Capítulo 9 - uma segunda chance

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MATT

Depois de passar a noite com Ana, vou para casa  pela tarde, já sentindo a falta do corpo quente dela nos meus braços. Eu preciso tirar essa menina da minha cabeça, ou vou acabar fazendo alguma coisa que vai estragar a amizade que nós dois construímos por todos esses anos. 

Quando chego, minha mãe reclama que não almocei em casa, mas passo reto por ela. Dona Lúcia sempre foi uma mulher amarga desde que eu era pequeno. A verdade é que nada nunca está perfeito para minha mãe, e ela acha que pode criticar a tudo e a todos. Eu nem tenho certeza se ela já falou que me amava em algum momento da vida. É por isso que meu pai, Fernando, está sempre viajando a trabalho pela sua firma de advocacia. Ele podia cuidar dos processos de seus clientes de longe, mas sempre inventa uma desculpa de ir até eles. Eu não o culpo, com uma mulher dessas do lado eu faria o mesmo se pudesse. Eles são extremamente o oposto um do outro, o que ele tem de carinhoso ela tem de amarga. Eu nunca vi ela dizer uma palavra boa sobre ele, sendo que ele sempre lutou pela nossa família. Eu acabo ficando no fogo cruzado, e meu irmão mais velho, Bernardo, saiu de casa quando teve sua chance. Não vejo ele há meses. 

É por causa disso que assim que coloco o pé em casa, já chamo Carlos, um dos meus amigos do Direito, pra saber qual a boa pra hoje e poder sair daqui de novo. O pessoal quando está de férias, faz social na casa de alguém todo dia. É uma forma da gente esquecer o semestre horrível que tivemos. Infelizmente ele responde que só 21h vamos nos encontrar na casa de outro colega, então fecho as cortinas do quarto, deixando ele escuro e me atiro na cama. Quando deito, sinto falta do corpo pequeno de Ana abraçado ao meu. 

Acordo com uma batida na porta, minha mãe está me chamando para jantar com ela. Levanto sem muita vontade e a sigo pelo corredor. Ela veste um blazer azul marinho e tem pérolas brancas no seu pescoço. Seu cabelo está em um coque perfeito. Sentamos de frente um para o outro, e seus cílios piscam, seus olhos azuis - que são iguais aos meus - estão semicerrados me encarando. 

– Você deveria cortar esse cabelo, Matt.– diz ela, com a voz dura.

Passo as mãos pelos fios do meu cabelo e concordo com um aceno de cabeça. Não adianta discutir com ela sobre coisa alguma mesmo.

– Eu vi que você tirou um 7 no último semestre. Como consegue ser assim? Quando se formar não vai ganhar menção honrosa pelo bom trabalho. Ganharia se tivesse fazendo um. – ela continua, enquanto coloca uma massa na boca,

A encaro incrédulo. Eu entendo que ela quer companhia, mas como vai conseguir isso sendo a pessoa mais insuportável da face da terra? 

Largo meu garfo em cima do prato e levanto. O talher faz um barulho estridente quando cai.

– Onde você pensa que vai? 

– Estou satisfeito. – digo, pegando as chaves do meu carro e batendo a porta atrás de mim. 

*** . ***

Quando entro na casa de onde vai ser a mini festa, vejo Carlos sentado no sofá perto de Luísa, que já parece estar bêbada. Cumprimento os dois e ela me puxa pra sentar ao lado dela. Carlos me oferece uma cerveja, e eu nego com a cabeça, já que vim de carro. Depois de um tempo, Daniel e Sofia chegam juntos e sentam no chão na nossa frente. Sofia fica me olhando estranho toda vez que a Luísa diz alguma coisa encostando em mim. 

– Vai mais pra lá, cara. – Carlos diz pra mim. 

– Pronto, agora tem espaço de sobra pra você. – Luísa responde ele, enquanto senta no meu colo e coloca um dos braços atrás do meu pescoço. 

Antes do Amanhecer *COMPLETO* sem ediçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora