O familiar perdido da mamãe

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Depois que voltei para casa, vi mamãe ao telefone, andando de uma lado para o outro da sala:

-"Uhum... Tudo certo então, obrigada"- e assim desligou.

-"Mamãe?"- chamei-" Com quem estava falando?"

-"Ah, com uma pessoa e tenho uma ótima notícia!"- disse com um sorriso no rosto.

-"O que é?"- fiquei animada e curiosa.

"Vamos viajar amanhã! Para Austin, no Texas."- que demais!

-" Que legal! Mas de uma hora para outra assim?"

-"É que eu recebi uma ligação do meu irmão Louis, ele recente se mudou para lá e quer nos ver. Está tudo pago, podemos ir para lá amanhã já que você não tem aula a semana toda."- logo lembrei que vou ficar longe dos meus amigos, principalmente do Pennywise.

-"Mas... Quato tempo ficaremos lá?"- perguntei, já com meu ânimo se desmanchando aos poucos.

-"Ah, eu acho que uma semana mesmo"

-"O que? É muito tempo, e-eu vou ficar longe dos meus amigos."

-"Conversa por celular..."- eu devia ter dado um celular para o Pennywise, nem que seja pelo menos velho. Mamãe guarda muitos no qurto dela.

-"Mas e o Darwin?

-" Nossa vizinha pode cuidar dele, sabe que ela ama animais."

-"Mas..."

-"Mas nada Melissa, sobe e arruma suas malas, leva somente o necessário"- subi para o meu quarto sem disposição nenhuma, nem parecia que eu ia viajar. Enquanto eu arrumava minhas roupas, imaginei que,depois de fazer minhas malas, pudesse sair e avisar ao Pennywise que iria ficar fora por um tempo, porém já estava muito tarde e mamãe não ia me deixar sair. O jeito era esperar até amanhecer, então eu corro para o esgoto e aviso o meu amigo dançarino que vou ficar fora.
Depois de tudo pronto, fiz uma pequena revisão das coisas que peguei e o que estava faltando... hum... acho que está tudo aqui. Deixei minha mala separada em um canto e peguei meu celular para falar com as meninas:

-" Olá meninas"- enviei ao grupo.

-"Oi Mel"- respondeu Luci.

-"Olá!"- respondeu as outras.

-"Vocês não fazem ideia do que acabou de acontecer..."- disse.

-"O que? Arrumou um namorado? Já estava na hora"- disse Luci enviando vários emojis rindo.

-" 'haha' muito piadista você, Lucille... Você também não tem, a suja falando da mal lavada"- todas as meninas mandaram risadas, menos Luci que enviou uma carinha entediada.-"Enfim, eu vou viajar amanhã e queria que vocês já ficassem sabendo"

-"Ai meu Deus! Jura?"- disse Katy-" Para onde você vai?"

-"Austin, no Texas. Tem um irmão da mamãe que mora lá e vai levar a gente para conhecer"

-"Que demais!"- disse Diane

-" Eu fui para Austin ano passado e é um lugar muito bom"- disse Luci.-"Quanto tempo vai ficar lá?"

-"Uma semana mais ou menos..."

-"Bom, aproveite lá enquanto as aulas não voltam"- disse Katy.

-" Eu vou"- mandei um emoji sorrindo mas por dentro estava meio triste porque ficaria longe do meu amigo. Desci de fininho para a sala, com o objetivo de sair um pouco e ir até o esgoto mas como esperado, mamãe viu e me mandou voltar porque já estava muito tarde. Resultado: fui dormir bem bad, quer dizer, mal consegui pegar no sono. Virava na cama a noite toda tentando achar uma posição confortável mas meu peito estava apertado e parecia que, no lugar do colchão, havia pedras. Até que meus olhos foram se fechando aos poucos, se entregando ao sono... Foi como algo momentâneo, senti como se não fosse o suficiente, meus olhos estavam pesados de mais para abrir, alguém estava batendo na porta do quarto:

