Episódio XXIX - Consequências

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Quem disse que o tempo era relativo estava certo.

Certa vez Isadora lera em um livro que o tempo era relativo ao corpo e local a que se refere. Havia mundos nos confins do universo onde o tempo passava milhares de vezes mais rápido que na Terra. Em um mundo assim, um segundo poderia significar o tempo de nascimento, evolução e extinção da raça humana.

Tudo em um piscar de olhos.

Em contra partida haveria mundos em que o tempo nunca tinha começado. Como viver em uma pausa eterna, livre do senhor de todas as coisas?

Havia também a teoria de que o mundo espiritual e o mundo físico existiam no mesmo plano e não em planos diferentes, como muitas religiões acreditavam. A questão era que, na morte, o espírito desligado do corpo físico era capaz de se deslocar em sua velocidade natural, uma velocidade impossível de ser notada pelos sentidos humanos.

Tudo aquilo era irrelevante naquele momento.

O tempo parecia congelado e a pior parte seria quando voltasse a correr.

Adriana conduzira os quatro estudantes até a sala da diretora, Miss Wingates e pedira que eles se sentassem e a aguardassem ali.

O escritório de Miss Wingates era enorme, amplo e elegante. Havia diversas estantes de livros, mesas com livros de pesquisa e estatuetas. Havia uma mesa com um microscópio, uma ampulheta e dezenas de frascos e tubos de ensaio, alguns vazios, outros com líquidos de diversas cores.

Uma espécie de mesa de alquimia misturando magia e tecnologia.

Um dos cantos da sala era decorado com uma estátua de mármore da deusa Athena em tamanho natural de um ser humano. A belíssima obra de arte possuía todos os detalhes conhecidos da lendária obra real. Tinha a mão direita com a palma virada para cima, segurando uma estatueta da deusa da vitória, Nice. A mão esquerda era apoiada sobre o enorme escudo redondo ao seu lado no chão e a lança de batalha estava em pé, apoiada no braço esquerdo.

Havia ainda a seus pés a serpente que representava Erictônio, filho adotivo da deusa e também primeiro rei mítico de Athenas.

A belíssima estátua parecia quase viva, os vigiando, tão assustadora quanto a mulher que ostentava o mesmo nome da deusa.

Quando os quatro estudantes entraram, logo após a secretária, encontraram quatro grandes cadeiras diante da majestosa mesa de trabalho da diretora. Josh e Leonel se sentaram nas duas do meio, com as garotas nas outras, Isa ao lado de Joshua e Trixie ao lado de Leonel.

Adriana colocara alguns papeis sobre a mesa e dissera que a diretora logo os atenderia, saindo da sala.

E então o tempo congelou.

Os primeiros minutos de espera pareceram horas e logo parecia uma sessão de tortura psicológica. Isadora não sabia se Leonel havia falado sobre o ocorrido com Trixie antes, contudo, depois da transa na casa de Candy e de Josh a deixar em casa na parte da manhã de domingo, não haviam se falado mais.

Os quatro tinham vindo da sala de aula em silêncio e o mantinham.

Aquela sala poderia ter câmeras de segurança escondidas entre os objetos e falar sobre o incidente seria como se confessar para a diretora. Além de quê, não havia nada para falar. Isadora sentia que precisava conversar com Leonel sobre aquilo, mas sequer sabia por onde começar.

O tic-tac incessante de um enorme relógio de parede já estava dando nos nervos. A nerd procurava manter a calma. Pensava no que falaria com o pai mais tarde, quando voltasse para casa. Aquela conversa com Miss Wingates ditaria o rumo da conversa com o pai, considerando se fosse expulsa ou não.

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