

Três... Meu pai me dando meu primeiro violão.

Dois... A noite do colar.

Um... Shivani.

*

Era um jardim brilhante, cheio de ar e liberdade, havia som de água mas não havia mar, e ao longe uma grande e linda árvore um campo vasto.

Tão perfeito.

No seguinte segundo, o chão se abria e era uma longa queda. No fim a água, de repente eu soube como era estar no lugar de Shivani, não respirar.

Um silêncio de repente, o ar e a terra firme, e neve, muita neve.

No meio daquele torturante silêncio e a imensidão branca, lá estava ela, de pé, sorrindo.

As marcas de sus passos eram visíveis, os segui, e segui até que estivéssemos a cerca de quatro passos.

Shivani...

- Terceira vez que nos encontramos ladrãozinho, agora sim posso dizer: É o destino...

- Eu morri? - Ela riu como se fosse uma piada. A risada mais bela que eu tinha escutado.

- Não seja emocionado Bailey. - Ela me olhou, aos poucos seus sorriso diminuía, e dava espaço a um olhar calmo. - Eu tenho uma pergunta pra você.

- Qual?

- O que está sentindo agora?

Parei para pensar, e de repente uma sensação que eu nunca havia sentido me percorreu, meu coração parecia bater forte, e eu jurava que conseguia escutar.

Cada som.

- Está com medo?

Neguei convicto, eu poderia estar sentindo qualquer coisa menos medo.

- Não, parece... Que eu estou no lugar certo. - A encarei. - Você é real? Ou apenas fruto da minha imaginação? daquela coisa que está me fazendo dormir enquanto eles me cortam?

Ela suspirou, eme olhou com um carinho enorme.

- Sabe Bailey, consegue ver aquele horizonte lá ao longe?

Number 10_ Shivley MaliwalOnde histórias criam vida. Descubra agora