-"Melissa! Acorda, daqui a pouco vamos sair."- era a voz da mamãe. Sair? Para onde?... Ah,não... Olhei para o relógio em cima da minha mesinha e marcava quatro e meia da madrugada em um tom de vermelho cegante. Isso é sério?! Quem é que sai para viajar às quatro horas da madrugada... Rasteijei até o banheiro e fiz minhas higienes. Vesti uma roupa de frio e desci para cozinha para tomar café. Até que me deparo com um homem sentado à mesa. Me assustei com a figura e esfreguei os olhos para poder ver se não estava delirando. Ele usava uma calça preta com um cinto, sapato social, uma blusa branca simples e o cabelo penteado para trás. Tatuagens cobriam todo o seu braço direito, uma jaqueta de couro no encosto da cadeira, além de vários anéis de prata nos seus dedos. Era o tipo de cara que a Katy ia adorar.
Assim que me viu, abriu um sorriso sutil:

-"Ema, essa é sua filha?"- perguntou à mamãe que estava o servindo café.

-"É sim, é a Melissa"- respondeu. Me aproximei do homem para comprimenta-lo.

-"Ah você é muito bonita, tem um estilo muito maneiro"- sorri agradecendo.-" Sua mãe já deve ter falado de mim, não é?"

-"Ah sim, um pouco. Louis é seu nome né..."- ainda tentava raciocinar o que estava acontecendo, meu cérebro é mais lento que a Internet de mil novecentos e setenta e cinco.

-" Isso aí! Louis Lansky"

-"Lansky? Nome artístico?"

-"Ah, não, é que eu e Ema somos meio-irmãos, peguei o sobrenome do meu pai"-ele parece ter percebido que eu estou morrendo de sono-" Acordar cedo é um saco, né? Tsc... Tem quase três anos que eu ando viajando por aí e ainda não me acostumei"

-"Eu também não, eu estudo de manhã então..."- sorri fraco.

-"Daqui a uns anos você vai perceber que a escola só serve para criar pessoas ainda mais burras, ensinam coisas tão inúteis que nunca vamos usar. Nunca aprendi a formula de Bhaskara e ganho mais do que vários que sabem de cor..."- se encostou na cadeira com as mãos na nuca. Ri me sentando na mesa, pegando meu café:

-"No que você trabalha?"- perguntei.

-"Vocalista de uma banda indie. Não é lá super famosa mas ganhamos um bom dinheiro fazendo shows"

-"Legal, qual é o nome? Posso pesquisar depois para ouvir"

-" Jura? Se chama 'The Hedgehogs', é algo mais puxado para o indie alternativo"

-" Meu tipo de música... Estou começando a curtir algumas bandas indies atualmente"-  ele viu que ainda estava com sono por causa dos meus movimentos meio lerdos e puxou um pequena garrafa de prata do bolso da jaqueta, algo parecido com compartimento para bebidas alcoólicas, aquelas que vemos em filmes:

-" Não conte a sua mãe..."- sussurrou enquanto tirava a tampa da garrafa reluzente. Assim que ia despejar o líquido no meu café, mamãe chegou tomando de suas mãos:

-"Louis! bebida alcoólica para uma criança?"

-" Não era bebida alcoólica, era um enérgico. Ela ainda está com sono"-disse rindo.

-"Assim que pegarmos a estrada ela vai despertar."- cruzou os braços.

-"Beleza, podemos ir agora"-disse Louis.

-"Melissa vá buscar suas coisas, temos muita estrada pela frente"- peguei minha mala e meu ukulele e os segui até o carro. Colocamos nossas coisas no porta-malas-" Você não tem jeito né Louis"- ele parecia ser daqueles caras bem malandros.

-" Qual é, ela não é criança mais, quantos anos você tem, princesa?"- disse se virando para mim.

-"Dezesseis..."

-"Viu? Minha primeira bebida alcoólica foi aos doze"- entramos no carro e pegamos a estrada. Peguei meus fones e fui escolher uma música para destrair:

-"Aí garota..."- disse Louis, ajeitando o espelho-" Tem alguma música que você gosta de ouvir quando está na estrada?"- um sorriso meio bobo brotou no meu rosto.

-" AC/DC - Highway to hell"- disse tirando os fones.

-" E não é que ela tem bom gosto mesmo"- disse rindo"- Vamos nos dar muito bem Melzinha!"

Clown sweet clownOnde histórias criam vida. Descubra agora