CAPÍTULO 3- ALFONSO

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—Eu vou ter o Reuben, — eu digo, escondendo um sorriso. Eu sei que ela não vai gostar que eu esteja pedindo a mesma coisa, mas não posso evitar. O Reuben foi muito bom na primeira vez, e não suporto a ideia de pedir uma salada.

—É sério? — Anahí está olhando para mim com um sorriso nos lábios. Eu posso dizer que ela quer dizer outra coisa, mas ela não diz.

—Eu sou uma criatura de hábitos, — eu respondo, colocando o meu menu na mesa.

—Sim? Eu acho que é por isso que você voltou e sentou na mesma mesa com seu cachorro na mesma hora na semana passada, — ela diz e pega meu cardápio. Eu estava preocupado que ela já tivesse me esquecido, mas ela está me tratando como se fossemos amigos perdidos há muito tempo.

Anahí se afasta e olho para Shark. Ele está olhando para mim como se ele soubesse exatamente qual é a situação. Meu cachorro está me julgando? Provavelmente.

—Beba sua água, — eu digo a ele.

Eu não posso deixar de me sentir estranho sobre a coisa toda. Na semana passada, estive aqui pela primeira vez e achei que seria a última, mas não consegui parar de pensar nela. O que diabos eu estava pensando? Eu olho para Shark e tento pensar em como acabei aqui. Eu até mesmo tomei banho e me vesti bem também.

Claro, eu conheci punhados de garotas bonitas no passado, mas todas escaparam da minha mente rapidamente. Há algo sobre Anahí, algo que me atrai para ela.

Em Chicago, meus pais me incentivaram a namorar mulheres bonitas, filhas daqueles que estavam em seu círculo social. Suas famílias possuíam corporações ou estavam envolvidas na política, mas nunca as achei muito interessantes. Elas eram como robôs em vestidos caros.

Quando finalmente escapei de Chicago, não pude acreditar no quão maravilhoso era o silêncio.

—Mais café? — Anahí pergunta, me interrompendo dos meus pensamentos.

Eu olho para ela, nossos olhos se encontrando, e eu aceno.

—Estou surpresa que você esteja aqui, — diz ela enquanto enche minha xícara até o topo.

—Eu também, — eu respondo, me chocando.

 
Ela me olha de cima a baixo, e eu a vejo focando nas minhas mãos que são calejadas de trabalhar em torno da minha propriedade. —Então o que você faz da vida? — ela pergunta sem rodeios.

Isso vai levar algumas explicações, e não tenho certeza do que dizer.

—Todo dia é diferente, — eu respondo educadamente sobre a minha xícara de café. Ela olha para mim atentamente, como se estivesse esperando eu continuar.

—Eu sou um autônomo, — eu finalmente digo. Ótimo, agora ela vai pensar que sou um vagabundo desempregado. Mas o que devo dizer? Eu tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar nenhum dia da minha vida? Isso soa ainda pior, na minha opinião.

—Autônomo de quê? — ela pergunta.

De alguma forma, eu sabia que não sairia me explicando tão rapidamente, sem considerar que ela é tão direta quando pergunta.

—Trabalhando na minha terra principalmente. Eu tenho uma cabana e alguns acres na encosta da montanha. Mantê-lo e prepará-lo para os meses de inverno leva muito do meu tempo. — Eu respondo com sinceridade, deixando de fora apenas detalhes suficientes, onde eu não tenho que discutir o meu passado.

Com as poucas conversas que tivemos, sei que ela trabalha duro por tudo o que tem e parte de mim se sente culpada por ter nascido com uma colher de prata na boca, mas é a razão pela qual me mudei para Montana em primeiro lugar.

—Eu faço trabalhos de carpintaria também, — acrescento, quebrando o silêncio constrangedor. Eu deixo de fora a parte em que não sou pago por isso.

—Oh, como mesas e estantes de livros? — ela pergunta.

—Bem, sim. Isso, e também construindo casas e outras coisas.

—Você constrói casas? — Eu posso dizer que ela está impressionada com o jeito que seu rosto se ilumina com um sorriso.

—Eu construí minha casa e a oficina onde guardo todas as minhas ferramentas. — Não consigo parar de ver o jeito que ela olha para mim e não quero que essa conversa termine tão cedo.

—Isso é incrível. Eu sempre quis ter um talento legal como esse. Você sabe, construindo algo com suas próprias mãos em vez de servir apenas ovos e café para as pessoas.

—Servir pessoas é muito importante, — eu digo. —Quem mais faria isso?

Ela sorri, mas vejo o sorriso em seu rosto cair um pouco. —Eu gostaria de ter voltado para a faculdade e feito algo mais com a minha vida.

—Ainda há tempo sobrando. Você não precisa desistir disso.

—Eu não sei. Não parece mais realista, — ela admite. Eu quero pedir a ela para sentar e tomar café da manhã comigo para que possamos conversar sobre tudo, para que eu possa conhecê-la melhor.
 
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E não é que ele voltou 🤭🤭
 

O homem da montanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora