Capítulo 15 - alive

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ANA

– Vamos, tenho uma ideia.  – Rafael diz, me puxando pela mão após a aula de fotografia.

Entramos no seu carro e ele começa a tagarelar sobre como eu só preciso de um choque para voltar a mim. Encaro a paisagem que passa entre nós, as árvores viram concreto puro e uma ponta velha que está longe se aproxima. Ela é extremamente alta.

–Nós vamos pular de lá.  – ele avisa, sorrindo.

– Tá. – respondo, sem emoção alguma na voz.

– Só "tá"? Você não tá com medo?

– Não. - respondo lentamente.

– Essa é nova. – ele diz enquanto balança a cabeça. – Acho que eu que estou com um pouco de medo de você Aninha. Nunca imaginaria você topando isso algum dia.

– Fazer o quê? Sou cheia de surpresas. – forço um sorriso para ele.

Quando chegamos até a ponte Rafael tira alguns apetrechos do porta malas do carro. Caminhamos até o meio dela, suas partes de ferro estão enferrujadas e velhos. Passo a mão por um deles, meu dedo fica marrom da ferrugem.

– Carros não podem mais passar por aqui. Cuidado para não se cortar.  – Rafa avisa, enquanto observa eu passar a mão pelos ferros da ponte.

Quando chegamos quase ao meio dela, uma corda é colocada na minha cintura e pernas, ele prende ela a uma outra fivela que da a outra corda elástica. Com um nó ele amarra as duas pontas em dois ferros que aparentam estar um pouco menos enferrujados. Seus olhos estão um pouco mais sérios agora, enquanto aperta com cuidado os nós que dá.

Eu olho para baixo, há água e algumas pedras, mas elas estão muito, mas muito longe. Continuo não sentindo nada.

Quando recebo a ordem de que posso pular, movo o corpo para frente com os braços abertos. Durante minha queda sinto um frio na barriga, e por um momento penso o quanto seria bom se essa corda arrebentasse. Droga.

Abro os olhos e estou pendendo e balançando de um lado para o outro. Meu coração está disparado, minha respiração fica mais rápida e as palmas da minha mão suam, sorrio enquanto sinto a adrenalina percorrer pelo meu corpo. Então escuto a voz de Matt, "você vai se machucar, linda", a mando calar a boca. Ele não está aqui, não pode ditar as regras agora. Quem dita elas sou eu. "Espero que aquele idiota tenha prendido bem essas cordas", bom Matt eu não, eu não.

Quando Rafa me puxa de volta para cima, meus cabelos estão bagunçados, mas um pequeno sorriso está estampado no meu rosto.

– Eu sabia que você ia gostar. – ele diz, enquanto me tira das cordas.

– Você vai? – pergunto.

– Hoje não, quem sabe outra hora. – ele responde, pegando a câmera que está pendurada em seu pescoço. – Olha só, tirei umas fotos.

Olho no pequeno visor da câmera, e há fotos minhas momentos antes de pular. Eu pareço uma pessoa totalmente diferente ali. Estou de calças jeans e blusa escura, com coturnos mesmo no calor, meus cabelos estão mais rebeldes e minha pele parece mais pálida. Nas próximas fotos eu estou na ponta da ponte, com os braços abertos, e depois pendendo lá embaixo.

– Ficaram muito legais. – digo, enquanto roo uma das minhas unhas.

Quando chego em casa posto tudo no Instagram, dou uma conferida na conta de Matt, mas ela foi suspensa. Reviro os olhos, ano sabático o caramba.

Antes do Amanhecer *COMPLETO* sem ediçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora