Jovem misterioso sai de esgoto em Ruston, Louisiana.
-"Que ótimo..."- disse Melissa enquanto mexia em seu computador e se deparou com a notícia-"Viramos atração internacional, como um grande massacre, ou uma guerra nuclear. Estamos em todos os jornais do mundo.
-"Internacional? Quer dizer, para fora da America?"- perguntou Bill.
-"Exato. Não sei até quando isso vai durar, mas espero que essa histeria passe logo."- a voz da mãe de Melissa chegou meio baixa e abafada em seus ouvidos.
-"O almoço está pronto!"-os dois desceram para a cozinha e sentaram em seus respectivos lugares. Enquanto Melissa devorava seu almoço, Bill aparentemente não estava muito afim de comer pois brincava com suas batatas fritas no prato. Ema percebeu:
-"O que houve com ele?"- disse Ema, cochichando para Melissa.
-"Ah, é que ele ainda não se acostumou muito com a casa, é tudo muito novo. Não se preocupe, ele vai ficar bem."- disse Melissa com um sorriso. Mas sabia que o motivo não era esse, não tirava seus pensamentos do outro dia na rua.
E assim seguiu por alguns dias, era difícil animar Bill à sair ou fazer algo mais animado, já que Melissa sempre inventava algo novo para os dois fazerem. Mas Bill sempre ficava no quarto escrevendo ou desenhando (geralmente seus desenhos eram lindos, simples porém lindos. E seus poemas eram melhores ainda.)-"Sinto falta dos meus irmãos."- disse Bill enquanto coliria um palhaço sorridente. Melissa levantou o olhar para o maior o encarando.
-"Como eles eram?"
-"Bem, eles provavelmente já devem ter mudado bastante desde o dia em que eu me mudei, mas eu sempre os achei bem parecidos comigo, quero dizer, mais ou menos. O mais velho é bem alto, loiro e bem sério, se chama Alexander. O do meio é mais baixinho e bem brincalhão, esse é o Valter. Lembro que tiravamos Alex do sério. Era divertido."- Melissa sorriu ao imaginar a cena.-"Não tenho certeza se ainda estão vivos."- a garota estranhou.
-"Como assim 'ainda'?"
-"É que minha família tem um detalhe, huh, excêntrico. Herdamos um gene 'imortal' do nossos avós."- disse Bill
-"Imortal? Que incrível! Vocês, então, são como vampiros?"- perguntou Melissa.
-"Não, vampiros não... apenas vivemos por mais tempo que um humano normal. Eu não tenho certeza se eu tenho esse gene também. Papai nunca me disse sobre o meu.- Bill parou o lápis no papel, fazendo uma expressão pensativa, como se tentasse lembrar de algo.-" Sabe, eu realmente não gostaria de ter esse gene. Eu já vivi muito, quero ter minha vida normal agora."
-"Seria interessante ter esse poder. Mas você tem razão."- Melissa levantou do tapete onde estava sentada e pulou na cama, ao lado de Bill.-" É como meu tio Lansky me disse uma vez 'respeite os animais, vá a shows de rock e morra jovem'"- Bill parou e pensou, e em seguida, deu um sorriso de lado soltando uma risada anasalada.
-"Morrer jovem... Acho que posso levar isso para a minha vida, vai ser divertido."
-"Pode me contar mais sobre esse super poder que sua família tem?"- Melissa sorriu docemente.
Vários dias se passaram e Bill continuava a ser muito falado pelo bairro, cada vez menos queria sair de casa para não ser alvo de olhares maldosos e fofocas. Isso preocupava Melissa, não gostava de ver Bill tão para baixo, mas era inevitável. Sempre tentava inventar algo novo para que o animasse pelo menos um pouco, porém pouco funcionava.
O tempo estava passando depressa e Ema estava ficando ainda mais aflita, via como Melissa era apegada à Bill, mas o mesmo não poderia ficar mais na casa. Conversara várias vezes com a garota e sempre tinha a mesma resposta 'só mais alguns dias mãe, por favor', Ema claramente via a tristeza nos olhos de Melissa toda vez que tinham essa conversa, e como era uma mãe muito conpreensiva, fazia as vontades da filha. Mas o limite já estava se esgotando.
O que nem Melissa, nem Ema sabiam é que as coisas estavam prestes a mudar drasticamente. Tudo começou com um telefonema.Era sábado, Melissa e Bill brincavam com o cachorro do lado de fora da casa e Ema não estava, havia ido para o yoga. Bill lançava diversas vezes a bolinha favorita de Darwin para longe, e o mesmo ia buscar com muita empolgação. Já Melissa se cansou de correr pelo jardim e se sentou na grama observando os dois brincarem entre risadas e latidos. Após um tempo, Bill também se cansou e se sentou ao lado de Melissa, que admirava o céu cheio de nuvens:
-"O que tanto olha?"- perguntou Bill, olhando para cima também.
-"Nunca parou para reparar no formato das nuvens? Algumas tem forma de animais e coisas."- disse Melissa.
-" Acho que não."- disse Bill, se concentrando em uma certa nuvem, tentando ver alguma coisa.-" Como se faz isso?"
-"É simples. É só olhar para uma nuvem e imaginar que forma ela tem. Use sua imaginação mais infantil."- e Bill o fez. Ficaram um tempo em silêncio até que Melissa comentou-"Aquela parece um coelho."
-"O que acha daquela? Parece um sorvete de casquinha."- disse Bill.
-"Bem, se parece mesmo! Bom trabalho."- disse a garota, tirando um sorriso satisfeito do mais alto.
Então, o silêncio retornou. Ouvia-se apenas o vento farfalhar as folhas das árvores, fazendo outras se soltarem e caírem no chão. O tempo não estava frio nem quente, estava perfeito para um passeio no parque, mas Bill não podia sair, então brincar na parte de trás da casa parecia melhor.-"Acha que um dia eu vou encontrar uma família?"- disse Bill repentinamente, sem tirar os olhos das nuvens. Melissa se virou o encarando. Seus olhos verdes brilhavam de um jeito tão bonito que a garota até se perdeu nas palavras.
-"Desculpa, o que disse?"
-"Se um dia vou achar uma família... Quer dizer, eu já sou adulto, as coisas são mais complicadas."
-"É claro que vai, Bill. Tenho certeza. Mas sabe, não deve se esquecer que eu sempre serei sua família. Você sempre terá um lugar aqui, mesmo que um dia você..."- Melissa parou e de repente, seus olhos começaram a marejar.-" Vá embora."
-"Ah não, por favor não chore."- disse Bill em um tom reconfortante.-" E você sempre será a minha família, a minha primeira família durante toda uma vida de horrores. Me salvou, me tirou da escuridão e me deu uma oportunidade de viver de novo. Não me esquecerei de você tão facilmente."- bagunçou os cabelos de Melissa, lhe arrancando um sorriso.-"Sabe, você me lembra meu primeiro amor de infância. Era uma garota do circo, bonita e inteligente como você, éramos muito próximos.
-"Não acho que ela gostasse de você o quanto eu gosto!"- disse brincando, fazendo bico.
-"Não mesmo!"- disse Bill lhe fazendo cócegas. Melissa ouviu o telefone da casa tocar. Se levantou, retirou as folhas de sua blusa e entrou para atender a ligação.
-"Alô?"- disse Melissa, ainda tomada pelo riso.
-"Bill?"- disse a voz do outro lado.-" É você Bill?"- Melissa mudou sua expressão gradativamente, ficando muda. Não sabia o que dizer.
-"Q-quem está falando?"
-"Preciso falar com Bill. É o irmão dele, Alexander."

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Clown sweet clown
Mystery / ThrillerCoisas estranhas andam acontecendo na cidade de Ruston em Louisiana. Crianças misteriosamente somem, sem deixar rastros e isso começa a preocupar e a alertar aos moradores da cidade. Relatos dizem que um palhaço assassino ronda os esgotos de Ruston...