C a p í t u l o 22

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Algumas cenas desse capítulo foram inspiradas em minhas séries favoritas, nos agradecimentos eu digo quais.

***

Superação, eu nunca havia entendido bem o peso dessa palavra, o significado. Tudo.

Como superar quando a dor da perda é tão grande?

Nunca entendi bem a maioria dos sentimentos, além da culpa. Nas últimas semanas, a culpa virou minha melhor amiga, me senti mal, odiei Noah por uns dias, o culpando, depois ao homem que dirigia o outro carro, e a mim, finalmente, por ter iniciado tudo.

Bailey havia partido a exatos um mês, e cada dia era uma tortura. Difícil respirar, difícil dizer que iria ficar tudo bem, e mais importante, difícil superar.

Bailey me ensinou muito, mas não foi o suficiente pra avalanche que veio: As noites eu tenho pesadelos, de dia parece que eu o vejo em todos os lugares, eu com certeza não estava pronta pra lhe perder.

Eu não queria superar.

A partir do momento que eu fizesse isso, eu estaria dizendo adeus.

Eu não estou pronta para deixá-lo partir.

— Shivani. — Dr. Will me olhou, encarei o relógio, meus ombros estavam levemente caídos, e eu me sentia irritada.

As coisas haviam mudado nesse um mês, muita coisa mesmo.

— Quer que eu diga o que? Que estou feliz em vê-lo?

— Sabe que estou aqui para ajudá-la, sempre foi assim. Shivani, você estava tão melhor, se manteve bem o quanto conseguiu, sei que isso não será profissional da minha parte, mas tenho que admitir, fiquei orgulhoso quando sua tia me contou que estava bem. Não é certo perder isso agora.

Levantei indignada.

— Certo? O que é certo pra você? Você só sabe me perguntar o que sinto, Will, mas não me diz como melhorar. Quer falar sobre o que é certo? pois eu acho que não é certo que um garoto de dezoito anos morra! — Me sentia explodindo de raiva, mas eu sabia que lá no fundo era dor.

A mais dolorosa dor.

Me dirigi a porta.

— Ele não gostaria que continuasse assim Shivani, se torturando.

— Você não o conheceu pra saber.

— Eu sei que qualquer pessoa que lhe conhece de perto, sabe, que não merece se afundar dessa maneira.

Encarei seus olhos, preocupados, e em seguida o relógio.

Segurei as lágrimas e o nó na garganta. 

— Eu queria ter o conhecido. 

Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto, olhando uma última vez para o relógio, me dirigi a porta.

— Acabou.

*

Caminhei sozinha pelas ruas de Los Angeles, como sempre me perguntando o por que da vida ser sempre tão complicada.

O por que de acontecer o que aconteceu.

Por que eu não poderia mais vê-lo.

Eu precisava saber que ele seria feliz, e faria muito mais, viveria muito mais.

Eu estava fugindo um pouco, essa semana eu retornaria a escola, sem amigos, sem ninguém, eu também não havia reencontrado meu irmão, agora eu morava com Stella outra vez.

Number 10_ Shivley MaliwalOnde histórias criam vida. Descubra agora