Capítulo 6 - Consulta ao psiquiatra.

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No dia seguinte, Samuel foi levado até o psiquiatra por sua mãe, que o recebeu para uma consulta individual enquanto ela aguardava do lado de fora. O consultório possuía uma poltrona macia e tudo ali era equilibrado. Samuel estava relaxada desde que sentou-se e ficou reclinado na poltrona aconchegante de couro.

— Seja bem vindo, Samuel Dias Cavalcante. Eu me chamo Dr. Philipe, fique à vontade para falar.

O adolescente não parece interessado em dialogar livremente, então o doutor começa a lhe fazer perguntas:

— Por que o senhor acha que sua mãe o trouxe até aqui?

— Falar sobre o quê?

Nenhuma resposta; o jovem apenas olha para uma direção.

— Gostaria de falar sobre o incêndio da sua casa?

— Não. Se você sabe de tudo que aconteceu...

— Eu sei apenas do problema. Gostaria de entender melhor a situação. Não precisa ficar com medo.

— Eu não estou com medo. O incêndio foi um acidente.

— Não pensou em queimar a casa e se matar nas chamas?

— Não sou doente. Já disse que foi um acidente. – suspira.

— Tudo bem. Como aconteceu? – diz em tom paternal.

— Eu estava perturbado. Não aguentava ficar ali e precisei sair. Não estava no meu normal, só saí. Quando voltei, a casa não estava mais lá e talvez eu nem estivesse também.

— Por quê?

— Um ladrão apontou uma arma pra mim e pediu meu celular?

— E?

— Eu o encarei. Não dei, não.

— Sabe que correu um grande risco?

— Eu sei. Mas não podia perder o único registro das fotos do meu irmão. Estava acima de qualquer coisa!

— Até da sua vida? – um silêncio penetra o ambiente.

— Eu sei que dizem pra não reagir, mas eu senti um lance estranho e segui meu instinto.

— E se estivesse errado?

— Acho que não estaríamos tendo essa conversa.

— Costuma colocar sua vida em perigo?

— É, eu gosto do perigo.

— Desde quando age assim?

— Não sei. Sou desse jeito.

— Acha que isso piorou após a morte do seu irmão?

— Não. Eu tô legal.

— Acredita mesmo nisso?

— Acho que sim.

— Como era a amizade de vocês?

— Muito forte. Ele era meu melhor amigo. Fazíamos tudo juntos, sempre inseparáveis!

— Você disse que antes estava perturbado. Pelo quê?

— Como é o relacionamento com seus pais?

— Não sei descrever.

— Sente a falta do pai biológico?

— Claro que sim. Ele tinha seus problemas, mas era um pai muito melhor, que nos amava de coração. Como minha mãe nunca vai conseguir!

Laços mais fortes que o tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora