O primeiro dia do resto de nossas vidas ( Final parte 1)

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POV REGINA

"Bem, já que nada fazia sentido, eu tirei a minha sandália e antes que caísse o temporal que estava se formando para cair, fui andando até a parte da areia e senti um pouco como é pisar numa praia brasileira mais uma vez.

Eu dei uns 3 passos e estava olhando para cima, e tentando não pensar mais nisso para não enlouquecer, até que alguém me chamou atenção:

"Moça, vai um desenho aí? – disse a pessoa e eu não liguei muito e nem olhei para trás, só balancei a cabeça negativamente e dei mais dois passos e a pessoa insistiu:

Coé Gringa, deixa eu fazer outro desenho seu, vai? – Eu paralisei e meu coração disparou naquele momento. Tem algo de muito errado aqui, quem tá fazendo isso?? Bem, eu tinha que ver com meus próprios olhos, e então eu me virei e arregalei os olhos ao ver ela.

– Emma????– só senti meu corpo amolecendo e caindo no chão com meu desmaio."

"– Gringa! Gringa!"– e mais uma vez escutava alguém me chamando assim, mas o som estava abafado, eu não sabia onde eu estava e tentava abrir meus olhos mas tudo estava rodando e a pessoa insistia – Gringa! Gringa! – eu então estava conseguindo abrir meus olhos, e estava tudo embaçado, mas minha visão aos poucos fixaram naquelas duas safiras verdes na minha frente, e pouco a pouco foi surgindo um sorriso, e senti suas mãos em meu peito me "balançando" para eu acordar, até que tomei total consciência e acordei levantando meu tronco da areia e dando um grito ao ver quem eu vi.

– Aaaaaaaaaaaaaaaaah!- gritei assustada

– Calma Gringa, sou eu!

– Não!! Não!! Sai de perto de mim, você está morta!! – e fui engatinhando de costas pela areia toda desengonçada e chutando mais areia do que engatinhando, e me afastei dela um pouco.

– Você quer ficar calma?? Eu não morri! Sou eu a Zinha... a Emma!! – disse ela que estava de joelhos a meio metro de mim e eu não estava acreditando no que estava vendo. Ela estava com os cabelos curtinhos e enroladinhos batendo no ombro, e estava mais morena, ou vermelha, bem... dessa vez meu sonho mudou até a cor da Emma.

– Você morreu, Emma!! Eu vi você morrer nos meus braços. – e eu continuava olhando para ela atônica e na mesma posição na areia, sentada com os braços para trás, pronta para levantar e sair correndo se ela chegasse perto de mim.

– Eu não morri e posso provar...- e ela ameaçou a levantar.

– Não chega perto de mim!!! – gritei assustada – Meu Deus me faz acordar!! Me faz acordar!! Porque fazer isso comigo num sonho??? – e então ela começou a rir.

– Coé Gringa, você não está sonhando, só fica calma agora que vou te mostrar uma coisa. – assim que ela disse, eu continuei olhando para ela apavorada e pedindo a Deus para me acordar desse sonho. – Olha... – e então ela levantou a camisa bem devagar e mostrou a barriga com uma enorme cicatriz abaixo do seio esquerdo. – Olha, o tiro entrou aqui, e se fosse alguns centímetros acima, ia pegar no coração. Aquele polissa do Bope é zarolha haha – e ela dá uma risada e eu rio de nervoso com ela logo voltando a ficar séria. – Mas ele destruiu o meu rim, e agora eu só tenho um. O Doutor disse que vou ficar bem, e eu tô né, já tô assim a um ano.

Eu fiquei olhando a cicatriz dela e tentando me acalmar e não conseguia dizer nada.

-– Posso chegar perto de você? – disse ela.

– Não!! – respondi em imediato e de novo ela riu.

– Seu celular está comigo, deixa eu chegar perto de você e te entregar, tá? – eu não respondi nada e ela se levantou devagar e eu ameacei a sair correndo, mas ela me pediu calma de novo, e veio em minha direção, e então eu não me mexi mais, mas eu não tirava os olhos dela e eu estava de boca aberta e ainda muito nervosa seguindo o olhar nela, até ela se sentar ao meu lado na areia, e levantar a mão entregando meu celular.

10 dias na favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora