Capítulo 1 - Marco Zero

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Após arrumar a casa, lavar os banheiros e passar roupas pela manhã, Samuel sai de tarde com seu irmão mais novo, João, vendendo amendoins torrados para ajudar sua mãe

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Após arrumar a casa, lavar os banheiros e passar roupas pela manhã, Samuel sai de tarde com seu irmão mais novo, João, vendendo amendoins torrados para ajudar sua mãe. Eles carregam as coisas pelos bairros mais próximos debaixo de um sol escaldante, como só os baianos conhecem. João está sofrendo mais com a temperatura, por ser mais frágil e novo e pede:

— Vamos parar pra descansar um pouco maninho!

— Você está bem?

— Estou. Só preciso respirar um pouco!

— Vamos entrar naquele bar. Deve estar mais fresco lá dentro.

— Tá legal.

O estabelecimento está vazio e eles ouvem às notícias pela televisão que há ali. A repórter fala sobre a barragem que cedeu devido as fortes chuvas e devastou uma cidade inteira. Samuel abre sua mochilinha e entrega sua garrafa de água para matar a sede do seu irmão.

— Não vai querer, irmãozão?

— Não. Estou bem.

Um dos clientes do bar observa as duas crianças paradas ali. Este senhor sentado do lado de fora com um copo de cerveja na mão pergunta para Samuel:

— O que vocês têm aí na sacola meninos?

— Amendoim torrado senhor.

— Gostaria de provar um pouco? – sugere João.

— Acho que cairia bem com minha 'loura'. Vou querer um cone desses aí!

— Aqui está. Muito obrigado! – agradece Samuel.

Quando se afastam, João, curioso pergunta:

— Bem, o que um coroa dessa idade faz bebendo a essa hora?

— Adultos são estranhos, João. Talvez ele não tenha emprego ou vai que seja aposentado, sei lá...

— Tá bom.

Quando iam saindo do bar, o senhor faz um gesto, chamando-os e pede mais um cone.

— Diga meu jovem, quantos anos você tem?

— Dezessete.

— O seu pai já lhe deixou provar o gostinho da cerveja?

— O meu pai foi embora e nos abandonou. – responde cabisbaixo.

O velho homem não evita de continuar perguntando:

— Quanto tempo faz? – mastiga os grãos.

— Eu era criança e o João bem pequeno... – fala sem querer se recordar das coisas.

— Pequeno ele ainda é! – rir-se o homem.

— Isso faz alguns anos, nem me lembro quanto tempo. – diz João.

Laços mais fortes que o tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora