aneurysm • lwt+hes

xxiii. if you let me be your man, i'll take care of you for the rest of my life

O médico foi bastante objetivo quando entrou no quarto de manhã. Ele trazia diversos encaminhamentos para exames e não enrolou para dizer que um procedimento cirurgico arriscado teria de ser realizado.

- É aquele que você comentou da primeira vez, Lou? - Harry perguntou, segurando a mão do mais baixo com força.

- Sim, esse mesmo - Louis respondeu rápido, dando a palavra ao neurologista responsável.

Em um tempo recorde de dez minutos foi explicado a necessidade da craniotomia e clipagem, o que era uma craniotomia e o procedimento de clipagem, os exames que deveriam ser feitos antes da cirurgia propriamente dita (radiografias da cabeça e pulmão para conhecimento dos riscos de perdas dos dentes e paradas respiratórias, exames de sangue, tomografia computadorizada) e do uso das meias de compressão.

Para ser bem sincero, Harry não estava entendendo nada.

Assim que o homem começou a falar de porcentagens, ele precisou interromper da maneira mais gentil que conseguiu:

- Poderia não falar de estatísticas?

Harry odiava se questionar sobre elas. Preferia a comodidade de acreditar que todas as possibilidades se resumiam a 50%. Sim ou não. Apenas isso.

De bom grado, o profissional terminou sua fala e deixou as guias dos exames e a autorização ali para que eles analisassem. Louis, com permissão, saiu da sala para buscar Anne, Robin e Gemma pelo hospital.

Harry não pensou muito, apenas respirou fundo e assinou. Não haveria possibilidade de cura se ele não passasse por isso. E se não houvesse cura... bom, ele talvez não estivesse mais nesse mundo para saber o resultado.

No retorno do médico ao quarto, ele se surpreendeu com a positividade daquela família. Comentou sobre o cronograma que seguiriam a partir dali e ficou para presenciar quando Louis acolheu Harry em seus braços, demonstrando que permaneceria ali naquele momento e em todas as outras dificuldades que sucedessem, e aos poucos, os pais e a irmã do professor se encaixaram no abraço apertado, transparecendo o mesmo apoio.

Harry não queria palavras de conforto ou conselhos. Ele só precisava sentir e saber que as pessoas que mais amava no mundo continuariam ao seu lado diante de qualquer contratempo. Era o suficiente.

Tantos acontecimentos em um período extremamente curto de tempo não deixavam mais seu coração acelerado, gelado, ou suas mãos tremendo, mas faziam seu corpo responder de outra forma, fosse na falta de apetite, nas idas frequentes ao banheiro ou na sensação não declarada em voz alta de abandono e carência excessiva que se instalava em seu interior.

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Após todos os exames e os três dias desgastantes que enfrentaram até ali, Louis decidiu que precisavam de uma distração. Certificou-se de que a porta do quarto estava bem fechada e voltou para perto do leito, não contendo um sorriso sacana.

- Banheiro? - Harry perguntou, balançando as sobrancelhas de uma forma que achou ser provocante. - Um dia, quem sabe, podemos tentar na sua sala? Acho que vai ser a coisa mais louca que eu já fiz...

Louis olhou para ele encantado, acariciando os fios de cabelo que caíam em sua nuca, sem prestar muita atenção no que ele dizia. Não demorou mais que alguns segundos para puxá-lo para um beijo molhado e apaixonado. Por mais que o médico acreditasse fielmente que aquele não era o último momento íntimo que teriam juntos, ele precisava de uma confirmação. Naquele instante, queria amar Harry um pouco mais do que em todos os outros dias, se é que fosse possível.

Os lábios cheios de um se encaixavam impecavelmente nos lábios finos do outro, como se feitos sob medida.

As mãos de Louis não tardaram a encontrar o caminho da cintura do professor, o lugar que as abrigava ternamente e que ele tanto amava. Aproveitou e acarinhou o quanto pôde, apertando e provocando a pele macia com os dedos e aprovando as reações e sons que causou.