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Shawn Mendes

Ao entrar na cozinha eu vejo uma Camila fardada, preparada para a batalha: ela usa um avental branco e um lenço na cabeça para cobrir seus cabelos. Desinibida e comunicativa ela vai dando as instruções para suas funcionárias e só para de falar quando me vê chegar.

— Ainda não tinha visto esse seu lado — tento segurar o riso, mas é difícil demais não olhar para essa mulher e ficar sério. Ela desperta algo em mim, e parece ser o melhor.

— Que lado? — ela abaixa o rosto e tenta mexer no lenço que cobre seus cabelos, acaba tirando-o e procura agora um reflexo para recolocá-lo.

— Deixa que eu te ajudo. — Vou em sua direção e tomo o lenço de suas mãos. — Assim, mandona, brava, dando ordens — vou comentando enquanto a vejo paralisada em minha frente.

Asseio seus cabelos sedosos devagar para trás das orelhas e ela me entrega um prendedor que eu coloco, sem pressa, tendo tempo o suficiente para encostar meu nariz em sua testa e sentir o cheiro delicado da sua pele.

Novamente o sorriso brota, mas preciso me concentrar.

Coloco o lenço devagar e ela me encara, assustada e surpresa, continua com essa mesma expressão quando termino, mas não me afasto.

— Estou parecendo uma vovó, não é? — ela ri de nervoso. — Deve ter sido por isso que ele me trocou por ela — Camila entorta a boca.

— Você gosta do que faz? — eu pergunto.

— O quê? — ela se mostra surpresa e ao julgar por seu olhar, ofendida. — Eu adoro o que faço. É o que eu sempre quis ser!

Toco seu rosto com os polegares, deixando-os ao lado de seus lábios, o restante da mão entre seu pescoço e nuca.

Olho Camila no fundo dos olhos e me aproximo devagar, enquanto vejo suas pupilas se dilatarem e ela erguer a sobrancelha.

— Você parece uma mulher bem-sucedida e feliz que ama o que faz e se entrega de corpo e alma ao que se propõe. Se um babaca não consegue reconhecer isso, o problema é dele e não seu.

Não sei se Camila me ouviu. Mas ela assente, devagar. Fricciona os dedos em seu pescoço e nuca, onde acabei de soltá-la.

— Não vou te pagar adicional pela bajulação — ela entorta a boca e só falta me bater com uma colher de pau.

— Na verdade você não está me pagando nada — assisto a equipe de sete mulheres correr pela cozinha, fazendo mil serviços em um minuto.— Estou aqui pela diversão.

— E o que tem de tão divertido? — ela bufa, encarando-me nervosa.

Aproximo-me novamente, parece que é a única coisa que a cala. E é exatamente isso o que ocorre. Coloco o dedo polegar no lábio inferior dela e o desço devagar, fazendo-a entreabrir a boca com o leve puxão.

— Mais tarde eu te mostro a diversão — sorrio e me afasto.

— O que tem mais tarde? — ela pergunta preocupada.

— Só faça a sua mágica, senhorita Cabello! — me despeço.

Camila Cabello

Em partes, não sei se trazer Shawn foi uma boa opção.

Ele é sim um apoio moral indispensável, já que não tenho Emma ou Luna aqui, apenas minhas funcionárias que, a todo custo, evito que conversem, senão atrasaremos muitos procedimentos.

Shawn é um excelente suporte, é atencioso e parece que lê o meu pensamento. Quando me encontro perdida pela cozinha, em busca de algo e não lembro o quê e começo a andar em círculos, ele magicamente aparece com o que procuro em mãos. Até parece que conhece o lugar. Mas esse vizinho gostoso e atencioso é mais do que uma tentação; ele é uma distração.

FARCEOnde histórias criam vida. Descubra agora