ANADepois que saímos da festa, Rafael decide parar para comer. Segundo ele, nada que um hambúrguer não resolva. E assim é mais fácil de eu não chorar ou xingar ninguém, ao menos, ele espera. E eu também.
– Rafa, eu acho que tô enlouquecendo. – digo, enquanto pego uma batata frita do prato.
– Natural... – ele diz, enquanto brinca com o canudo de seu refrigerante. – Você perdeu não só seu melhor amigo, mas seu namorado.
– Ele não foi meu namorado.
– Quase namorado. – ele revira os olhos pra mim. – Se você gostou dele o suficiente, ou amou sei lá, é quase a mesma coisa. – ele insiste.
– Eu me sinto culpada as vezes, sabe? Enquanto faço algumas coisas, ou sei lá, de vez em quando parece que a voz dele ecoa na minha cabeça. Como se ele tivesse me assombrando. – comento.
– Você acredita em espíritos? – Rafael diz, arregalando os olhos.
Começamos a rir, as poucas pessoas ao redor nos encaram. Sim estamos bêbados, e dai? São duas horas da manhã pelo amor de deus.
– A diferença é que ele não morreu. – afirmo, dando uma mordida no hambúrguer. – Se ele morresse também eu nem saberia.
– O Dani saberia. – Rafa diz.
– Que? – digo. – Como assiiiim? – insisto, batucando na mesa.
– Matt ligou pro Dani semana passada, mas não sei de detalhes. – Rafa responde de boca cheia.
– Filho da mãe. – xingo.
– Ele não quis te falar pra te proteger, Ana.
– Não preciso disso. – digo, fechando a cara.
Mesmo sabendo que na verdade preciso sim. Fico com raiva de Matt por ser tão imaturo e covarde. Passei da fase de me culpar para fase em que odeio ele. Odeio os olhos azuis, as tatuagens, o piercing da boca, odeio o jeito dele de não saber lidar com situações difíceis, odeio que ele fuja.
– Odeio ele. – digo para Rafa, que não me responde nada. Só me olha com pena. Respiro fundo, acho que até eu sinto um pouco de pena de mim mesma.
*** . ***
No dia seguinte estou com uma ressaca horrível, minha mãe me acorda e eu tomo um susto.
– Ana Ricci pode levantando dessa cama.
– Ok Liz Ricci. – respondo, com a voz sonolenta.
Minha mãe me alcança um vestido branco com rendinha embaixo, deixo ela escolher minha roupa porque sei o quanto ela liga para essas coisas de etiqueta e parecer bem para os outros. Coloco um gloss na boca e prendo o cabelo em um coque. Minha mãe está com um vestido preto que vai até o joelho e sapatos de salto alto que são nudes. Quando chegamos a casa de meu pai, fico o tempo todo no quarto rosa de Megan, no meio de seus ursinhos e brinquedos. É incrível como crianças tem uma imaginação e uma inocência gigante, ela é a melhor parte da minha família estranha, disso tenho certeza.
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Antes do Amanhecer *COMPLETO* sem edição
RomanceAna Ricci sempre foi do tipo de menina que nunca chamou muita atenção, diferente do seu melhor amigo, Matt Conti, que arrancava suspiros de qualquer pessoa que passasse. Os dois já se conheciam a 5 anos, e entraram ao mesmo tempo na faculdade. Ana...