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Shawn Mendes

Esperei o tempo de Camila para que ela pudesse se recompor. Chorar e desabafar pareceram ter feito muito bem a ela, não a vi com o semblante tão sereno assim desde ontem de manhã.

— Você não vai à mansão Farrah hoje?

— Não. Preciso de um tempo para me recuperar — ela passa os dedos pelo rosto, termina de limpar as lágrimas e começa a ajeitar as coisas na cozinha.

— Ótimo. Se arrume e esteja pronta em vinte minutos — avalio o relógio, pego Nicolas no colo, mas ele se debate para descer.

— Me arrumar para quê? — ouço Camila perguntar atrás de mim.

— Fomigas — Nicolas estende os bracinhos e começa a balançá-los sem parar, conforme vamos saindo da casa de Camila.

— Vamos levar as formigas para casa, filho. Todas elas.


Camila Cabello

Eu não pude acreditar. De verdade.

Eu já havia entendido que para Shawn tudo era mais fácil. Afinal de contas, por ter dinheiro, contatos e influência, ele conseguia tudo o que queria, na hora que queria. Não foi diferente com o jatinho que nos trouxe para Nova York.

Eu nem acreditei!

Quando estávamos sobrevoando o espaço aéreo da minha terra natal, meu coração já bateu diferente.

Claro que Miami possuía um clima mais agradável e limpo que Nova York, mas ali eu sentia que tinha um refúgio impenetrável. Um lugar só meu e que eu poderia descansar a cabeça.

O primeiro momento foi de negação total. Eu não queria vir, não conseguia entender como passar algumas horas aqui poderiam me ajudar...

— Camila?! — minha mãe abriu a porta, afoita e se jogou em meus braços quando me viu.

Antes de chegarmos em minha casa, avisei a Shawn que minha mãe, avó e irmãos, moravam em um lugar modesto no Brooklyn. Um lugar bem diferente dos que ele deve ter frequentado durante a vida. Não havia nada chique, caro e requintado por ali.

Mas haviam quadros cheios de fotos postos na parede, vasos baratos com plantas comuns e janelas que permitiam a entrada de luz, poeira e fumaça da bela e inconfundível Nova York.

— Mamãe! Vem ver quem veio nos visitar! — minha mãe grita para o corredor.

— Aqui eles gritam bastante — preciso pontuar para Shawn.

Ele acena e imediatamente coloca os abafadores de ouvidos no filho, que ainda estava vestido de formiga.

— Não estou vendo as fomigas — Nicolas reclama para o pai.

— Elas devem estar aí, em algum lugar — Shawn se abaixa e começa a explicar ao pequeno alguma coisa.

A minha avó aperta os óculos gigantes contra o rosto e me abraça. Fico sufocada no meio das duas mulheres, Sinu, minha mãe, já não me solta. Está grudada em mim desde o momento em que me viu. E a minha avó Mary, agora, acrescenta o peso para me deixar sem ar.

E quer saber? Não há sensação melhor!

Demoramos incontáveis minutos nesse abraço, choramos juntas e limpamos nossas próprias lágrimas. Shawn e Nicolas assistem a tudo aquilo, quietinhos.

— Como estão as coisas em Miami, filha?

— Estão bem... dentro do possível... tudo vai ficar bem... eu espero...

FARCEOnde histórias criam vida. Descubra agora