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Camila Cabello

Rever a minha família depois de tanto tempo me causou um sentimento inusitado.

Eu estava exausta, pronta para explodir, com cada caco meu jogado no chão. E simplesmente ao ver a minha mãe, eu me senti bem e consolada. Seu abraço foi libertador e quando ela passava as mãos em minhas costas, era como se ela limpasse toda a sujeira e arrancasse todo o peso desnecessário que eu não precisava mais.

Me questionei durante a viagem de ida se havia feito a escolha certa ao ceder à pressão de Shawn. E, sim, foi uma escolha mais do que adequada.

Assim que a minha mãe e avó ficaram prontas e ligaram para Joshua e Wilker, meus irmãos, Shawn chamou um carro e nos levou para passear em Nova York.

Fomos em pontos turísticos que a minha avó disse que sequer conhecia! E olha que ela nasceu aqui! E comemos bastante, rimos bastante e até fizemos algumas comprinhas.

Quando Joshua e Wilker vieram ao nosso encontro, apresentei Shawn e Nicolas e expliquei que eles poderiam ir para Miami hoje e voltar amanhã bem cedo, para trabalhar. E como bons nova-iorquinos, eles se perguntaram: por que não?

Jantamos em um restaurante finérrimo chamado Magnum Imperium ̧ Shawn praticamente fechou o lugar para nós.

E após esse dia agitado, mas nada cansativo, fomos para Miami.

A minha avó e minha mãe precisaram tomar remédio para dormir, porque só de entrar na aeronave elas começaram a ter um treco. Wilker e Joshua, entretanto, curtiram a viagem, as bebidas, os petiscos e não pararam de se perguntar se tudo aquilo era real mesmo.

Como a poltrona ao lado de Shawn estava desocupada, já que Nicolas estava dormindo em seu colo, eu me sentei ali.

— Obrigada por hoje — falei baixinho, para não perturbar o Nicolas, mas como ele estava com os abafadores no ouvido, acho que não se importaria de jeito nenhum.

— Não foi nada — falou com suavidade.

— Foi sim. Significou muito para mim. Eu não fazia ideia que... ao vir para cá eu recarregaria um pouco da minha energia para seguir nesse casamento... e no trabalho... e na vida — suspiro.

— Sei como é — Shawn trocou Nicolas de lado para poder se virar em minha direção.

O silêncio entre nós falou alguma coisa.

Algo muito acalentador, certamente, porque senti meu coração mais quente. E precisei massagear as bochechas para impedi-las de enrubescer.

— Às vezes tudo o que precisamos é nos afastar, dar um tempo do que nos está afligindo e olhar a situação por outro ângulo. Sei que agora você vai conseguir.

— Uhum.

— Por que você não veio ver sua família antes?

— São várias as razões, Shawn...

— Ainda bem que a viagem ainda vai demorar uma hora; acha que é tempo o suficiente para me dizer?

Entortei a boca e depois mordisquei o lábio inferior.

— Não quero te sobrecarregar com os meus problemas.

— Eu sou mais forte do que aparento — ele pisca para mim. Esse maldito não cansa de ser charmoso.

Após um longo suspiro e a insistência do olhar dele, decido dizer:

— Eu fui para Miami com um sonho. E não queria voltar para casa sem ter vencido nele.

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