Capítulo 8

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O caminho estava enlameado, o sol batia em seu rosto, suas pernas pesavam e estavam afundadas até as coxas com lama, sangue e corpos. Seu pulmão lutava para respirar naquela podridão, sentia dores por todo o corpo ao abrir caminho lentamente, segurando o homem do lado, arrastando praticamente inconsciente.

-Vamos, aguente firme! –gritou mais para si mesmo do que para o soldado.

Jonathan sentia o suor escorrer por sua testa, pingando. A maleta médica estava pendurada por uma alça do outro lado do corpo, mas quase não havia mais nada dentro, usara a maior parte mais cedo cuidando de alguns feridos. Eles não estavam esperando por isso, ninguém estava. Foram atacados de repente, descobertos pelo o inimigo em um momento de vulnerabilidade, só deu tempo de perceber quando os gritos começaram e o som dos tiros se tornando insuportável á cada instante. Ele conseguiu se afastar do acampamento por pouco, assim como alguns homens, mas isso teria que ser através da lama funda. Alguns ainda lutavam como ele para poder atravessar, chegar á parte seca e dura.

O homem andando ao seu lado, ferido, sangrando, de repente cai, sendo levado pela lama. Ele arrisca olhar para trás. Um soldado inimigo, apontando a arma para eles, mas este homem em questão tem um par de chifres na cabeça, o sorriso diabólico e via as chamas queimarem atrás. Começou a ir mais rápido, escutando a alvejada de tiros naqueles soldados ao lado, o próprio soldado que ele segurava foi acertado na cabeça, o derrubando junto, sentindo o sangue espirrado no rosto. Jonathan vomitou e começou a gritar, desesperado, frustrado, achando que morreria ali.

Seu corpo afundou cada vez mais até sufocar.

Jonathan sentou de repente na cama, completamente encharcado. O ruim de estar no campo, longe da civilização é que nunca encontra companhia fácil. Levantou, vendo a luz da lua entrando pela enorme janela e por fim, limpou o suficiente do suor, colocando uma calça e uma camisa. Precisava de ar, talvez até cavalgar até sentir dor em todo o corpo, impedindo de sentir algo mais. Pegou as botas na mão para que não fizesse barulho pela casa inteira e andou silenciosamente pelo corredor, mas quando chegou á escada, ele parou. Um grito ecoou pelo corredor e ele soube imediatamente de que quarto era.

-Samantha. –disse o nome dela enquanto corria.

Mais um grito e ele abriu a porta com tudo. Havia somente uma vela quase no fim, mas por sorte a cortina estava aberta, deixando a luz entrar. Analisou o quarto, não havia ninguém, somente ela se contorcendo na cama.

-Não. Não. –ouviu a resmungar. –Não me deixem.

Era um pesadelo. Aliviado por não estar sendo atacada, correu até ela e as emoções tão evidentes, tanta tristeza, apavoramento e horror o chocaram, fazendo cambalear para trás. Balançou a cabeça, não podia permitir ficar abalado agora. Sentou do lado dela, afundando o colchão um pouco. Lembrou-se do surto que ela teve, mas imaginou que devia por conta da febre, mas agora ela estava saudável, o que significava que era comum para ela ter pesadelos, assim como ele. Passou a mão, secando o suor no rosto.

-Mãe! –gritou.

Dessa vez ela não só se remexeu, o punho voou na direção dele, que por sorte e reflexos rápidos, não o atingiram. Não precisava de mais um soco dela. Parecia que ela lutava por algo.

-Samantha. –sussurrou o nome dela. –Está tudo bem, é um pesadelo.

Ela não parecia concordar. Os pesadelos dele eram apenas isso, pesadelos que ele preferia evitar, por isso sempre passava a maior parte da noite se exaurindo em atividades sexuais para depois simplesmente apagar, não precisando de remédios para tal coisa. Mas para Samantha, a expressão, os movimentos, ele teve certeza que era real na cabeça dela.

Lady Detetive - Série Perigos e Romance IIOnde histórias criam vida. Descubra agora