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Shawn Mendes

Camila e eu passamos a noite anterior conversando coisas triviais – o que eu realmente detesto, mas tudo o que ela dizia parecia ser interessante. Quando percebi, estávamos caindo de sono e eu a convidei para passar a noite, mas ela preferiu voltar para casa. Tudo bem. Eu a levei até a porta e ainda a vi uma última vez pela janela do meu quarto, acenei, apaguei as luzes e fui dormir.

O dia seguinte começou agitado. Pedi que Jacob entrevistasse as melhores pedagogas de Miami. Afinal de contas, quem melhor que ele, o CEO Jacob, praticamente um inquisidor católico, para interrogar mulheres sobre seu conhecimento e formação? Desconheço alguém mais apto.

Deixei Nicolas com Jacob, que o levou para sua empresa e fui com Mila para a mansão dos Farrah.

Fiquei surpreso ao perceber que tudo parecia adiantado por ali e desde cedo muita gente estava naquele lugar. Até porque, comida de graça, naquele ambiente agradável, era realmente um chamariz. A cozinha já tinha pegado o pique e Camila não precisava mais se estressar com nada. Ainda assim ela ajudava as meninas, não tinha medo de ir pegar no pesado, carregar saco de farinha, até, e ainda assim, continuar com um grande sorriso no rosto.

Fiquei o tempo todo na passagem entre a cozinha e o salão, até que uma conhecida esbarrou em mim.

— Shawn! De todos os lugares do mundo em que poderíamos nos encontrar, esse era o último da minha lista! — Gabriela jogou os cabelos para trás e sorriu do jeito indecente que sabia fazer.

— O banheiro fica do outro lado, aqui é a cozinha — aponto para a direção dos sanitários.

— Na verdade eu vim pegar mais dessa geleia. É sério que foi feita aqui? Não é industrial? Eu estou... nas nuvens!

— Ah. É, foi feita aqui, sim — perco o foco e volto a olhar Camila trabalhar.

— E o que você está fazendo na cozinha? Nem sabia que você tinha coragem de voltar para a mansão.

— A minha irmã está se casando e a minha mãe ainda mora aqui — informo.

— Eu sei. Mas do jeito que o seu pai te expulsou...

Seguro Gabriela pelo braço e a tiro dali imediatamente. Ela me indica onde está sentada e eu a levo.

— A minha geleia! — ela reclama.

Pego o primeiro garçom que passa por nós e ordeno que não demore um minuto até trazer o pote todo de geleia, para que eu mesmo enfie na goela dela. O pote. Inteiro.

— Qual o seu problema, Gabriela?

— Eu só quero a minha geleia! — ela se senta e coloca o guardanapo no colo.

— Você? Indo na cozinha? Qual é... — reviro os olhos.

— Algum problema? — ouço a voz de Sabrina e me viro para ela.

— Nenhum problema. E... wow, você está muito linda! — toco em seu colar de pérolas e seus brincos de diamante.

Sabrina me abraça com demora e puxa uma cadeira para se sentar. Eu sei que deveria retornar para a cozinha, para ficar longe dos holofotes, mas pelo olhar e insistência dela, acabo me sentando.

— Pelo visto, se reencontraram...

— Sim — Gabriela anui.

— Infelizmente — balbucio e fico atento, olhando ao redor.

A mesa está cheia de mulheres e nenhuma delas me é desconhecida. E todas me encaram como se eu fosse o próprio café da manhã servido em suas bandejas.

FARCEOnde histórias criam vida. Descubra agora