Capítulo 10 - O professor Anderson

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Samuel é convidado a se sentar e lhe é servido com um copo de chá. Depois de uma rápida apresentação e introdução, o Doutor Anderson solicita:

— Eu ouvi um breve resumo da Clara, poderia me dizer como você está se sentindo?

— Um pouco estranho. Sem saber diferenciar o mundo dos sonhos do mundo real.

— Seus sonhos parecem reais ou você vê coisas que não existem?

— A primeira opção.

— Com o que você sonha?

— Com um mundo em que meu irmão está vivo.

— E o que acontece nesse mundo? Ele é igual ao nosso mundo?

— É um espelho. Eu estou nas suas horas finais de vida até que acontece o acidente.

— Então é sempre o mesmo sonho?

— Não exatamente. São bem parecidos, mas mudam se eu fizer alguma coisa diferente.

— Interessante. O que acha que está acontecendo?

— Eu não sei. Deve ser algum trauma que fica repetindo aquele dia em minha cabeça.

— Ouviu falar na teoria do caos?

— Não. O que é?

— Ela diz que atitudes diferentes podem gerar reações diferentes. Vou citar um exemplo: um carro na estrada molhada está atrás de um caminhão; na primeira situação, o motorista está apressado e força uma ultrapassagem perigosa e na segunda ele segue atrás do caminhoneiro pacientemente; no primeiro caso, ele sofre um acidente e morre por causa de sua decisão apressada, enquanto que no segundo, chega em segurança ao seu destino.

— Estou sacando...

— Segundo a teoria do caos, até o bater de asas de uma borboleta pode gerar reações diferentes do outro lado do mundo.

— Isso parece coisa de filme.

— É bem usado no cinema mesmo... Sabe por que eu te contei isso?

— Não faço ideia.

— Eu já fui como você no passado.

— Teve esse problema?

— Eu não chamaria de problema. É uma bênção ser especial. Você é uma pessoa rara!

— E o que é isso?

O professor muda o tom de voz, olha sério para Samuel e diz:

— Você nasceu com um dom que existe em aproximadamente uma pessoa em cem milhões. Você pode viajar no seu próprio tempo de vida.

— Isso é muita loucura! Não existe de verdade!

— E acha que sonhos podem mudar a realidade por acaso?

— Sei que isso também não parece fazer sentido...

— Você começou a ter essas alucinações quando?

— Poucos dias atrás.

— Está recente ainda... Tem desmaios vez por outra e sente fortes dores de cabeça?

— Como sabe?

— Não disse antes? Eu era um viajante do tempo. – balança os pés um pouco.

— Não viaja mais?

— Não consigo mais. – observa o relógio.

— É temporário?

— A ciência não sabe quase nada sobre isso ainda... Em algum momento, perdi essa capacidade...

Laços mais fortes que o tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora