1

11K 705 192
                                    


POV Anastasia

Oito horas depois...

Eu preciso sair daqui.
Eu sabia! Meu Deus!
Eu preciso sair daqui.

Repito mentalmente mas com tanta gente na minha frente é quase impossível sair dessa maldita boate. Tento ao máximo para segurar as lágrimas e engolir o choro. Me recuso a chorar aqui na frente dessa turminha de vagabundas e canalhas. O que eu poderia esperar de alguém que tem a turma que tem?


No desespero de sair daqui acabo empurrando algumas pessoas e uma delas é Elliot Grey, o irmão dele que aliás é o único que conheço da família já que o mesmo nunca tocava no assunto de conhecer as famílias. Tá explicado o porquê.


Elliot percebe o meu estado e aparentemente preocupado tenta saber o que houve e me oferece ajuda. Ele me segura nos ombros e tento, sem sucesso, afastar suas mãos de mim. A única coisa que faço é balançar a cabeça negativamente, ele olha nos meus olhos e não sei o que vê mas expressão se torna mais séria e com isso me solta. Continuo empurrando as pessoas na tentativa de abrir caminho até a saída. Consigo chegar até a porta e não sei por qual razão olho pra trás, fico estagnada vendo os dois irmãos alterados no que parece ser uma discussão. Ainda cheguei a ver Elliot dar um empurrão no irmão que não reage. Paro de olhar pra eles e sigo em frente.


Já na frente da boate puxei o ar com uma certa urgência, eu precisava de oxigênio, parecia estar sufocando. Na verdade eu estava. Por sorte ou por piedade divina havia um táxi, que graças a Deus tinha acabado de desocupar. Entrei e passei o endereço, peguei meu celular e desliguei porque sabia que ele ligaria.

Encosto a cabeça na janela deixando as lágrimas caírem.
Há uma confusão de sentimentos dentro de mim. A raiva, a mágoa, a tristeza e o ódio, dele e de mim, disputam entre si pra saber quem é o maior. O motorista estaciona e me dou conta de que chegamos, ele me olha pelo retrovisor com um semblante de preocupação talvez, pago a corrida e agradeço saindo do carro.

Entrando em casa subo direto pro meu quarto, minha cabeça está a 1000/h. A imagem dele transando com a Olivia no corredor do banheiro daquela boate não sai da minha mente. Desde que essa vagabunda apareceu a nossa relação desandou.


Desfeita em lágrimas tiro minha roupa, jogo num canto qualquer do quarto, pego meu roupão e vou para o banheiro. Olhando o meu reflexo no espelho tudo o que vejo é um rosto inexpressivo banhado por lágrimas que caem constantemente. Entro no box deixando a água fria cair sobre minha cabeça até que finalmente paro de chorar. A decepção de mim mesma foi maior do que qualquer coisa e foi o que mais me doeu. Os sinais eram claros eu só não quis aceitar. Dizem que a água limpa até a alma, talvez seja verdade, me sinto mais limpa daquela sujeira toda. Me olho novamente no espelho tenho a sensação é de estar anestesiada. Volto pro quarto, sigo em direção a cama me deito mesmo de roupão. Parece que estou num loop temporal. Isso me destrói ainda mais.


Abro a porta do banheiro na intenção de sair e dou de cara com Christian e a vagabunda dele transando. Ele prendia Olivia contra a parede, sua mão segurava a coxa dela junto ao seu quadril. Os dois gemendo naquele movimento de vai e vem. Não se intimidaram com o pouco de claridade que o abrir da porta trazia. No modo automático, ou em choque talvez, apaguei a luz do banheiro, fechei a porta e segui pelo corredor passando pelo casal.


Relembro o o momento em que nos conhecemos, o pedido de namoro, nossa primeira vez, lembro do quanto ele era carinhoso e atencioso, e protetor. De dois meses pra cá as coisas a mudaram. Ele passou a me negligenciar, passou a preferir a turma ao invés de mim.

Resolvendo o Passado Onde histórias criam vida. Descubra agora