Susana
Cresci no meio de pessoas com muito dinheiro, meu pai construiu um grande império e, quando cheguei à família, já estavam milionários. Meus pais não podiam ter filhos e me adotaram ainda bebê, eles pensavam que eu não sabia de nada, no entanto descobri, aos dezessete anos, enquanto eles conversavam pensando que eu não estivesse em casa.
Eu realmente não estava em casa algumas horas antes desta conversa que ouvi. Laura, uma amiga querida da época de ensino médio, tinha insistido para que eu a acompanhasse a uma festa em que o cara que ela gostava estaria. Eu tinha alguém com quem estava envolvida, mas minha família não sabia, e só meus amigos mais próximos tinham consciência disso.
Felipe era um cavalheiro, me tratava como uma rainha, sempre jurava amor eterno. Todos viam a maneira como ele me tratava e chegava a ouvir que ele nunca tinha sido assim com ninguém. Eu estava apaixonada, perdidamente louca por ele, com os quatro pneus arriados, como dizem por aí.
Ele não era muito alto – se tinha dez centímetros a mais que eu, moreno claro, cabelos pretos e lisos, rosto marcante, sorriso largo e um olhar que deixava qualquer uma envolvida por ele.
Quando Laura me chamou para a festa, tentei ligar para avisá-lo de que ia sair, mas o celular dele estava desligado. "Após o sinal, deixe seu recado" — dizia a caixa postal.
"Amor, a Laura está me deixando louca aqui porque quer ver o Marcos em uma festa. Eu vou com ela e queria que fosse com a gente. Quando ouvir essa mensagem, me ligue de volta. Te amo" — digo após o bip, na esperança de que ele retornasse.
Como Felipe não deu sinal de vida, acabei saindo com Laura, que já estava inquieta, me enchendo o saco. O que uma amiga não faz pela outra?
Demoramos um bom tempo para chegar em Santo Amaro, ainda bem que a Marginal não estava parada, ou levaríamos muito mais tempo. Era um apartamento bem espaçoso, no décimo quinto andar de um prédio, bem próximo ao hipermercado Extra.
A festa estava cheia de gente bonita, grande maioria eram universitários. Assim que entrei avistei o Marcos, o tal peguete de Laura, e acenei para ele, que riu sem graça e logo ficou sério, mas não teve como sair de perto de nós, já que minha amiga o agarrou.
Percebi que ele estava nitidamente incomodado, olhando ao redor, e pensei que estivesse com outra garota e Laura acabaria vendo, mas fui na cozinha pegar refrigerante e grande foi minha surpresa ao pegar Felipe aos beijos com outra garota. Fiquei sem ação, o que durou só alguns segundos porque, depois disso, decidi me esconder e tentar ouvir o que falavam.
— Você não vai largar aquela neguinha? — Perguntou a loira atarracada no pescoço dele.
— Você vai começar com essa merda de novo? Ela é rica e bonita, meu passaporte para uma vida melhor. Já te expliquei isso, caralho — ele dizia, nervoso, pegando com força no queixo dela.
Me assustei com aquela cena, não pelo conteúdo do assunto, mas pelo jeito violento dele e de seus palavrões, porque, perto de mim, ele era bem diferente, calmo, educado e aparentava ser um príncipe. Fiquei tão deslocada que saí correndo da festa, fui embora sem nem ser notada.
Cheguei em casa e, para que ninguém visse que eu chorava, entrei pela cozinha sem ser vista, fui para meu quarto e chorei usando o travesseiro para abafar minha dor. Porém, alguns minutos depois, ouvi meus pais conversando.
— Acho que Susana está namorando alguém — minha mãe dizia a meu pai.
— De onde você tirou isso, Elisangela? — Meu pai a questionacom tom de preocupação.
— Ela anda diferente, muito sorridente, e esses dias a ouvi conversando pelo celular e se despedir dizendo "amor, te amo" — minha mãe explicava, passando a mão pelo rosto de meu pai, que estava sentado no sofá do quarto.
— Ela disse isso? — Pergunta ele colocando o jornal de lado.
— Sim, disse — minha mãe confirma.
