Nono dia na Favela (Parte 2)

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POV REGINA

"– Quadradão? O que é isso? – falei e levei um susto quando uma voz masculina respondeu atrás da gente.

– É a nossa casa de festa, onde a madame ae, nunca deve ter sonhado em pisar– disse Pê e eu arregalei os olhos. – O Zinha quero falar com tu, dentro do seu barraco agora! – disse ele indo em direção a entrada do barraco."

– Gringa fica aqui com a Tinker que eu já volto, tá?

– Ok – ela me deu um selinho e foi até o barraco.

– Liga não que o Pê é sempre assim, sempre mal humorado.

– Porque ele é assim?

– Ah, ele não era assim, ficou após perder a namorada, mas isso tem tempo.

-– Como ele perdeu?

– Os policiais mataram ela na frente dele. Ela era aqui do bando de traficantes, o Pê nem era o dono da boca ainda, isso deve ter uns 3 anos. Desde então ele ficou assim e nunca mais namorou mina nenhuma.

– Nossa, deve ter sido difícil pra ele. Mas essa vida aqui, só tem esse caminho. Toma cuidado Tinker. – eu disse.

– Ihh olha quem fala, toma cuidado você também, estamos na mesma colega. – Tinker piscou e eu fiquei sem graça.

Minutos depois, Emma voltou para perto de nós duas.

– Er... meu irmão falou que vai hoje com todo mundo pro quadradão, que nosso camarote estará la.- e assim que ela disse, Pê saiu do barraco.

– Coé Tinker, avisa o Carniça pra passar um rádio pros muleques do asfalto perguntando se eles viram o Boca Murcha pra mim, que meu rádio morreu, falou?

– Falou Pê, pode deixar. – disse Tinker, ela e Emma se entreolharam e ele foi embora. – Mas olha só, seu irmão indo a festa? Tem algo mudando minha gente!! – disse Tinker em tom de ironia.

– Que bom que ele está mudando. – eu disse –

– Isso só tem um motivo – disse Tinker

– Qual é sabichona? – disse Emma.

– Tem mulher no meio, só mulher mesmo pra mudar um homem, vai por mim – e ela riu – Encontro vocês lá as 10?

– Sim – respondeu Emma

– Ah Emma, eu não sei não. – eu disse.

– Ah Colega você vai adorar o baile funk, é muito legal. Porque não aproveita e passa no meu salão mais tarde que faço uma escova e uma "make" mara pra você, que tal? – disse Tinker e Emma ficou olhando pra mim sorrindo, e até que não seria uma má idéia. Vai ser a nossa última noite na favela, e se é pra comemorar, que seja com "classe"... er... um pouco né.

– Combinado! Eu preciso e muito cuidar do meu cabelo que deve estar um lixo.

– Combinado, beijos! – e Tinker se foi.

– Emma...

– Sim amor.

– Seu irmão só falou sobre o baile funk com você?

– Sim.

– E quando você vai falar com ele sobre ir embora?

– Amanhã quando formos eu falo. Vamos lá dentro um pouco e ver algo pra comer que eu já estou com fome.

xxx

Estava quase anoitecendo e então fomos lá no salão da Tinker.

10 dias na favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora