Capítulo 9 - Família.

5 2 0
                                    


A família conversava enquanto assistia o noticiário:

— Que azar. Coitado do viúvo! – comenta Tarcísio.

— Foi muito triste aquele acidente. Não sei se foi culpa do cara. Dizem que foi uma falha em uma peça do carro. – opinou Rubens.

Tarcísio comenta:

— Que nada. O idiota devia ter feito uma revisão. Foi por causa dele que toda essa porcaria aconteceu! – ao perceberem que Samuel estava ali mudaram de assunto.

— E o futebol? – pergunta Rubens.

— Esse time lixo só faz me envergonhar, não ganha nem pro lanterna!

— Vai cair!

Tarcísio fala:

— Junto com o seu. Aquela porcaria que está a dez jogos sem ganhar de ninguém! – ambos riem. — Filho, amanhã vamos fazer alguns exames de sangue!

— Tá bem papai.

Samuel vai até a varanda e vê sua meia irmã recostada:

— Clara, você se lembra da última vez em que eu quebrei minha perna?

— Eu nunca vi você com a perna quebrada. Só se isso foi antes de nossos pais se conhecerem.

— Sei... – suspira e pensa em algum outro assunto para continuar a conversa.

— Muito estranho isso. Nem a Clara se lembra, como pode ser verdade? Será que eu estava sonhando antes? – imaginava.

— Você queria fraturar um osso é? – ela pergunta curiosa.

— Não mesmo! É muito ruim.

— Talvez, mas depois você consegue dobrar aquela junta por alguns milímetros para trás, veja só o meu braço! – dobra o cotovelo esquerdo para trás.

— Que esquisito!

— Ah, eu gosto...

— Eu fui atropelado uma vez e me lembro como se fosse ontem.

— E aí?

— Quebrei a perna e fiquei de muleta.

— Muleta é muito chato. Aquilo cansa demais!

— É verdade. Posso te contar um segredo?

— Claro.

— Eu acho que estou ficando maluco...

Clara arregala os olhos e presta bastante atenção no que seu meio irmão tem a dizer.

— Por quê? Ateou fogo na casa de propósito? Está pensando em suicídio? – pergunta preocupada.

— Não, não!

— Então não pirou de vez ainda. – brinca.

— É que eu estou vendo umas coisas muito estranhas quando durmo e quando acordo parece que está tudo diferente.

— Como assim?

Ela imagina:

— Talvez ele esteja começando a desenvolver ezquizofrenia.

— Você vê coisas que não são reais?

— Acho que sim.

— Como são essas coisas? Abstratas?

— Não. Eu me vejo no passado. Mas se eu faço qualquer coisa diferente daí as coisas acontecem diferente...

— Talvez seja apenas imaginação Samuel.

Laços mais fortes que o tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora