CAPÍTULO 4- ANAHI

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—Ele veio ao café de novo, — eu digo para Maite enquanto coloco meus itens de mercearia na esteira.

—O que? — Ela pergunta, arregalando os olhos. —Mesmo?

—Sim, aquele cara o Alfonso. Ele voltou para o café, — eu repito, pensando que talvez ela não tenha entendido da primeira vez. —E ele pagou com uma nota de cem dólares, me deixando uma gorjeta gigante, novamente.

Há uma pausa

—Você conseguiu o número dele? — Maite spergunta, passando meus itens sem olhar para eles. Ela trabalha no supermercado desde os dezesseis anos e pode fazer esse trabalho enquanto dorme.

—Não. Não vou pedir o número dele, Maite. Não estou desesperada e isso nunca surgiu.

—Eu nunca estou falando com você de novo, — diz ela com uma risada.

—Maite, você deve ter visto ele antes. Este é o único lugar onde ele pode comprar comida.

—Descreva-o para mim, — diz ela, tomando seu tempo ao passas minhas coisas para que possamos continuar esta conversa, independentemente da fila que se forma atrás de mim. Eu olho por cima do meu ombro para ver quantas pessoas estão esperando e a mulher diretamente atrás de mim me dá um murmúrio irritado de que estamos tendo uma conversa enquanto Maite está no trabalho. Eu poderia ter esperado até mais tarde naquela noite, mas eu estava muito animada e precisava de alguém para conversar assim que saísse. Além disso, eu finalmente coloquei minhas gorjetas no banco e precisei comprar mais alguns mantimentos, então conversar com Maite era inevitável.

—Alto, construído, cabelos castanhos, barba, olhos verdes brilhantes, — começo a explicar. —Camisa branca, seu típico homem da montanha.

Maite para de tocar meus itens e olha para o teto como se um pensamento estivesse vindo para ela.

—Espere um minuto, — diz ela.

—Você poderia por favor se apressar. — A zangada senhora atrás de mim franze a testa.

Maite revira os olhos e continua passando os poucos itens restantes.

—Eu acho que eu poderia saber de quem você está falando, — diz Maite, — calmamente. —Ele tem ombros largos e uma tatuagem no interior do braço? E cabelos bagunçados que se separam de um lado?

Eu tento pensar nele no café e lembro de ter visto algo em seu braço, mas eu não olhei de perto, mas tenho certeza que é ele. Eu aceno, e reconhecimento pisca em seus olhos enquanto ela procura em sua memória e eu sorrio.

—Adônis não pode ser confiável, — afirma ela.

—Que diabos isso significa? — Eu pergunto.

—Adônis. Nós o chamamos de Adônis, esse seu amigo Alfonso.

Toda vez que ele entra, Muriel vem pelo alto-falante e diz: — Adônis, corredor 6. — Ou —Adônis no departamento de laticínios.

—Você está brincando.

—Eu não estou brincando. Esse cara é uma lenda. E agora você vai começar a namorar o gostoso.

Maite parece desapontada ou triste ou algo assim. Eu não consigo colocar meu dedo nisso.

—Você acabou de marcar o cara mais sexy que já passou por essas portas, — insulta Maite, apontando para as portas automáticas na frente do supermercado. —Mas Adônis não pode ser confiável.

—Por que ele não pode ser confiável? — Eu digo, passando meu cartão de débito.

—Insira, não passe, — diz Maite, corrigindo-me.

—Quando ele veio aqui pela última vez? — Eu pergunto.

—Veio hoje, — ela admite. —Ele estava vestindo uma camisa branca limpa e jeans que o abraçavam em todos os lugares certos.

Eu insiro meu cartão de débito e Maite começa a pegar meus itens. —Sim, é ele!

—Homens que se parecem com isso não são confiáveis. Isso é uma quebra de coração certificada, Anahí. Ele provavelmente está morando lá em seu apartamento de solteiro e atraindo turistas com frequência.

—Maite, você é ridícula, — eu digo, removendo meu cartão de débito e colocando de volta na minha carteira. —Quem está lá para ele atrair? — Eu digo olhando em volta. Eu encontro os olhos da mulher irritada atrás de mim e espero que ela não seja uma das conquistas de Alfonso. Maite é absurda.

—Minha mãe sempre me ensinou que um cara que se parece com isso não poderia ser confiável.

—Bem, claramente você tem alguma bagagem que eu não tenho. — Pego as sacolas plásticas e saio do caminho para que Maite possa começar a passar os mantimentos da senhora impaciente.

—Estou apenas cuidando de você, isso é tudo. Mas é melhor você agarrar ele antes de mim, — brinca ela.

—Tenho certeza de que não vou vê-lo novamente, — digo a ela, mas espero não estar certa.

—Você precisa encontrar o Adônis e fazer sexo incrivelmente quente e fazer lindos bebês, — diz Maite com naturalidade. Todos na fila têm uma reação diferente a essa afirmação. Alguns reviram os olhos, alguns riem e outros fingem que não a ouviram. E na sua forma típica, ela está falando alto como o inferno e não se importa com quem a ouve.

Eu rolo meus olhos para ela e sorrio. —Tanto faz. Certifique-se de trazer Pringles para o meu lugar hoje à noite. Você compra um e ganha um grátis.

—Como se eu não soubesse, — diz Maite com uma risada. — Eu já comprei!

Saio do supermercado e, por um momento fugaz, gostaria que

o Adônis no corredor de laticínios 6 viesse pelo alto-falante. Eu adoraria vê-lo novamente, mas fora do trabalho, sem todas as interrupções. Havia apenas algumas perguntas que eu poderia fazer naquela tarde, mas não havia tempo para perguntar mais. Eu quero descobrir seus segredos. Eu preciso saber tudo sobre ele.

O homem da montanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora