POV REGINA
– Tem alguém entrando no meu barraco! – e ela se virou rapidamente e pegou a sua pistola e apontou para a porta e ela se abriu.
– Coé Zinha, não vai dá as boas vindas ao seu irmão??
– Pê!!! – e ela sorriu e deu um pulo da cama e foi até ele e abraçou. Nisso um outro bandido, que tinha um defeito nos lábios, surgiu do lado dele e disse:
– Coé quem é a gata? – disse ele me olhando da porta e eu subi o lençol me cobrindo e muito sem graça.
– É a Gringa...
– Gringa? – disse Pê
– Ela é brasileira, é só uma amiga.
– Porra Pê, tua irmã pega mulher mais bonita que tu, que gostosa hein! – disse o outro bandido que não tirava os olhos de mim.
– Olha o respeito Boca murcha. Satisfação ae dona! – e eu sorrio sem graça – Bora pra sala que to varado de fome, os mulekes tão trazendo pizza. – e ele se virou indo para a sala – Porra Zinha, que merda que tá acontecendo no morro? Os polissas tão tudo na entrada do morro que eu tive que vir pela parte do mato alto e andamos umas 3 horas até chegar aqui. – Emma olhou para mim da porta com os olhos arregalados e foi ao encontro do irmão na sala e eu fiquei no quarto.
– Ah é algo lá com o Vaca... – disse Emma e o tal "Boca Murcha" respondeu:
– Falaram que eles sequestraram uma "mulé" ae importante, e tá a tv toda só falando disso. –
Eles começaram a conversar sobre o que estava havendo no morro e nisso outros bandidos chegam no barraco com a pizza.
– Gringa, vem comer pizza com a gente. – disse Emma, da porta.
– Ah... Emma são duas da manhã e eu não estou com fome, eu não quero ir lá. Você escutou o que o seu amigo disse?
– Relaxa quanto a isso, eles não sabem quem é você. Ninguém aqui assiste tv. – e eu novamente respirei fundo e não estava confortável – Gringa, por favor, senta na mesa com meu irmão, ele que mandou te chamar e se você não for, ele vai ficar bravo, por favor, só fica um pouco lá.
E então me levantei e fui com ela, e pensando que o irmão dela não era bonzinho como eu pensava. Pois se a Emma falou isso, era melhor então eu obedecer a "ordem" dele.
Sentei na mesa com a Emma, o irmão e mais 3 bandidos e um deles era esse "Boca Murcha" que não tirava os olhos de mim. Eu comi um pedaço da pizza e estava calada o tempo todo, enquanto o irmão da Emma falava o que havia acontecido lá no Vidigal onde eles estavam.
Minutos depois, alguém entrou pela porta da cozinha.
– Coé chefe, tá de volta em casa!
– Coé Verdinho, fala ae meu parça. – eles se cumprimentaram batendo com a mão e eu olhei a Emma e ela estava mais branca do que era. Afinal, o Verdinho sabia quem eu era, e meu "disfarce" estava prestes a ser descoberto pelo irmão.
Verdinho olhou para mim e disse: – O que essa piranha tá fazendo aqui??? – e todos me olharam e o Boca Murcha começou a rir.
– Pô eu achando que ela não era rodada, e o Verdinho já catou ela – disse Boca murcha rindo.
– Coé Verdinho, que porra é essa? – disse Pê, e Emma estava com os olhos arregalados e eu engolia seco, e eu estava tremendo por dentro.
– Que porra é essa? Que porra é essa que essa vadia ae, é a mulher que os polissas tão atrás. Por causa dela a entrada do morro tá aquele inferno lá. Tu não "passou" ela por que, Zinha? Fala ae? – disse ele com a cara fechada.
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10 dias na favela
FanfictionQuando uma escritora brasileira e carioca que vive no exterior (Regina), volta a sua cidade natal para ter ideias para sua nova história, acaba entrando em um táxi no bairro do Flamengo, e no meio dessa viagem, é surpreendida por bandidos do morro...