C a p í t u l o 23

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Seis meses depois:

Senti meus pés tocarem a areia, no lado deserto da praia, ao descer do carro que eu havia levado dois meses para ter coragem de se quer tentar dirigir de novo.

Deixei o rádio ligado, enquanto uma música qualquer tocava, caminhei até a ponta, frente a água.

Me sentei na areia sentindo o vento, e observando as ondas quebrarem.

Uma sensação que eu não reconhecia dentro de mim.

Senti meu corpo relaxado em meio a lembrança da última vez em que estive aqui, todos estavam tão felizes.

Eu estava.

Os últimos foram um tanto conturbados, difíceis.

A formatura está chegando, e então a universidade de New York, em fotografia.

Tudo parece tão surreal, inteiro, mas não completo, ainda havia algo.

Segurei a câmera em minhas mãos, com o filme antigo, pela primeira vez eu as veria novamente.

Apertei play pra minha cena favorita: Meu aniversário.

"Correção: Ela acha que manda em mim".

As risadas ao fundo, as filmagens das paisagens no balão, as fotos no Red Rock Canyon.

Tudo ali, minhas lembranças.

Sempre pensei naqueles vídeos e fotos como se fossem congelar aquele momento.

Finalmente eu havia percebido: Não eram as fotos ou os vídeos , aquilo era apenas um detalhe.

Os momentos ficavam congelados em nossos corações.

— Esse foi um melhores lugares em que já viemos.

Fechei os olhos com força, eu só queria vê-lo uma última vez.

Uma vento passou pela praia, abri os olhos e olhei para o lado, sentindo meu coração bater forte, sensações gritarem dentro de mim.

Eu podia vê-lo, bem ao meu lado, meus olhos se perderam, eu sentia como se tivesse esquecido seu rosto.

Era ele. Eu podia lhe ver, completamente igual.

— Se olhar bem o horizonte. — Ele apontou. — Você talvez consiga ver o pôr-do-sol mais lindo, está quase na hora.

Sua voz era como música para meus ouvidos.

Eu ainda estava estática.

— Você...

Ele sorriu pra mim, um sorriso de amor.

— Eu?

Quis tocar seu rosto, mas eu não podia.

— Estou ficando louca?

—  Provavelmente... —  Ele riu. —  Mas vamos ser sinceros, você sempre foi.

Apertei meus lábios, unindo minhas sobrancelhas.

— Existe uma linha tênue, entre o passado e o futuro, é difícil impedir que um não influencie no outro.— Falei, perdida. — Eu não consigo te esquecer. Eu não quero.

— Essa linha se chama presente, nele que você decide o que irá carregar pro futuro.— Ele fez uma pausa, ele passou a mão em um fio do meu cabelo. Eu quase conseguia sentir. —  Não precisa me esquecer, apenas... Seguir.

Mirei seus olhos, o mesmo brilho de antes no mais profundo sentimento.

— Tenho medo de te deixar partir, de afundar mais e mais. Eu perco todo mundo.

Number 10_ Shivley MaliwalOnde histórias criam vida. Descubra agora