Estava acostumada a viver com Evelyn e Gisele em sua casa, entrando e saindo do quarto de modo inconveniente, ajudando com as roupas masculinas, lhe dizendo o que fazer quando uma dama tenta ser atrevida, dizendo o tipo de elogio que deveria fazer á outra mulher que a deixaria feliz. Gisele até ensinou como ser galanteador, mas na propriedade dos Wright, havia uma criada que a ajudava a colocar o vestido. Ela usava ás vezes dentro do próprio apartamento para lembrar a si mesma que ainda era uma mulher, mas jamais saíra daquela forma. Somente uma única vez durante a investigação, pois precisava que ninguém soubesse que era um detetive, então entrou como uma mulher, mas saiu como homem. Fora um sucesso de primeira a investigação.
-Ai! –disse ao sentir uma agulha espetar seu quadril.
-Senhorita, por favor, fique mais quieta. –disse gentil.
Para colocar as roupas do dia a dia era sempre rápido e fácil, mas vestidos, principalmente aqueles que precisam ser ajustados, demorava séculos. A criada, chamada Susan, uma mulher de idade, muito gentil, mas claramente durona, quis pessoalmente cuidar dela e disse que já que os vestido de Lady Helena, irmã do Wright, ficara muito justo, resolveu pegar os vestidos da condessa, a mãe dele. Não sabia o que era pior.
Samantha era ótima como homem, mas como mulher? Ah, ela sentia o desastre se aproximando.
-Com licença. –disse a voz de Wright entrando sem nem ao menos bater.
Bem, ela pensou, ele era o dono.
-Senhor Wright. –cumprimentou Susan.
Ela o viu franzir a testa.
-Está á quanto tempo em pé? –perguntou diretamente á ela.
-Dez minutos. –responde exato.
-Como sabe? –perguntou Susan.
-Estou contanto. –respondeu olhando pelo espelho.
-É uma jovem peculiar, senhorita. –disse cutucando ela de novo com a agulha.
-Ai!
-Perdão. –sorriu gentil, mas não havia arrependimento no olhar.
-Peculiar? –riu Wright. –Você não faz ideia, Susan.
-Vejo o motivo de se interessar por ela. –disse tranquilamente.
Ambos ficaram em silêncio. Interessar? Por ela? Ele jamais faria isso, mesmo se fosse uma dama respeitável na sociedade. Não era nem um visconde bem visto.
-Susan, eu espero que tenha terminado. –disse Wright.
-Não, milorde. –respondeu ainda ajeitando a cintura.
-Ela não pode ficar muito tempo em pé. –disse se aproximando e estendendo a mão para ela pegar. –Devido ao machucado recente.
Samantha ficou olhando para aquela mão. Ninguém estendia a mão para ela, exatamente ninguém.
-Eu não mordo. –sorriu sedutor.
Ela quis mordê-lo só para ele tirar aquele sorriso do rosto.
-Eu sei. –respondeu forçando um sorriso.
Segurou a mão dele que se apertou em volta da sua, forte, grande e quente. Ele a guiou até a cama, fazendo-a sentar devagar, colocando a mão na barriga para não forçá-la. Era estranho sentir a palma dele esparramada naquele local, pressionando levemente.
-Pronto. –disse. –Nem tente sentar rápido como fez ontem.
Ela se lembrava, aquilo doeu como o diabo, nem teve tempo de disfarçar para ele não ver e desde então fazia questão de ficar perto quando sentava.
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Lady Detetive - Série Perigos e Romance II
RomansaSamantha Holloway é uma detetive disfarçada de homem na alta sociedade, devido ao seu passado trágico ao perder os pais e o irmão gêmeo, Simon, assumiu a identidade dele para que não perdesse tudo que seus pais lhe deixaram. Jonathan Wright é um méd...