Capítulo 10

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-Você quer que eu olhe tudo ao redor? –perguntou Jonathan com uma expressão de confusão. –Por quê?

-Porque é preciso. –disse Samantha cruzando os braços.

Ela sabia que devia mantê-lo longe, muito longe enquanto fazia o necessário para aquele homem falar. Já se passaram dois dias sem comida, água e companhia, nada além daquele quarto minúsculo, fechado, cheirando a mofo e podridão, mesmo assim, não cedeu. Por isso decidiu fazer o seu pior, uma parte de si sombria estava agitando-se, querendo isto mais do que tudo, sabendo que poderia se satisfazer jogando toda sua raiva e injustiça do mundo naquele criminoso.

Jonathan e ela revessava a noite para ficar de olho, ou dormia na carruagem ou ficava sentado esperando que ele decidisse falar.

-Não vou deixá-la sozinha com ele. –disse indicando a porta fechada.

-Ele está amarrado e fraco. –respondeu de onde estava encostada na parede.

-Mesmo assim. –resmungou.

Ela o olhou, parecendo preocupado, mas ao mesmo tempo indignado devido onde foram parar. Jonathan era filho de um conde, não deveria se ver nessas confusões de crimes, corrupção e assassinatos. Muito menos ela sendo uma lady, mas não se via assim há anos e sabia que jamais chegaria realmente a ser uma.

-Então eu faço a varredura. –disse indo até a porta.

-Nem pensar. –ele falou, alcançando a passadas largas. –É perigoso demais.

-Não é. –respondeu. –É só olhar tudo.

-Demora horas.

Exatamente.

-Alguém ter que ir olhar.

-Não posso deixá-la sozinha e nem ir sozinha. –falou fazendo uma careta.

-Eu não sou indefesa. –disse com um tom rude. –Não preciso da sua proteção.

Ele ficou magoado, isso foi óbvio, mas se fosse preciso isso, ela faria.

-Posso me cuidar sozinha.

-Que droga, eu sei. –resmungou passando a mão pelo cabelo, deixando desajeitado. –Está bem, eu vou olhar tudo.

Ela teria suspirado de alívio se isso não a entregasse.

-Vou tentar ser o mais rápido possível. –disse.

Assim que ele se foi, ela cortou uma parte do vestido e deixou em cima da mesa, se dirigiu para a porta e a abriu, pronta para mostrar ao homem seus próprios demônios.

Gritos de agonia era a única forma de descrever o que saia pela boca do homem enquanto ela torcia o braço com força para trás, até ouvir o estalo do osso quebrando. Seu vestido de musselina azul clara estava completamente manchado de sangue, mostrando que até algo imaculado pode ser manchado.

-Eu falo! –gritou de repente. –Eu falo, só pare com isso!

Ela agradeceu, limpando o rosto antes de poder ficar na frente dele. Já havia feito isso, mas ninguém tinha durado tanto tempo, isso acabou com a mente dela.

-Comece a falar. –ordenou com o pedaço de madeira afiado apontado para o rosto contorcido de dor.

Assim, ele desatou a falar, um tornado de palavras de segredos e mentiras ditas na realeza. Para acabar e pegar a pessoa responsável por isso teria que colocar seu próprio pescoço na corda.

Lady Detetive - Série Perigos e Romance IIOnde histórias criam vida. Descubra agora