Sexto dia na favela

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POV REGINA

– Tem alguém entrando no meu barraco! – e ela se virou rapidamente e pegou a sua pistola e apontou para a porta e ela se abriu.

– Coé Zinha, não vai dá as boas vindas ao seu irmão??

– Pê!!! – e ela sorriu e deu um pulo da cama e foi até ele e abraçou. Nisso um outro bandido, que tinha um defeito nos lábios, surgiu do lado dele e disse:

– Coé quem é a gata? – disse ele me olhando da porta e eu subi o lençol me cobrindo e muito sem graça.

– É a Gringa...

– Gringa? – disse Pê

– Ela é brasileira, é só uma amiga.

– Porra Pê, tua irmã pega mulher mais bonita que tu, que gostosa hein! – disse o outro bandido que não tirava os olhos de mim.

– Olha o respeito Boca murcha. Satisfação ae dona! – e eu sorrio sem graça – Bora pra sala que to varado de fome, os mulekes tão trazendo pizza. – e ele se virou indo para a sala – Porra Zinha, que merda que tá acontecendo no morro? Os polissas tão tudo na entrada do morro que eu tive que vir pela parte do mato alto e andamos umas 3 horas até chegar aqui. – Emma olhou para mim da porta com os olhos arregalados e foi ao encontro do irmão na sala e eu fiquei no quarto.

– Ah é algo lá com o Vaca... – disse Emma e o tal "Boca Murcha" respondeu:

– Falaram que eles sequestraram uma "mulé" ae importante, e tá a tv toda só falando disso. –

Eles começaram a conversar sobre o que estava havendo no morro e nisso outros bandidos chegam no barraco com a pizza.

– Gringa, vem comer pizza com a gente. – disse Emma, da porta.

– Ah... Emma são duas da manhã e eu não estou com fome, eu não quero ir lá. Você escutou o que o seu amigo disse?

– Relaxa quanto a isso, eles não sabem quem é você. Ninguém aqui assiste tv. – e eu novamente respirei fundo e não estava confortável – Gringa, por favor, senta na mesa com meu irmão, ele que mandou te chamar e se você não for, ele vai ficar bravo, por favor, só fica um pouco lá.

E então me levantei e fui com ela, e pensando que o irmão dela não era bonzinho como eu pensava. Pois se a Emma falou isso, era melhor então eu obedecer a "ordem" dele.

Sentei na mesa com a Emma, o irmão e mais 3 bandidos e um deles era esse "Boca Murcha" que não tirava os olhos de mim. Eu comi um pedaço da pizza e estava calada o tempo todo, enquanto o irmão da Emma falava o que havia acontecido lá no Vidigal onde eles estavam.

Minutos depois, alguém entrou pela porta da cozinha.

– Coé chefe, tá de volta em casa!

– Coé Verdinho, fala ae meu parça. – eles se cumprimentaram batendo com a mão e eu olhei a Emma e ela estava mais branca do que era. Afinal, o Verdinho sabia quem eu era, e meu "disfarce" estava prestes a ser descoberto pelo irmão.

Verdinho olhou para mim e disse: – O que essa piranha tá fazendo aqui??? – e todos me olharam e o Boca Murcha começou a rir.

– Pô eu achando que ela não era rodada, e o Verdinho já catou ela – disse Boca murcha rindo.

– Coé Verdinho, que porra é essa? – disse Pê, e Emma estava com os olhos arregalados e eu engolia seco, e eu estava tremendo por dentro.

– Que porra é essa? Que porra é essa que essa vadia ae, é a mulher que os polissas tão atrás. Por causa dela a entrada do morro tá aquele inferno lá. Tu não "passou" ela por que, Zinha? Fala ae? – disse ele com a cara fechada.

10 dias na favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora