28|à moda do porto

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"A vida é um piano. Teclas brancas representam a felicidade e as pretas a angústia. Com o passar do tempo você percebe que as teclas pretas também fazem música."
—A Última Música

Em algum momento da sua vida você já deve ter ouvido sobre "conhecer a casa de alguém, é conhecer a pessoa verdadeiramente", e se nunca ouviu está ouvindo agora

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Em algum momento da sua vida você já deve ter ouvido sobre "conhecer a casa de alguém, é conhecer a pessoa verdadeiramente", e se nunca ouviu está ouvindo agora. Cora, minha mãe, costumava fazer Isis e eu arrumar a casa inteira somente para receber visitas. Para ela, a organização da casa era reflexo das pessoas que moravam nela.

Você pode até não ter ouvido a frase, mas com toda certeza em algum dia que seja sua mãe te fez arrumar todo o seu quarto para receber possíveis visitas e mesmo reclamando horrores você ainda arrumava. O que não adiantava em porra nenhuma. Porque bem lá fundo, todos sabemos que um quarto arrumado não é sinônimo de uma mente organizada.

Assisti em SKAM, algum personagem dizer que somos a geração da performance. É como se cada um de nós nascesse com uma pitada do dom da atuação. Nós nascemos e aprendemos a viver num mundo cheio de mentiras e assim nós dizemos odiar mentiras, quando na verdade mentimos também. Vivemos de aparências. Atuamos que está tudo bem quando o colégio é um porre e levamos isso por toda a nossa vida. Fingimos que nada está fora de controle.

Mentimos, mentimos e mentimos constantemente.

Porque no fim das contas, uma mentira contada várias vezes acaba se tornando uma verdade.

Mantemos o quarto arrumado, mas nunca nossa mente.

É estranho dizer que minha mãe está errada, mas de fato, conhecer Estes Park não me parecia como conhecer Aimee.

Estes Park tem aquele clássico estilo de filme dos anos 90 americano no verão. A cidade inteira exala uma alegria, todos do lado de fora de suas casas parecem ter parado no tempo e acenam para os visitantes como se a vida fosse incrível e perfeita. As casas em cores quentes marcam toda a cidade, as crianças com seus patinetes e bicicletas na rua, os adolescentes caminhando tranquilamente pela rua principal e o vento quente do Colorado, mas ao mesmo tempo fresco das montanhas davam todo um toque de certa forma especial e único para a cidade.

É nitidamente fácil imaginar Aimee crescendo aqui, mas não conhecendo ela de verdade. Ela com toda certeza era a garota que gostava de usar rosa, tinha a mochila mais bonita da sala e desfilava pelos corredores acompanhada de duas, falsas, mas ainda assim amigas da mesma.

Provavelmente usava óculos de grau e todos a idolatravam por ser incrivelmente inteligente sem se esforçar para isso.

—Aimee! — O rapaz alto grita atravessando a rua vindo até nós.

—Mac Gyver! — Aimee abre a porta do carro.

—Não acredito que você veio mesmo! — A moça de cabelos cacheados corre atrás do rapaz.

CONEXÃO #1Onde histórias criam vida. Descubra agora