Prologo

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A vida bem que poderia ser mais simples, do que ela é, se cada um, se metesse apenas em sua própria vida, ou quem sabe, então, todos os seres vivos tivessem direito ao livre arbítrio. Podendo fazer as suas próprias escolhas, mesmo que, depois, se arrependessem delas, assim como eu. Mas que seria eu, na realidade? No princípio, fui a primeira mulher do mundo, e não. Eu não sou a Eva, e sim, me chamo, Lilith...

Estou mais uma vez em Vegas, a cidade do pecado bebendo uma dose de meu whisky preferido e observando os filhos de Eva, que são mais ou menos todos iguais, sem tirar nem pôr, principalmente em sua essência, tendo um pai em comum, Adão, aquele que deveria ter me amado e me respeitado, mas que no entanto, não fez isso. Mas mesmo assim, ele não é visto como um vilão nos livros de história, e nem na bíblia, sendo que a maior parte deles, desses livros incluindo a bíblia em si, foram escritos, e também traduzidos por homens. Ou melhor dizendo, pelos filhos de Adão, em sua maior parte, tão parecidos com ele, principalmente, na soberba, e também em sua arrogância, tão humana e falha, assim como os humanos, filhos de Adão e Eva, um casal de traidores e mentirosos, mas isso não vem mais ao caso, já que estou aqui para me divertir, distrair a minha mente, de um passado, que mesmo distante, continua a me perseguir, implacavelmente, independentemente de minha vontade.

Mas sabe. que eu mais gosto nesta cidade? É bem simples,na verdade, o que o que fica em Vegas... Bem, permanece em Vegas, como se nunca tivesse acontecido, na realidade, a parte mais divertida, de ser uma imortal no meio de mortais, sacos de carne, por assim dizer, é que eu nem precisava dessa regrinha básica, da verdadeira cidade dos anjos caídos. Eu observo homens e mulheres hipócritas por natureza, cometendo seus pecados, e depois voltando para casa como se nada tivesse acontecido, mas eles não podem enganar ao todo poderoso. Eu estou entretida com minha bebida quando vejo um casal brigando, ou melhor dizendo, o idiota do cara, que tinha quase o dobro do tamanho da garota, gritando com a mesma, e ela ali, calada, sem dizer nada. Uma cena com a qual, eu tive tantos gatilhos, que quase tive vontade de matar o imbecil ali mesmo, na presença de todos, sem me importar nem um pouco, com as consequências dos meus atos, perante aqueles tolos mortais.

- Você deve me obedecer porra! - Eu me viro e vejo o cara pegando o braço da moça com força; mas você não obedece sua vadia! Mas que inferno! Você é tão estúpida e burra, que mal consegue obedecer uma ordem simples, cacete!

-Eu não sou uma prostituta para dormir com seu chefe; ele a olha com raiva, o que a faz se contorcer e tremer de medo - Por favor Jacob, não me bata de novo... Eu tô te implorando, não me bata mais...

- Pois, é exatamente isso, o que eu vou fazer sua desgraçada! - Ele a olha com muita raiva, quase como se pudesse fulmina - lá com os olhos, naquele momento - Vadia inútil e imprestável, é isso o que você é, e seu crime, assim com também o seu maior pecado, é não saber abrir as pernas, como deve, sempre que eu te mando, e para quem eu quero.

No momento em que ele levantou a mão para ela não pude mais ficar parada e tomei as dores da garota, quase como se fossem as minhas próprias, cheia de ódio dentro do meu coração, e um sorriso cínico, presunçoso e cheio de deboche, em meus lábios vermelhos . Então, muito rapidamente, me aproximei do imbecil e peguei sua mão, bem no ar, antes que ele pudesse bater na garota . Olhei bem no fundo dos olhos do idiota, que além de tudo estava drogado, provavelmente depois de usar muita cocaína, pela dilatação de suas pupilas, e disse do modo mais debochado possível:

- Acho melhor não garotão; torço seu braço com força, até vê -lo gemer de dor, igual ao fraco, que eu sempre soube que ele era - Nunca ouviu dizer que um homem jamais deve bater numa mulher? E quando uma mulher diz não... Ela na verdade está dizendo não?

- Não se meta sua gótica do inferno! - Ele diz isso porque fiz umas mexas azuis no meu cabelo vermelho e me visto de preto; o assunto ainda não chegou no circo das aberrações.

- Ah você não sabe o que vou fazer com você agora.

Eu lhe dou a maior surra que ele provavelmente não esqueceria tão facilmente. Depois fui prestar socorro a garota, que estava no chão, quando a ajudei a se levantar, ela me agradeceu.

- Obrigada... Eu acho - Ela me diz isso, muito timidamente, quase em um fio de voz, ainda em estado de choque - Você salvou a minha vida.

- De nada - Dou de ombros, meio indiferente - Só tome mais cuidado, nem sempre estarei aqui, para quando, você precisar de mim.

- Pode deixar, vou tomar cuidado, aliás, meu nome é Alice, qual o seu?

- Lilith...

- Como a da bíblia?

- Mas ou menos...

Antes que nossa conversa fosse adiante, outro cara apareceu, e pelo modo que ambos se olhavam eu poderia jurar que os dois se amam. Que mulher tola, mal saiu de uma encrenca para entrar em outra, andando pelas ruas me deparo com alguém que não via há tempos, apesar da pele morena eu conhecia muito bem.

- Olá Lucy, ora ora, quem é vivo, sempre dá um jeito de aparecer, mesmo quando não é chamado; ele parecia arrasado - O que quer comigo, afinal? Vamos, diga de uma vez, que não tenho tempo para escutar suas mentiras, por mais doces, que elas possam ser

- Volte para nosso reino; ele parecia bastante triste - Eu amo, somente a você, e a mais ninguém, e você precisa acreditar em mim, por favor, minha rainha.

- Você ama a mim, e junto comigo, também, toda a torcida do Real Madrid; não gosto de futebol, usei apenas a metáfora - Mas pare com essa encenação toda, até porque, eu só vou voltar para você, quando tiver a certeza de que não serei trocada por nenhuma outra mulher, seja ela, humana ou não.

- Eu provarei que te mereço.

Nisso ele abre suas enormes asas negras e voa em direção ao infinito, e logo, sem que, eu possa controlar, antigas lembranças acabam surgindo em minha mente. Lembranças agridoces de meu primeiro casamento.

Lilith, a história não contada... (reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora