Prólogo

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Sabe, não estar nos padrões de beleza é bem difícil para muitas mulheres, para mim não foi um grande tabu, todo comentário por parte da minha família (que diga-se de passagem é bem hipócrita) eu revirava os olhos internamente, claro, sou a garota exemplo da família, educada, gentil, legal com as crianças, inteligente, esforçada e atualmente muito bem sucedida, não podia acabar com minha reputação revirando os olhos visivelmente.

As pessoas fora do meu ciclo familiar só olhavam com aquelas caras que sempre olham para mulheres acima do peso, mas nunca faziam comentários, eu não dou tal liberdade, minha cara fechada em desafio, a sobrancelha esquerda arqueada e meus bons argumentos, fora o fato de eu amar uma briga, intimidava as pessoas não íntimas a falar algo. Eu sei que se você me olhar sozinha na rua, ou numa situação que envolva meu trabalho provavelmente vai me achar uma mau humorada e não vai querer se meter comigo (não que eu não seja mau humorada) mas no fundo...bem lá no fundo do fundo do fundo, eu sou um amorzinho.

Bom, tenho vinte e cinco anos, vou fazer vinte e seis daqui a cinco meses em 3 de agosto, sim meus amores, eu sou leonina, acho que vocês não tinham reparado ainda né?

Sou Arquiteta e urbanista e trabalho na ConstriMiller, o fato é que eu quero ter a minha própria construtora: a Carter's, imagina a bichinha crescendo tanto e virando uma referência na construção Civil? Um sonho que se Deus quiser eu realizo em breve.

Foi com muito esforço que cheguei até minha posição como referência em Arquitetura e que entrei para a segunda maior construtora do Brasil, só perdendo para a da companhia dos Di Santis, italianos bem sucedidos em boa parte dos ramos, mas que na construção civil arrasam demais, na época do estagio estava disposta a dar um rim para entrar lá, só que infelizmente não consegui.

Foram horas de estudo para conseguir uma bolsa na faculdade, quando consegui eu estudava de manhã, trabalhava a tarde e as horas que sobravam à noite era só para fazer os trabalhos, no terceiro semestre da faculdade consegui um bom emprego com um salário melhor ainda, guardava metade do salário para ter como comprar uma casa, carro e abrir meu escritório. Terminei a faculdade e além de tudo que eu aprendi com os excelentes professores tive também o senhor Luís, um arquiteto e engenheiro civil que trabalhava na ContriMiller e me ensinou muitas outras coisas, ele era pique Oscar Niemayer, só que não era conhecido, a família dele se tornou minha também, Dona Ana, sua esposa, era minha conselheira, além de me ajudar a aprimorar meus dotes culinários, suas duas filhas gêmeas, mas nada idênticas, Larissa e Laís se tornaram irmãs para mim. Lari é formada em Gastronomia e nós duas abrimos um restaurante na Vila Madalena, claro que ela é a sócia majoritária além de ser a chefe da cozinha, de vez em quando dou uma passada pela cozinha a fim de fazer alguns pratos, o restaurante está crescendo e fico feliz de fazer parte dessa conquista dela. Já Laís é estilista, ela conseguiu com um professor um contrato para fazer
algumas roupas em Paris, e ela foi para lá seguir sua carreira, mas sempre manda modelitos exclusivos para mim.

Essa minha família de consideração, mais meus pais, irmãos e meus fieis companheiros Edgar e Helena me apoiaram e assim consegui chegar firme e forte aonde estou. E essa sou eu: Lia Carter.

A única coisa que eu não esperava era que um homem de cerca de quase um e noventa com um sorriso sexy, olhar marcante e cabelos compridos apareceria para virar as coisas de cabeça para baixo.

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