QUARENTA E DOIS

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Um silêncio se estabelece. Desta vez não por constrangimento, mas por tensão. Por medo.

Eu não sabia ao certo o que dizer, o silêncio em si já foi minha melhor resposta.

-Humanos e sobrenatural não se misturam, Jimin. É uma regra. Uma regra que pelo jeito, minha família e eu amamos quebrar.- Ele suspira se sentando na cama.

Continuo parado no mesmo lugar, apenas ouvindo o que ele tinha a dizer.

-Meu pai, se apaixonou por uma humana, os outros não gostaram da idéia. Mas meu pai negou qualquer involvimento snetimental e então... Nove meses depois, eu nasci.- Ele diz com a voz trêmula.

Ele começa a soluçar, seu nariz começa a ficar vermelho e ele cobre o rosto com as mãos se encolhendo.

-E-Eu estraguei tudo só por simplismente existir.- Ele diz e soluça alto. -Minha mãe morreu por minha causa! Ela ficou para trás para que eu e meu pai tivéssemos a chance de fugir, quando ele voltou para buscá-la... Eles queimaram até a casa, Jimin... Nem o corpo dela deixaram... Ela morreu sozinha... Por minha culpa...- Ele chora ainda mais.

Continuo no mesmo lugar, imaginando tudo isso.

-Meu pai encontrou Namjoon e CL que estavam abandonados, sem alcatéia. Como meu pai era um alfa, ele os acolheu. Um dia, em uma caçada, encontrei Tae... Tínhamos doze anos na época... Ele estava machucado, esfaqueado, dez facadas... O pai dele tentou matá-lo...

Fico boquiaberto.

-A mãe e o pai de Tae o tiveram por acidente, ainda adolescentes. O pai queria que ela abortasse, mas ela não. Porém, com o passar dos anos, ela veio a morrer de câncer e Tae ficou na guarda do pai que nem sequer sabia o nome do próprio fillho... Tae era vítima da violência familiar até que... Foi vítima de um quase homicídio.

Tae é tão alegre... Não me parece que passou por tudo isso.

-Ele iria morrer, mas meu pai o transformou em seu beta para salvá-lo e também o acolheu.-Ele sorri em meio as lágrimas. -Aquele idiota estava rindo quando o achei, ele me viu e disse "não é lindo como as árvores ficam quando o sol bate nelas? Acho tão lindo... Sabe o que melhoraria tudo isso? Um MilkShake, bem gelado... Adoraria!" E deu uma gargalhada. Ele é louco, mas não me imagino sem sua amizade.

Ele suspira.

-Eles se recusaram a deixar meu pai e eu, então começaram a fugir dos alfas juntamente conosco. Já perdi as contas de quantos lugares visitei, morei ou apenas passei correndo. Aqui foi o lugar que mais durou, sabia?- Ele sorri. -Mas é claro que teve um preço, na correria, me pegaram, eu iria morrer, mas meu pai se sacrificou por mim. Perdi ele faz seis meses... Está sendo uma grande perda... Ele era como um pai para eles também, sabe? E foi por MINHA culpa que ele morreu... Que os dois morreram...

Lágrimas e mais lágrimas.

Corro e me sento ao seu lado, segurando fortemente sua mão.

-Você não está sozinho. Eu estou aqui com você, não me importa se irei morrer, eu te amo e me recuso a viver em um lugar que não seja ao seu lado, tá?- Digo com a voz trêmula segurando  seu rosto com a mão vaga.

Ele sorri.

-Eu te amo.- Ele sussurra.

Sorrio e encosto nossas testas.

-Mas se você morrer, eu não irei me perdoar.- Ele diz.

-Eu não irei, tenho você para me proteger, esqueceu lobinho?- Bagunço seus cabelos e ele ri.

Aperto sua mão, fazendo ele encará-las.

-Juntos?- Pergunto.

-Juntos.- Ele assente sorrindo e me beija.

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora