Capítulo 27

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Na sala da médica eu sentia minhas mãos suarem, seria a primeira vez que eu ouviria o coração de meu filho. Susana estava de quase cinco meses e a barriga dela estava bem grandinha para tão pouco tempo de gravidez. Tínhamos decidido não fazer nenhum ultrassom antes do tempo certo para podermos saber o sexo do bebê.
Assim que a médica entrou na sala, Susana segurou minha mão e percebi que sua ansiedade estava a mil.
— Bom dia! Ansiosos? — A médica perguntou sorrindo, enquanto colocava as luvas.
— Muito. Não vejo a hora de saber o sexo do bebê — Susana respondeu ansiosa.
— Lembre-se, Susana, nem sempre os bebês facilitam, pode ser que consigamos ver e pode ser que esteja com as perninhas fechadas — disse a médica, passando gel na barriga de Susana. — Vamos ver esse bebezinho.
Ela então começou a passar o aparelho na barriga de Susana, que apertava minha mão com mais força.
— Quer ouvir os coraçõezinhos, papai? — Perguntou a médica, enfatizando o plural.
— Coraçõezinhos? — Retruquei estático.
Susana me olhava emocionada.
— Sim, são duas menininhas — a médica confirmou.
Sem conseguir me conter, comecei a chorar como uma criança quando ouvi o som daqueles corações batendo tão rápido e beijei Susana, que também chorava de emoção.
Saímos de lá e fomos direto para casa. Nossos sentimentos estavam à flor da pele, Susana estava enjoando muito e não queria que ela ficasse sozinha, então, decidimos não ir trabalhar.
Resolvi deixá-la dormir e liguei para meus pais.
— Mãe, tudo bem? — Perguntei assim que ouvi a voz dela.
— Estou bem, filho. E você? — Indagou.
— Estou bem, sim, mãe. Tem como a senhora e papai virem jantar com a gente hoje à noite? — Perguntei.
— Ocasião especial? — Retrucou.
— Sim, já sabemos o sexo do bebê, mas resolvemos contar pra todo mundo junto, por isso estou ligando e os pais de Susana também serão convidados — expliquei sem estragar a surpresa.
— Vai guardar segredo de mim, filho? — Perguntou fazendo chantagem emocional.
— Para com isso, mãe, quero fazer surpresa, então, venha às oito e você saberá.
— Mas, filho, quero levar uma roupinha ou sapatinho, quero ser a primeira a presentear meu neto — insistiu.
— Mãe, faz assim, se quer presentear seu neto ou neta, traga um sapatinho vermelho, assim você dará o presente sem ter que se importar com o sexo. Espero você e papai. Fique com Deus — falei e desliguei, sem dar tempo para ela continuar insistindo, pois conheço bem a minha mãe e sei quão persuasiva ela pode ser.
Liguei para Lorenzo, fazendo o mesmo pedido e ele, como a maioria dos homens, não insistiu em saber nada antes da hora.
Em seguida, liguei para um amigo, dono de buffet, e pedi para preparar nosso jantar, fazendo questão de escolher o cardápio. Para a entrada, carpaccio ao molho de mostarda e alcaparra, como prato principal, lagarto ao molho madeira e para sobremesa, mousse de chocolate belga com calda de maracujá.
Depois de tudo organizado, fui no quarto, deitei ao lado de Susana e a beijei, alisando a barriga dela, enquanto ela dormia.
— Oi amor — ela disse com a voz mais fraca.
— Melhorou o enjoo? — Perguntei preocupado.
— Um pouco, elas estão agitadas depois do ultrassom, isso me enjoa bastante — disse tentando respirar melhor.
— Vou buscar o remédio que a médica indicou e já volto — falei me levantando.
Retornei levando também um copo com água e entreguei o remédio a Susana, que tomou e me agradeceu.
— Às oito teremos um jantar, você precisa estar melhor — disse pegando-a de surpresa.
— Sério, amor? Não quero sair de casa — ela falou demonstrando desconforto.
— Calma, amor, o jantar será aqui. Chamei nossos pais para contar o sexo de nossas filhas, mas não precisa se preocupar com nada, pedi para o Alfredo do buffet enviar o nosso jantar — expliquei vendo alívio em seu semblante.
— Que bom, meu amor. Me ajude a levantar daqui. Preciso tomar um banho — ela pediu.
Ajudei Susana a se despir, a coloquei na banheira, que já tinha colocado para encher e fiquei sentado do lado de fora a ensaboando e massageando seus ombros, fazendo-a relaxar. Desde que engravidou, ela tinha engordado cinco quilos e isso a estava deixando estressada e com dores nas costas.
Ficamos ali por cerca de uma hora, ela respirava profundamente, e quando percebi que estava melhor, a ajudei a se levantar, a envolvi na toalha e a carreguei no colo até a cama, a enxuguei e passei hidratante em seu corpo beijando cada parte dele. Ela me olhava com muito amor e eu transbordava de gratidão por tê-la ao meu lado.
Ela colocou um vestido longo, soltinho, florido com o fundo branco e decote V, um dos que compramos na volta da consulta. Eu me arrumei de maneira informal e logo recebemos nossos pais que traziam presentes para o bebê. Sorri ao ver que, por coincidência, nossas mães trouxeram um par de sapatinhos vermelhos, cada uma, e Susana me olhou de maneira divertida.
— Agora o bebê terá dois pares de sapatinhos — disse minha mãe em tom de brincadeira.
— Bom, não acredito nisso — retruquei.
— Filho, nenhum bebê tem quatro pés — meu pai observou, me fazendo sorrir.
— Eu sei, papai, mas dois bebês completam quatro pés, não é mesmo? — Perguntei sorrindo e olhando para Susana, que se aproximou de mim.
— Você quer dizer que são gêmeos? — A mãe de Susana perguntou colocando a mão na boca.
— Não, minha sogra. Gêmeos não. Gêmeas! — respondi passando a mão na barriga de minha esposa que sorria sem parar.
— Meu Deus! Que notícia maravilhosa — meu pai disse nos abraçando.
Depois de tanta novidade, nos sentamos e comemos animados. Nossas mães discutiam onde comprar o enxoval das meninas, enquanto meu pai e meu sogro, discutiam os nomes. Susana e eu nos olhávamos nos divertindo com a euforia deles.

