Capítulo 8 - daddy issues

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Acordo com um bipe distante. Ouço os cochichos da minha mãe, ela parece estar no telefone com alguém. Quando abro os olhos, o teto branco parece me encarar de volta, sinto algo frio no meu braço, reparo que estou no soro. Minha mãe vem em minha direção e coloca a mão no meu rosto.

– Oi querida, como se sente? – ela diz, com um olhar preocupado.

– Estou bem. – respondo, com a voz rouca. Mesmo que minha garganta doa e meu corpo pinique inteiro.

– Você comeu alguma coisa com morangos... – noto uma pontada de tristeza na sua voz.

Não consigo acreditar no quanto fui idiota. Uma vez quando eu tinha 3 anos, parei no hospital pelo mesmo motivo, desde então minha mãe nunca mais tinha me deixado perto de morangos.

– Eu tenho mais uma notícia pra você, mas falo depois que deixar seus amigos te verem, ok? – Balanço a cabeça em um aceno. 

Ela sai pela porta e olho em volta. O céu está azul lá fora e a televisão do quarto está no mudo. Suspiro e encosto a mão em minha garganta, ela parece inchada como se eu tivesse com caxumba.

A porta se abre e Sofi e Matt entram por ela. Sofi está com os cabelos castanho em um coque e com um macacão preto, e Matt está de blusa branca e calção jeans. Suas tatuagens ressaltam mais quando ele coloca qualquer coisa branca. Sua barba está por fazer e ele tem um machucado na boca, perto do piercing. A cena dele dando um soco em Rafael repete na minha mente, ele deve ter revidado, penso comigo mesmo enquanto me ajeito na cama.

– Essa foi por pouco, hein. – diz Sofi, se aproximando de mim.

Matt vem pelo outro lado e segura minha mão.

– Você quase nos matou de susto, Ana.  – ele diz. Fico triste por ele me chamar pelo nome e não pelo apelido, mesmo eu tendo pedido pra não ser mais chamada de linda. 

– Morangos não gostam muito de mim. – digo, forçando um sorriso.

– Shh, não precisa falar, sua voz está péssima. – diz Sofi, me fazendo soltar uma gargalhada que parece mais com um ganso tossindo. – O Dani lhe mandou um Oi, e disse pra irmos comer pizza quando você melhorar. – continua ela.

– Eu vou sair pro Rafa entrar, Matt você vem?

– Não, vou ficar aqui. –  ele responde, sentando no colchão ao meu lado, sua cara fica séria no momento em que Sofi menciona o nome de Rafa.

– Vá que ele tente te matar de novo. –  ele sussurra pra mim, sorrio com seu bom humor.

Quando Rafael entra e vê Matt, ele para no meio do quarto. Eles se encaram em um silêncio gélido enquanto meu soro faz um barulhinho a cada gota que pinga. O olho de Rafael está roxo e sua cara tá bem pior do que a do meu melhor amigo. Eu ainda não acredito que eles saíram no soco porque comi um negócio errado.

– Oi. – forço a voz, tentando quebrar o gelo que se instalou no quarto.

Como se saísse de um transe, ele tira os olhos de Matt e me encara, suas sobrancelhas se juntam na testa e seus ombros caem.

– Meu Deus Ana, me desculpa. Olha só como você está... – ele diz, se aproximando da cama e tocando no meu braço que está cheio de manchinhas vermelhas.

– Não é tão ruim quanto parece. – digo, tentando acalma-lo. –Não é sua culpa, você não sabia. – continuo, mas paro por aí, não consigo mais falar sem que eu sinta como se tivessem enfiando agulhas na minha garganta.

Antes do Amanhecer *COMPLETO* sem ediçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora