25º Capítulo

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POV Claire

A canção escolhida por Jamie já tinha terminado há alguns minutos, mas continuávamos abraçados no meio do refeitório, com nossos corpos se movendo lentamente de um lado para o outro ainda dançando uma música que só continuava a tocar dentro da nossa bolha imaginária. Jamie era um romântico incorrigível e, mesmo achando aquele seu último ato algo sem pé nem cabeça, sabia que ele não teria feito algo tão espalhafatoso assim sem antes conversar com algum dos superiores dele, ou, pelo menos, eu esperava que ele não tivesse sido tão insano a tal ponto de colocar nossas carreiras em risco dessa forma. Se afastando de mim, ele me deu um sorriso amplo e começou a falar com um tom de voz mais baixo:

- Vamos para sua sala, Sassenach, precisamos conversar. - sorri acenando a cabeça e acariciei seu rosto com ternura.

Saímos do refeitório caminhando um do lado do outro pelos corredores do hospital e sem demonstrar muito afeto além do nosso pequeno show de mais cedo, mas podia ver em seu olhar sapeca que a vontade do meu escocês era de me segurar nos seus braços nos dois lado da minha cintura e me girar no ar. E, assim que eu fechei a porta do meu escritório, foi exatamente isso que ele fez comigo. Giramos algumas vezes enquanto eu me mantinha aferrada ao seu pescoço e rimos o mais baixo possível até que Jamie me colocou de volta ao chão lentamente.

- Tudo bem com você, Sassenach? - ele ficou olhando para o meu rosto para tentar achar algo de errado. - Me desculpa, por mais que eu saiba que você está grávida, não consegui pensar em nada, só queria te pegar no colo e te abraçar o mais forte possível!

- Não se preocupe, papai! - ele sorriu pra mim com lágrimas nos olhos. - A mamãe está bem, mas ela precisa falar algumas coisas para você...

- Sassenach, não precisa fal...

- Não Jamie, eu preciso sim. - o interrompi, puxando minha cadeira de trás da mesa para ficar próxima à outra cadeira da sala e, fazendo com que Jamie se sentasse à minha frente, segurei suas mãos com firmeza enquanto continuava a falar. - Eu sei que não reagi da melhor forma, acabei guardando tudo para mim mais uma vez e tentando lidar com tudo sozinha...

- E você sabe que não precisa mais fazer isso, não é? - ele acariciou meu rosto. - Eu estou aqui para ser seu conselheiro quando precisar também, um casal para dar certo tem que ser muito mais do que somente um casal. E ter você na minha vida me fez aprender que, quando dividimos nossas dúvidas, conseguimos resolvê-las mais facilmente! - acenei fracamente com a cabeça, sem coragem de olhar em seus olhos.

- Eu menti para você, Jamie. - olhei fixamente em seu rosto e pude ver que ele congelou sua respiração e seu olhar por uns instantes, sem saber do que eu estava falando. - Bom, tenho uma pequena história para te contar... – respirei fundo, tentando tomar coragem. Quando eu estava na disciplina de reprodução assistida na faculdade, durante a aula prática, minha dupla realizou o ultrassom em mim, não sei se em Harvard era da mesma forma... - ele acenou afirmativamente a cabeça sem tirar sua atenção de mim. - Pois bem, quando eu estava servindo como paciente nessa disciplina, meu ultrassom mostrou um diagnóstico de infertilidade. Fiquei tão chocada com aquela notícia, afinal estávamos só realizando uma aula prática de rotina e nunca esperaria por algo assim. E, mesmo o professor insistindo que eu realizasse outros exames para um diagnóstico completo, eu fiquei tão desolada ao saber daquilo que não tive coragem de ir atrás... E esse diagnóstico se manteve até um pouco mais de um mês atrás, quando eu tive o meu primeiro sintoma de enjoo... - sorri com vergonha para ele, baixando meu olhar novamente para nossas mãos entrelaçadas - Fiquei negando a possibilidade de ter um filho no meu ventre por algumas semanas, pelos motivos óbvios, e, quando fiz o teste de farmácia e tive a comprovação do exame de sangue, eu não pude acreditar naquilo tudo, como era possível estar grávida após ter certeza de que eu era infértil. E depois de ficar feliz por ter realizado um sonho meu muito antigo, me lembrei sobre as regras do hospital e sobre como não conseguiríamos ajustar tudo sem que um de nós perdesse seu trabalho... - mesmo com vergonha eu consegui levantar meu rosto e olhar para o par de olhos mais doce e compreensivo do mundo. - Desculpa de novo por não ter dividido minhas angústias com você, não sei como consegui levar isso tão longe, de novo eu fiz uma imensa burrada...

A PropostaWhere stories live. Discover now