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Parte 2

Os meses se passaram e chegou o grande dia. Chegamos na maternidade logo cedo e estávamos esperando a hora de Susana ser levada para o centro cirúrgico, afinal não poderia ser parto normal, as bebês estavam grandes e seria perigoso, Susana engordou quase vinte quilos com a gravidez e estava muito difícil até para andar, se cansava facilmente, sentia falta de ar e os enjoos pioraram.
Quando o médico mandou busca-la, eu a beijei e a tranquilizei dizendo que tudo daria certo. Ela sorriu e me tranquilizou também.
Eu me troquei e a acompanhei até o centro cirúrgico, quando as gêmeas nasceram com um minuto de diferença uma da outra.
Lucila nasceu com dois quilos novecentos gramas e um minuto depois Luciana com dois quilos e meio. Depois que a enfermeira as enrolou em um pano, me entregaram as duas e eu me aproximei de Susana que as beijou chorando.
Logo depois Susana adormeceu e eu fui dar a boa notícia aos nossos pais e amigos que estavam na sala de espera. Foi uma festa, todos sorriam alegres e me parabenizavam. Realmente foi um dia maravilhoso.
Mais tarde já estávamos a sós no quarto e a enfermeira veio trazer as meninas até o quarto. Susana dava de mama para Lucila, enquanto eu embalava Luciana em meu colo, esperando a vez dela. Olhava para seus olhinhos espertos e senti uma emoção enorme em pensar como elas se pareciam com a mãe.
Eu estava extasiado com a bênção de ser pai e ainda mais feliz por ser pai das filhas de Susana o grande amor da minha vida.

O Jogo do Amor  - Tudo pra Conquistar minha ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora