Capítulo 1 - A primeira festa a gente nunca esquece

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Eu não faço ideia de quem é essa casa, mas com certeza a pessoa não vai gostar nada quando essa gente toda sair daqui, vai ficar tudo sujo e vomitado, eca. Eu sempre odiei festas. Consegui passar três semestres da faculdade sem comparecer a nenhuma sequer. Pessoas bêbadas, barulho, cheiro de fumaça de seja lá o que essas pessoas estão fumando, é sério, cadê a famosa diversão?

Suspirei fundo enquanto tentava soltar um pouco do vestido preto de alcinha que minha amiga Sofia me emprestou. Sofi era do tipo que saia todo santo dia, conheci ela no primeiro dia de aula e ficamos amigas desde então. Quando decidi que ia vir a essa festa, ela olhou com cara de nojo para todas as roupas que tinham no meu guarda-roupa e falou que ia me vestir. Bom... aqui estou eu, com um batom vermelho, delineado e um vestido que faz eu mal conseguir respirar.

 – Toma Ana, peguei pra você.  –  Sofi diz, me tirando dos meus pensamentos, com um copo de um liquido não identificado na mão. 

 – Eu não bebo, Sofia.  –  digo, enquanto cheiro o copo. 

 –  Ah, um pouco de vodka não faz mal a ninguém, afinal, você vai precisar...  –  diz ela, enquanto olha para a porta. 

Viro o olhar na direção da cabeça dela, e vejo nada mais nada menos que um Matt, com uma camisa preta, os braços aparecendo todas aquelas tatuagens, o piercing na boca, os olhos azuis, e... uma Luísa espremida numa saia vermelha, com seus cabelos irritantemente perfeitos e suas pernas finas. Saco. Tomo um gole do copo. O liquido queima na minha garganta, e eu dou uma tossida. Se isso aqui era pra estar misturado, fizeram alguma coisa de errado. 

Viro pra Sofi tentando disfarçar meu desconforto, ela toca meu ombro com uma cara de "é eu sei" e eu reviro os olhos. Eu sempre gostei de todas namoradas do Matt, mas essa daí, eu tenho um pé atrás. Ela parece o tipo de pessoa superficial, que não se importa com os outros, que não se importa com ele. Mas eu, como melhor amiga que sou, abro meu melhor sorriso quando ouço a voz atrás de mim. 


 – Ana?  –  Matt diz, surpreso. Viro devagar e vejo ele observar meu corpo rápido, dou um tapa no braço dele enquanto rio. 

 – Para com isso garoto, nunca me viu na vida? 

 –  Acho que roubaram minha melhor amiga.  –  Matt rebate. Sofia da risada e eu reviro os olhos (pela segunda vez na noite). 

 –  Oi Lu.  –  digo, sorridente. Ela nem olha pra mim e pega o celular. 

 – Vou encontrar as minhas amigas baby, já volto.  –  ela fala, dando um beijo em Matt antes de sair rebolando e com os cabelos de um lado para o outro.

Ah por favor, você tá no Brasil menina, ninguém sai falando baby por aí. Penso, enquanto tomo mais um gole do liquido horroroso que tem no meu copo. 

 – O que você tá tomando aí?  Chá?  –  Matt pergunta. 

 – Vodka!  –  grita Sofia, antes que eu possa responder qualquer coisa. Os olhos azuis dele se espremem e ele faz uma careta. Ah pronto, a pessoa que mais eu vi beber nesses últimos 5 anos em almoços de família dando uma de careta. 

 – Achei que ela nem bebia.  –  ele diz pra Sofi, enquanto me da um sorriso amarelo. Mostro o dedo do meio pra ele. Irritante. 

– Você tá sempre me surpreendendo, né?  –  Matt fala, enquanto me da um soquinho no braço. Encaro ele forçando uma cara de braba, obviamente, ele ri da minha tentativa falha. 

...

Depois de vários copos de bebida, música alta, ter esbarrado em todo mundo que encontrei pelo caminho, me encontro atirada num sofá, olhando pra uma mesa cheia de balas de morango. Pego uma e coloco na boca, o gosto é bom, começo a rir sozinha por causa disso. Puts, talvez eu esteja bêbada. Pego meu celular, são 4h da manhã. Mando uma mensagem pra Sofi, que deveria dividir a carona comigo e com Daniel, o carinha que ela fica sempre e não bebe. Olho em volta, não tem ninguém que eu conheça. 

Começo a me sentir tonta, talvez meu estômago esteja um pouco brabo comigo. Gemo e jogo o papel da bala na mesinha. Não deveria ter comido isso. Levanto e o teto gira, vou encostando na parede a procura de um banheiro. A casa é enorme, parece mil vezes maior agora que eu preciso achar um lugar onde eu possa colocar um pouco de água gelada no rosto. Vejo uma escada e penso se vale a pena subir. 

Xingo a cada degrau. Quando chega no corredor, entro na primeira porta a direita. É um quarto. Na cama vejo cabelos loiros perfeitos, pernas finas, e um corpo embaixo dela. Mas esse corpo não tem tatuagens. A Luísa tá numa cama com um cara que não é a porra do meu melhor amigo.

– Desculpa. – murmuro, e fecho a porta. Desço a escada correndo e quase caio, quando saio pra rua, agradeço o ar gelado. 

 A Luísa ta numa cama com um cara que não é a porra do meu melhor amigo. 

 A Luísa tá numa cama com um cara que não é a porra do meu melhor amigo

 A Luísa tá numa cama com um cara que não é a porra do meu melhor amigo. 

– Ana? – alguém chama, longe. Minha cabeça começa a latejar. Quando me viro para a voz, encontro olhos azuis preocupados, Matt encosta nos meus ombros e antes que ele possa dizer qualquer coisa, vomito em seus tênis brancos. 

Antes do Amanhecer *COMPLETO* sem ediçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora