Depois de Tarcísio escutar tudo que o policial conversou com sua esposa, ele e Roberta pegaram o carro e foram procurar por Samuel, deixando Rute de companhia para Rita.
Clara Campos está assustada e muito preocupada com o seu irmão. A notícia da morte do seu pai biológico deve ter deixado-o muito aborrecido e decepcionado.
— Samuel o que você vai fazer? Deixa isso aí. Solta essa barra!
Ele vai até um carro caindo aos pedaços e começa a destruí-lo ainda mais.
— Você está maluco? Pare com isso!
— O meu pai morreu! Estava morto esse tempo todo! – deixa a barra cair de sua mão.
— Vem cá! – o chama para perto, mas ele recua.
— Era por isso que eu nunca consegui achar ele! – morde os lábios de tanta raiva. Quando ele limpa a lágrima dos olhos com o antebraço, ela o agarra e o aperta contra seu peito.
Samuel se joga no chão e diz:
— Se meu pai não tivesse nos abandonado não teríamos passado por tantas dificuldades, eu e o João não precisaríamos vender essas porcarias de amendoins e meu irmão ainda estaria aqui!
— Calma meu irmão. Coloque para fora sua dor, não guarde isso não. Pode chorar, eu estou aqui!
— Obrigado, muito mesmo irmã! – ela o ajuda a se levantar.
— Eu lamento mesmo pelo que aconteceu. Torcia para que você o achasse...
Rubens avista seu sobrinho da janela do escritório e vai até eles.
— Eu só queria saber o que fizemos para ele nos odiar. Porque nos deixou pra trás...
— Samuel, sua mãe me ligou agora e me disse o que aconteceu. É terrível mesmo!
— Talvez Clara eu possa saber, eu preciso saber! – seu tio não entende o que ele está dizendo.
— Vamo Samuel qual a última vez em que eu estive com meu pai? Eu tenho que me lembrar! – dizia para si mesmo.
Samuel se lembrou da conversa com seu irmão na praça de alimentação, quando ele lhe disse:
— Você estava roncando e ele disse: "Eu não posso mais ficar aqui. Talvez algum dia você e seu irmão entendam. Me prometa que não vai se tornar um rebelde, vai sempre obedecer sua mãe e que não vai tentar vir atrás de mim".
— Eu preciso rever o meu pai!
As coisas começaram a ficar trêmulas e perderem a forma. As vozes dos seus parentes não mais o alcançavam. Um zumbido forte machucava seus ouvidos e seu coração palpitava forte. As veias do pescoço ficaram inchadas e sua garganta secava mais e mais. Todos os seus músculos se enrijeceram e ele estava tenso e enrijecido.
— Ai meu Deus o que vamos fazer? – perguntou Rubens.
— Vamos dar espaço para ele. Deixe-o respirar tio.
— Mas ele está passando mal.
— Está tudo bem. Confie em mim!
Samuel parou de sofrer de uma hora para outra e estava gelado. Ele olhou ao redor e seu irmão estava do seu lado. Ele estava coberto e deitado e se levantou correndo.
— O quê? Ele não está aqui? – se perguntou confuso.
— Irmão, aonde você vai?
— Dorme aí João! – correu atrás do seu pai verdadeiro.
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Laços mais fortes que o tempo
Science FictionUm trágico acidenta ceifa a vida do irmão caçula de Samuel, João Cavalcante. Algum tempo depois, ele descobre que tem um dom único, voltar ao passado no bom estilo 'efeito borboleta'. O adolescente lança-se em uma empreitada para tentar mudar o pass...