— Precisamos ficar de olho, ela ainda é muito nova para ter desilusões.
— Amo tanto minha filha que parece até que saiu de mim — minha mãe fala se sentando no colo de meu pai.
— Ela não saiu do seu ventre, mas é nossa filha do mesmo jeito. Agradeço a Deus todos os dias por ter nos presenteado com esta menina linda. Às vezes, penso em contar a verdade, mas acho que não tem necessidade de tirar tudo que ela tem como certo a vida toda. Se a mãe biológica dela ainda estivesse viva, eu contaria e faria questão que se conhecessem, o contrário seria só tocar em um assunto doloroso para todos nós — meu pai dizia muito emotivo.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto e eu tentava conter o choro. Saí da porta do quarto deles, onde fiquei escondida para que não percebessem a minha presença. Voltei para o meu quarto e chorei até dormir.
No outro dia, acordei muito triste e não atendi nenhum telefonema, não fui para a escola e nem desci para tomar café. Minha mãe, preocupada, entrou no meu quarto e sentou na cama.
— O que foi, filha? Você está com dor? — Pergunta passando a mão em meus cabelos.
— Estou, mãe, ontem peguei meu namorado com outra e ouvi ele dizer que estava comigo por causa do meu dinheiro. O idiota acha que eu tenho dinheiro — digo em tom irônico e lágrimas rolaam dos meus olhos.
— Meu Deus, filha! Sinto muito que tenha tido uma decepção tão dolorida assim. Onde mora esse sem vergonha? Vou falar com os pais dele, eles precisam saber que estão criando um canalha — minha mãe passa de calma para muito nervosa, já se levantando.
— Não, mãe! Deixa quieto, eu não vou morrer por causa disso. Só falta uma semana de aula e já estarei indo para a faculdade, e não o verei mais depois disso — digo tentando acalma-la.
— Você já passou em todas as provas, nem precisa mais voltar, então fique em casa e se poupe de rever este infeliz — minha mãe pontuou, resolvendo a situação.
— Mãe, quero estudar fora do Brasil. Por favor, convença o papai para mim — peço, mesmo sabendo que meu pai odiaria a ideia.
— Prometo que eu vou tentar. — Os olhos de minha mãe brilham enquanto acaricia meu rosto.
— Eu te amo, mãe, nunca se esqueça disso. Se eu nascesse novamente e pudesse escolher, com certeza escolheria ser sua filha novamente, mesmo que tivesse nascido de outra pessoa — digo olhando em seus olhos que começam a brotar lágrimas.
— Isso significa muito para mim, filha. Eu te amo! — Ela me abraça e eu sinto uma emoção muito forte ao vê-la assim.
Depois de nossa conversa, ela falou com meu pai e, de alguma maneira, o convenceu. Fui estudar fora do país e minha mãe ficava comigo mês sim, mês não. No meu terceiro ano de faculdade, bem mais madura e focada nos estudos, meus pais começaram a ir bem menos para que eu tivesse mais liberdade. Namorei muitos homens, mas do meu jeito, sem levar nenhum à sério, e mesmo assim fui traída novamente, então, resolvi começar a ficar, ou seja, pegue e não se apegue, este era meu lema.
Quando conheci o Gustavo, ele me irritava pelo jeito de ser muito parecido com o Felipe, o que me fazia querer descontar nele tudo o que Felipe me fez. E se ele achava que iria me fazer de idiota, estava enganado, era o que eu tinha em mente, até que ele começou a se comportar como um cafajeste. Foi quando percebi que tinha destruído o homem realmente sincero, honesto, direto e apaixonado. Era tarde demais, perdi a chance de ter um homem de caráter do meu lado e o pior de tudo é que nunca amei alguém tão intensamente como o amo.
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O Jogo do Amor - Tudo pra Conquistar minha Chefe
RomanceVocê já viveu um jogo de sedução? Gustavo depois de ser rejeitado por Susana decidiu que sua única escolha seria essa, se tornar um cafajeste e mostrar a ela o que estava perdendo em desdenha-lo. Venha acompanhar esta história intrigante e excitante...