Capítulo 3.1 (Complemento)

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— Obrigado. Eu não tenho experiência com isso. Pode me explicar o que fazer? – solicita Tarcísio.

— Claro que posso. Na agência, vocês receberão as orientações sobre a contratação das homenagens e sepultamentos e darão todas as informações do falecido para que sejam feitos os trâmites de cartório e seja lavrada a certidão de óbito.

— Entendemos.

— Eu quero ver o meu filho! – implorou Rita.

— Poderão ver seu filho depois que o IML liberar o corpo. Não deve demorar. Depois de resolvida toda essa parte burocrática, devem se dirigir ao local onde está o corpo para acompanhar o traslado.

— Eu não admito isso. O meu filho estava tão bem hoje. Não pode estar acontecendo! Por que logo o meu João?

— Calma mãe! Deixe o papai conversar com a moça... – a abraça mais uma vez.

— Me diga uma coisa Jamile: quais documentos vamos precisar pra fazer a certidão de óbito?

— Certidão de nascimento, Carteira de Identidade e CPF. É importante a apresentação de todos os documentos que eu falei para que a certidão de óbito seja totalmente preenchida, facilitando, assim, quaisquer providências que precisem ser tomadas pela família após o falecimento.

— Certo.

— Vou explicar melhor... Em posse dos documentos do falecido e da declaração de óbito, a família... Quando digo a família basta ser uma pessoa, deve entrar em contato com a funerária que cuidará dos seus serviços e para o cemitério, e tomar as providências necessárias para o sepultamento junto ao cemitério, como por exemplo, a compra de um túmulo, caso a família ainda não possua um jazigo.

— A minha família já tem um jazigo perpétuo.

— Isso é muito bom senhor Tarcísio. Ao receber a declaração de óbito, confira atentamente todas as informações e caso haja algum dado incorreto, peça a retificação imediatamente. Qualquer alteração numa declaração de óbito só pode ser feita em até 24 horas após o falecimento.

— Eu não posso ficar aqui dentro. Estou passando mal! – engasga Rita.

— Enfermeira! Cuide dela, por favor!

— Eu vou lá fora ficar com ela! – perdendo completamente a atenção.

— Vá, mas a deixe chorar!

— Tá!


O ortopedista pediu um exame de raios-x para engessar a perna de Samuel e conversou rapidamente com a família. Depois disso, o adolescente recebeu alta e a família o levou para casa. Ao chegarem lá, Samuel saltitou com a muleta até seu quarto e se jogou na cama.

— Vou trazer algo para você comer! – gritou Clara.

— Eu não vou dormir agora, pode trazer!

— Andar com essa coisa é tão cansativo... – suspira.

Samuel pensa:

— A Clara não é tão legal comigo... Tem alguma coisa aí.

Clara coloca um pouco de comida no forno para esquentar, bebe um pouco de água e leva ao quarto do irmão.

Curioso ao ver sua meia irmã, Samuel pergunta diretamente:

— Posso perguntar uma coisa? – não dá tempo para ela responder. — O que aconteceu com o João?

— Eu não sei.

— Quando ele vem pra casa?

— Samuel, coma e descansa, tá legal? Não posso conversar agora, tenho uma prova pra estudar. – ela segura o choro.

— Que estranho. Não escuto eles falarem do João. Sobre o que meus pais estão conversando? - observa.

Laços mais fortes que o tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora