Contos Eróticos - O Ponto I

Episódio XXXIV - Cartas na mesa

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Isadora respirara fundo, molhando os lábios, procurando se acalmar. Leonel e sua equipe tinham realizado uma apresentação impecável. Nenhum membro de seu time tinha sequer gaguejado enquanto falavam. Ela e sua equipe tinham de fazer o mesmo. Não, tinham de fazer melhor.

Os vídeos das apresentações de todos os TCC's do colégio eram enviados para diversas universidades recomendando seus alunos. Muitos chegavam a ganhar bolsas integrais em faculdades conceituadíssimas. Não que precisasse de uma bolsa. Ainda assim, o vídeo daquela apresentação estaria em sua carta de recomendação para Harvard. E certamente havia alguém enviado de Harvard entre as dezenas de convidados de Miss Wingates.

Mesmo com tantas preocupações sérias em mente, a nerd não conseguia deixar de pensar no que Trixie havia planejado para aquela noite realmente. Era irrelevante agora, mas Phoebe dissera que o vídeo onde as duas apareciam não era o plano original da loira. Então, qual era? O que Trixie pretendia? Acreditava que a morena tinha sabotado a amiga para a ajudar. Mesmo assim, Phoebe não revelara o que Trixie iria fazer se não tivesse sido impedida.

E agora, depois do vídeo e do beijo que conferira ao vivo, sabia que a garota tinha sentimentos pela piranha loira. Como seria ver Trixie se jogando nos braços de Leonel em cada oportunidade quando gostava dela? Não conseguia imaginar.

Na verdade, não conseguia imaginar alguém ter sentimentos por Trixie, uma vez que a conhecesse de verdade. Talvez a loira tivesse alguma qualidade que ninguém mais conhecia. Mesmo gostando da garota, Phoebe não aprovava suas atitudes, era uma pessoa sensata. E tinha ajudado a nerd por isso.

Tudo muito confuso – pensara Isadora balançando a cabeça.

O mundo de fantasias na cabeça da nerd se dissipara quando ouvira Miss Wingates se despedindo da plateia no palco. Era a deixa para que começassem. Para alguém que quase nunca era vista no colégio ou falando com professores e alunos, nessa noite a diretora pegara o microfone duas vezes.

Talvez fosse por ser o último dia de apresentações. Talvez fosse por causa de quatro entre os formandos da noite terem sido presos e repreendidos há seis meses e ela quisesse os ver pessoalmente mostrando que tinham aprendido a lição. Talvez o espírito natalino estivesse tomando a mulher.

Não. Essa última opção provavelmente não era o caso.

Sem pensar em mais nada, Isadora prendera a respiração e caminhara para o centro do palco, desfilando sobre saltos altos como se dançasse para a plateia. Confiança – dissera a si mesma mentalmente. Tudo daria certo.

Quando finalmente se vira diante das centenas de pessoas que aguardavam o início da apresentação, três se destacaram entre a multidão. O pai a encarava com um sorriso confiante no rosto. Ao contemplar o homem que a inspirara a ser quem era sentado ali, apenas esperando para conferir o que ela havia aprendido, a nerd tivera a certeza de que tudo até aquele momento tinha valido a pena.

Ao seu lado estava Lúcia, sua mãe. Ainda que tivessem suas diferenças de opinião e personalidade, aquela era a mulher que sempre estivera ao seu lado em cada grande momento de sua vida. Fora Dona Lúcia Jimenez que a ensinara a andar de bicicleta, que a levara ao médico centenas de vezes em sua infância e que estava lá para a ensinar a lidar com sua primeira menstruação. Todas as vezes que o pai precisara se ausentar por alguma razão, a mãe estava pronta para a acompanhar no que precisasse.

Algumas cadeiras longe dos pais, bem ao lado de Trixie estava Leonel. Havia tanta coisa que queria ter dito para aquele homem nos últimos meses. Ou seria desde que o tinha conhecido, um ano e meio antes? Não sabia como, mas ainda teria que falar com ele antes que se despedissem e se afastassem para sempre.