Capítulo 17 - você acredita em espíritos? CAP. BÔNUS*

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ANA

Depois que saímos da festa, Rafael decide parar para comer. Segundo ele, nada que um hambúrguer não resolva. E assim é mais fácil de eu não chorar ou xingar ninguém, ao menos, ele espera. E eu também.

– Rafa, eu acho que tô enlouquecendo. – digo, enquanto pego uma batata frita do prato.

– Natural... –  ele diz, enquanto brinca com o canudo de seu refrigerante. – Você perdeu não só seu melhor amigo, mas seu namorado.

– Ele não foi meu namorado.

– Quase namorado. – ele revira os olhos pra mim. – Se você gostou dele o suficiente, ou amou sei lá, é quase a mesma coisa. – ele insiste.

– Eu me sinto culpada as vezes, sabe? Enquanto faço algumas coisas, ou sei lá, de vez em quando parece que a voz dele ecoa na minha cabeça. Como se ele tivesse me assombrando. – comento.

– Você acredita em espíritos? –  Rafael diz, arregalando os olhos.

Começamos a rir, as poucas pessoas ao redor nos encaram. Sim estamos bêbados, e dai? São duas horas da manhã pelo amor de deus.

–  A diferença é que ele não morreu. –  afirmo, dando uma mordida no hambúrguer. – Se ele morresse também eu nem saberia.

– O Dani saberia. –  Rafa diz.

– Que? – digo. – Como assiiiim? – insisto, batucando na mesa.

– Matt ligou pro Dani semana passada, mas não sei de detalhes. – Rafa responde de boca cheia.

– Filho da mãe. – xingo.

–  Ele não quis te falar pra te proteger, Ana.

– Não preciso disso. – digo, fechando a cara.

Mesmo sabendo que na verdade preciso sim. Fico com raiva de Matt por ser tão imaturo e covarde. Passei da fase de me culpar para fase em que odeio ele. Odeio os olhos azuis, as tatuagens, o piercing da boca, odeio o jeito dele de não saber lidar com situações difíceis, odeio que ele fuja.

– Odeio ele. – digo para Rafa, que não me responde nada. Só me olha com pena. Respiro fundo, acho que até eu sinto um pouco de pena de mim mesma.

*** . ***

No dia seguinte estou com uma ressaca horrível, minha mãe me acorda e eu tomo um susto.

– Ana Ricci pode levantando dessa cama.

– Ok Liz Ricci. – respondo, com a voz sonolenta.

Minha mãe me alcança um vestido branco com rendinha embaixo, deixo ela escolher minha roupa porque sei o quanto ela liga para essas coisas de etiqueta e parecer bem para os outros. Coloco um gloss na boca e prendo o cabelo em um coque. Minha mãe está com um vestido preto que vai até o joelho e sapatos de salto alto que são nudes. Quando chegamos a casa de meu pai, fico o tempo todo no quarto rosa de Megan, no meio de seus ursinhos e brinquedos. É incrível como crianças tem uma imaginação e uma inocência gigante, ela é a melhor parte da minha família estranha, disso tenho certeza.

Antes do Amanhecer *COMPLETO* sem ediçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora