Samantha queria segurar o médico e chacoalhar para ele acordar, mas não, mesmo depois de saber o perigo que estavam correndo, ele bateu o pé no chão, exatamente como uma criança e insistiu que continuaria na investigação por sua honra. Honra! Samantha quis rir, mas sabia que só iria arrumar briga com ele. E assim se viu almoçando com ele em uma taverna tranquila e muito mais conservada, além de limpa do que de Clerkenwell.
-Então, o que estava escrito? –perguntou sobre o bilhete enquanto cortava um pedaço da torta.
Ela bebeu o vinho, sentindo o gosto de uva e provavelmente água misturada para durar mais. Reprimiu uma careta.
Pensou no bilhete, havia lido quando ficou enfim sozinha na casa do senhor Barney. Não era muito, mas ainda sim, algo que ajudaria.
-Um casal pode ajudar. –disse simplesmente.
No bilhete, Zander explicou que existia um casal, um homem que serviu a guarda real e a esposa que fora uma criada no castelo onde a família real residia. Ambos estavam na época que Alfie Barney foi demitido. Apesar de velhos atualmente, deveriam ter algumas informações valiosas. O casal era os Browns.
-Vamos até eles? –perguntou limpando a boca com um lenço com as iniciais J.H.W.
-Harry? –perguntou.
-Como?
Ela indicou o lenço e ele olhou.
-Sim. –sorriu.
Jonathan Harry Wright. Não era um nome ruim, pensou e combinava com ele.
-Eu irei. –respondeu pousando o copo na mesa.
-Nós. –repetiu ele.
-Não.
-Por quê? –perguntou e enfiou o último pedaço de torta na boca.
-Eles moram em Kent, em uma propriedade de um marquês. –disse. –Só irei até lá rapidamente e voltarei.
-Vou com você.
-Você tem pacientes para atender. –retrucou.
Ela tentara parecer o tipo de homem canalha que paquera até mesmo as criadas e mesmo assim, o desgraçado continuava do lado dela.
-Na verdade, eu cancelei tudo durante um mês inteiro, dizendo que precisava de uma folga.
Merda. Samantha não queria tantas horas em uma mesma carruagem com ele e ainda se tivessem imprevisto, teriam que parar em hospedagem na estrada, a menos que...
-Se for iremos á cavalo. –disse.
-Cavalo? –perguntou surpreso.
-Sim. –respondeu.
-Por quê?
Ela não queria ter que explicar que tinha pânico de carruagem fechada desde o acidente, por isso só andava em coches abertos pela cidade.
-É mais rápido. –disse o que seria mais lógico.
-Ah, é verdade. –ele coçou o queixo e então sorriu. –Vai ser divertido.
Não, não seria.
*
Dois dias depois Jonathan se viu montado em um cavalo com o detetive em outro do lado, cavalgando pelas estradas á caminho de Kent. Seu pai, o conde, tinha uma propriedade por lá, mas raramente Jonathan ficava no campo, estava sempre focado no trabalho desde que voltará da guerra e preferia a cidade por conta das suas atividades noturnas. Na propriedade, nessa época do ano não deveria ter ninguém, seu irmão mais velho deveria estar em Londres com a família, seu pai odiava o campo e ficava na casa na cidade que ele comprara depois do irmão dele casar, dando privacidade ao casal. Seu pai se tornara um pouco recluso, mas sua mãe vivia fazendo compras em toda Londres e sempre mandava algo para ele, ás vezes botões, coletes e até mesmo livros de romance que ele nunca chegou a ler, mas amava e guardava cada presente dela.
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Lady Detetive - Série Perigos e Romance II
RomanceSamantha Holloway é uma detetive disfarçada de homem na alta sociedade, devido ao seu passado trágico ao perder os pais e o irmão gêmeo, Simon, assumiu a identidade dele para que não perdesse tudo que seus pais lhe deixaram. Jonathan Wright é um méd...