QUARENTA

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-Soube que seu pai está aqui.- A Sra.Yang diz.

-Está...- Falo simples.

-Falou com ele?

-Se com falar a senhora quer dizer troca de poucas palavras a fim de me comunicar o menos possível com ele, sim. Eu falei com ele. -Sorrio forçado.

-Jiminie... Meu pequeno príncipe, venha cá!- Ela diz e eu vou até a mesma que me abraça. -O que ele fez não tem perdão, mas não falte com respeito, hm?

-Como disse, o que ele fez... Não tem perdão. -Suspiro. -Não tem como eu tratá-lo como antes... A senhora estava presente naquela noite. Sabe o que passamos...

Ela acaricia meus cabelos louros.

-Eu sei meu pequeno... Eu sei... Ele fez algum mau para você, seu irmão ou sua mãe?

-Minha mãe já não estava muito bem, a senhora sabe.- Ela assente. -Mas ele não deixou ela se separar, porque a minha guarda ficaria com ele.

-Pobre Sra.Park....- Sra.Yang suspira.

-Mas e a senhora?- Me afasto a encarando, sorrindo. -Como está?

-Bem melhor! Irei voltar em breve. Se comportando na minha ausência?- Ela semicerra os olhos me fazendo gargalhar.

Assenti entre o riso.

-Ham... Sra.Yang... Eu preciso de ajuda...- Digo após um tempo de silêncio.

-O que foi?- Ela me encara preocupada.

-A senhora... A senhora sabe que eu... Ham... Sou... Bem... Sou gay, não sabe?- Digo reunindo toda a minha coragem.

Ela solta uma risada alta, me encarando.

-Ora Jimin! Nunca tive dúvidas! Desde pequeno esse seu jeitinho nunca me enganou.- Ela dá um tapinha leve em minha mão. -Apenas nunca me aprofundei nisso porque era da sua privacidade e sei que não quer que sua mãe saíba.

Sorrio minimamente concordando com a mesma.

-Jay descobriu.

Ela para de sorrir, ficando boquiaberta e me encarando com certo medo em seus olhos.

-Mas ele me apoiou. O que me preocupa são meus pais mesmo. Enfim! Não é sobre isso que eu queria sua ajuda.

-Sempre soube que Jay te apoiaria, ele te ama imensamente. Se te julgasse eu cortaria o bilau dele, ai quero ver ele transar com aquelas vagabundas interesseiras que ele leva pra casa. Já disse pra ele tentar ser de uma só, que ele era um homem para se casar e que precisava de carinho. Sabe o que aquele moleque tatuado fez?! Ora! O pirralho riu e disse que o carinho que ele precisava já estava tendo e muito bem, lá na cama! Aish! Nem hesitei em pegar minha bengala e bater na canela dele. Onde já se viu isso?!

-Ham... Sra.Yang?- Digo rindo da mesma.

-Ah sim querido! Continue, desculpe.

Sorrio.

-Tem um menino...

-Sempre tem um menino.- Ela suspira apaixonada.

-Nós estamos ficando tem uns dois meses. Sou apaixonado por ele, sabe? Ele é um dos novatos da escola e é tão lindo, inteligente e divertido. Ele faz eu me sentir especial, entende?

Ela assente sorrindo com minha declaração.

-Mas ontem... Eu descobri que ele quer ir embora. -Agora o semblante de ambos estava triste. -Eu fiquei tão triste e bravo, muito bravo! E então, eu o deixei sozinho lá e dei as costas... Sra.Yang... O que faço?- Pergunto  a encarando com os olhos marejados.

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora