Capítulo 12 - Tempestade.

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Depois de Tarcísio escutar tudo que o policial conversou com sua esposa, ele e Roberta pegaram o carro e foram procurar por Samuel, deixando Rute de companhia para Rita.

Clara Campos está assustada e muito preocupada com o seu irmão. A notícia da morte do seu pai biológico deve ter deixado-o muito aborrecido e decepcionado.

— Samuel o que você vai fazer? Deixa isso aí. Solta essa barra!

Ele vai até um carro caindo aos pedaços e começa a destruí-lo ainda mais.

— Você está maluco? Pare com isso!

— O meu pai morreu! Estava morto esse tempo todo! – deixa a barra cair de sua mão.

— Vem cá! – o chama para perto, mas ele recua.

— Era por isso que eu nunca consegui achar ele! – morde os lábios de tanta raiva. Quando ele limpa a lágrima dos olhos com o antebraço, ela o agarra e o aperta contra seu peito.

Samuel se joga no chão e diz:

— Se meu pai não tivesse nos abandonado não teríamos passado por tantas dificuldades, eu e o João não precisaríamos vender essas porcarias de amendoins e meu irmão ainda estaria aqui!

— Calma meu irmão. Coloque para fora sua dor, não guarde isso não. Pode chorar, eu estou aqui!

— Obrigado, muito mesmo irmã! – ela o ajuda a se levantar.

— Eu lamento mesmo pelo que aconteceu. Torcia para que você o achasse...

Rubens avista seu sobrinho da janela do escritório e vai até eles.

— Eu só queria saber o que fizemos para ele nos odiar. Porque nos deixou pra trás...

— Samuel, sua mãe me ligou agora e me disse o que aconteceu. É terrível mesmo!

— Talvez Clara eu possa saber, eu preciso saber! – seu tio não entende o que ele está dizendo.

— Vamo Samuel qual a última vez em que eu estive com meu pai? Eu tenho que me lembrar! – dizia para si mesmo.

Samuel se lembrou da conversa com seu irmão na praça de alimentação, quando ele lhe disse:

— Você estava roncando e ele disse: "Eu não posso mais ficar aqui. Talvez algum dia você e seu irmão entendam. Me prometa que não vai se tornar um rebelde, vai sempre obedecer sua mãe e que não vai tentar vir atrás de mim".

— Eu preciso rever o meu pai!

As coisas começaram a ficar trêmulas e perderem a forma. As vozes dos seus parentes não mais o alcançavam. Um zumbido forte machucava seus ouvidos e seu coração palpitava forte. As veias do pescoço ficaram inchadas e sua garganta secava mais e mais. Todos os seus músculos se enrijeceram e ele estava tenso e enrijecido.

— Ai meu Deus o que vamos fazer? – perguntou Rubens.

— Vamos dar espaço para ele. Deixe-o respirar tio.

— Mas ele está passando mal.

— Está tudo bem. Confie em mim!


Samuel parou de sofrer de uma hora para outra e estava gelado. Ele olhou ao redor e seu irmão estava do seu lado. Ele estava coberto e deitado e se levantou correndo.

— O quê? Ele não está aqui? – se perguntou confuso.

— Irmão, aonde você vai?

— Dorme aí João! – correu atrás do seu pai verdadeiro.

Laços mais fortes que o tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora