Episódio III - Vadias

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Isadora estava com o olhar fixo na tela central do computador em sua mesa. Ter um pai apaixonado por tecnologia era um grande ponto a favor quando essa era também sua grande paixão. A enorme mesa de escritório posicionada no lado direito da janela tinha três monitores ligados à CPU e a garota raramente se via programando uma coisa só.

Além disso, quando estava sozinha um dos monitores estava sempre com pornografia na tela. Naquela tarde o problema não eram as linhas de códigos que não funcionavam e sim sua mente trabalhando distante dali, distraída com coisas irrelevantes naquele caso.

E com coisas irrelevantes a garota se referia a sexo.

Já fazia uma semana desde o ocorrido com Leonel embaixo da ponte. Nada de novo acontecera desde então, o clima entre ambos voltara ao normal, onde ele só pensava em estudar e concluir tudo primeiro que ela nas aulas.

Como se já não fosse demais ser chamada de "a segunda da turma" por ter as mesmas notas, o mesmo potencial, mas não a mesma velocidade na hora de programar, agora tinha de ouvir dia e noite Katie e Leon lhe dizendo sobre como ela estava perdendo tempo não avançando a relação com aquele sujeito.

Mesmo sendo gostoso, bonito, inteligente, dotado e um dos homens mais desejados do colégio, Isadora ainda não conseguia simpatizar completamente com o rapaz. Lembrara-se do mesmo a interrompendo durante um debate com o professor em uma aula de C++ e a corrigindo na frente de todos.

O pior de tudo? Ela estava errada!

Nem tivera como argumentar e seguindo um dos milhares de conselhos que sempre ouvira do pai, reconhecera o erro e agradecera, mas por dentro, tudo que queria era poder o enforcar.

Ela era uma mulher, havia tido um momento de intimidade com ele. Havia o deixado gozar em sua boca! Ele não poderia ser mais delicado com ela?

Sempre pensara que entendia tudo sobre sexo, que teria o controle quando acontecesse e tudo ocorreria da forma que desejasse, mas ao contrário disso, a cena em que estivera com Leonel não saía de sua cabeça, queria mais e não sabia como lhe dizer isso sem parecer uma completa vadia. E o sujeito parecia não se importar. Isa sentia que para ele, era como se ambos tivessem saído para tomar um sorvete e nada mais.

Não, sorvete não.

Pensar em Leonel e em sorvete já a fazia imaginar sua boca e sua língua em ação novamente com o rapaz. E lá estava ela com a calcinha encharcada de novo. Tinha que descobrir uma forma de resolver aquilo.

—Planeta terra chamando Isadora DJ – Leon sempre abreviava as iniciais do sobrenome da menina e os pronunciava juntos para chamar sua atenção – Por acaso ainda estamos no mesmo universo, meu bombom?

Os olhos negros da garota voltaram-se para sua esquerda onde o rapaz se inclinava olhando para ela. Só então se dera conta de que estava com as mãos paradas sobre o teclado, sem digitar nada.

Retirou os óculos e limpou os olhos tentando se lembrar a quanto tempo se encontrava distraída daquele jeito. Finalmente torceu os lábios com um esboço de sorriso num canto, encarando o amigo.

—Há quanto tempo eu estava dormindo acordada? – sussurrou.

—Precisos e extremamente longos doze minutos – dissera o rapaz erguendo uma sobrancelha – Sabia que o tempo corre em ritmo diferente para quem está dormindo e quem está esperando? – comentara sarcasmo – Em um instante estava falando sobre seu programa de segurança para o shopping e no seguinte ficou congelada, presa em outro mundo... – colocando uma das mãos na cintura, Leonard levara o indicador da outra até o queixo – deixe-me adivinhar, sonhando com um certo amigo dotado que temos em comum.

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