Capítulo 5

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IMPORTANTE: Eu reescrevi essa história e estou repostando, mores. Se vocês já leram essa parte, releiam, por favor, e me perdoem pelo incômodo. É a quarentena :)

EDIT: Ela começa no Prólogo

...

Por ser amigo de Dona, Lorenzo teve direito a dividir o melhor "quarto" do alojamento, onde dormiam ela e Alison. No cercado de cobertas havia dois tonéis com água, um limpo e um sujo, um armário improvisado com caixas de verduras, uma mesa de material reciclado e um colchão grande sobre paletes. Havia cobertas extras e travesseiros macios. Lorenzo iria dormir na cama com eles, e ficou feliz por Alison não ter se importado.

Quando Alison saiu, Lorenzo cutucou Dona. Cochichou:

— E quanto a ele?

— Ixi, relaxa! É a melhor pessoa do mundo. Super na dele.

— É seu namorado?

— O quê? Eu tenho mais o que fazer! A gente só dorme junto porque não rola mesmo. Gostamos das mesmas coisas, entende? Ele é meu amigo, a gente se conheceu aí nas quebradas, tentando sobreviver. Nunca entendi por que ele foi rejeitado pela família. Veio do interior, sabe, e é todo certinho. Sempre deu o sangue para se manter num emprego formal e pagar um aluguel.

— Tadinho. Um explorado tentando se encaixar nessa sociedade mórbida. Aqui, será que eu tenho chances?

— Comigo? Nunca! Eu não sou louca — Dona brincou.

— Tá me estranhando, é? Com ele!

— Não sei não. Ele nunca se envolve com ninguém nem com nada que dá problema. O sonho dele é emplacar nesse emprego e sair daqui. Não julgo, sabe. É o jeito dele lutar.

— Puxa, você me deixou desanimado. Primeiro gato limpinho que encontro nessa selva de pedras...

— Te vira! Acabou de sair de cadeia e já vem com segundas intenções? Aqui o bagulho é sério, meu amigo! Ei, vem com a gente para a reunião de amanhã. A gente está tentando lançar um candidato mais popular nas próximas eleições, no nosso partido.

— Que partido?

— Não tem nome ainda. Chamamos de partido novo. Eu sou do conselho, sabe. É o nosso segundo pleito. Na primeira vez, perdemos feio, mas agora é diferente. O cenário mudou. Vamos fazer uns eventos pacíficos para ver como as pessoas reagem. Dois ou três antes das eleições. Essa gente que está aí, a popularidade deles está caindo. É a desconfiança com essa rede de vigilância que eles criaram, e essas prisões injustas. Essas regras ridículas, e a gente, o que eles fazem com a gente é desumano. Vamos apelar com isso. Tipo: você faria isso com o seu filho que nunca cometeu um crime de verdade? Vai ser mais ou menos nesse tom. Tudo pacífico, sabe.

— Estou torcendo por vocês. — Lorenzo sorriu, mas por dentro ele tinha dúvidas de que as coisas fossem assim tão simples. "Só com muita sorte, ou alguém mais eficiente fazendo alguma coisa", ele pensava. — Estou me divertindo com eles caindo degrau por degrau. O delegado, você precisava ver. Ele tinha aspirações para a prefeitura, mas o caso do banco acabou com ele. De herói da limpeza urbana, ele se tornou um incompetente. Não vai ser prefeito, nem chefe de nada. Ele está à beira da loucura com o capitão mandando em tudo e afundando a popularidade dele.

— Sério que eu tô perdendo essa? Ai, gente, como eu queria ter visto a cara dele sendo desmoralizado na frente dos jornalistas! Eu conheço o delegado. Sujeitinho insuportável e presunçoso. Sempre manda fazer buscas aqui. Eles plantam coisas para nos incriminar. Agora que as eleições estão chegando, a gente precisa ficar de olho vivo.

O rei está morto (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora